Ano da Vida Consagrada e Indulgência, qual a ligação?


Cidade do Vaticano (RV) – Na sexta-feira (28/11), a Penitenciaria Apostólica divulgou o Decreto Urbis et Orbis que estabelece os pré-requisitos para se obter a Indulgência Plenária por ocasião do Ano da Vida Consagrada, aberto no domingo subsequente. Sobre este tema, a Rádio Vaticano entrevistou o Mons. Krysztof Nykiel, Regente da Penitenciaria Apostólica:

RV: Mons. Nykiel, qual a ligação entre o Ano da Vida Consagrada e as especiais Indulgências concedidas pelo Papa Francisco nesta ocasião?

Mons. Nykiel: “Eu gosto de recordar as palavras do Papa Francisco, que encontrando os seminaristas, os noviços, as noviças no Ano da Fé, em 6 de julho de 2013, disse que “A vida consagrada é a alegria do encontro com Cristo. Não tenham medo de mostrar a alegria de terem respondido ao chamado do Senhor, à sua escolha de amor e de testemunhar o seu Evangelho no serviço à Igreja”. Penso que destas poucas palavras podemos deduzir a ligação entre a vida consagrada e as indulgências, porque a beleza da consagração a Deus consiste justamente em testemunhar a alegria de sentir-se sempre acolhidos e perdoados por um Deus que é Pai, rico em misericórdia. Os consagrados e as consagradas são homens e mulheres que, mesmo com os seus limites e fragilidades humanas, foram olhados, amados, perdoados e chamados a seguir o Senhor no caminho da perfeição evangélica. Por isto, representam para o mundo de hoje um testemunho crível de como a misericórdia de Deus pode mudar para melhor a vida, e dar aquela alegria que o mundo não pode dar”.

RV: Na sua opinião, esta especial concessão da Indulgência durante o Ano da Vida Consagrada como poderá ajudar, sobretudo os fiéis leigos, a aproximarem-se com maior confiança e frequência o Sacramento da Reconciliação?

Mons. Nykiel: “São João Paulo II, na Exortação Apostólica ‘Vida Consagrada’, recordou que: “O primado de Deus  é para a existência humana plenitude de significado e de alegria, porque o homem é feito por Deus e é inquieto até que nele encontre a paz” (n° 27)”. Os religiosos e as religiosas com a sua vida inteiramente doada a Cristo representam, também e sobretudo para os fiéis leigos, um constante chamado para colocar Deus no centro da própria existência e a não ter medo de abrir-se à experiência de Seu amor e da sua misericórdia. O Papa Francisco, em uma entrevista concedida para a Civiltá Católica, reiterou que “os religiosos devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo”. O despertar do mundo do sono do pecado deve passar necessariamente pelo confessionário. É no Sacramento da Reconciliação, de fato, que cada homem, entorpecido e paralizado pelo peso do pecado, experimenta a grandeza da misericórdia de Deus, que absolvendo-o de toda culpa, lhe devolve a “leveza do ser”, a alegria de viver e a paz do coração”.

RV: Para o senhor, portanto, a Vida Consagrada é manifestação privilegiada da misericórdia de Deus.... Poderias esclarecer melhor este conceito?

Mons. Nikyel: “É bem assim. A beleza da consagração é levar a todos a proximidade de Deus. No mundo de hoje existe muito desencorajamento. Perdeu-se a confiança. Existe uma forte crise de esperança. Os religiosos e as religiosas são chamados a levar esta mensagem de esperança e de consolação: Deus é misericórdia infinita e grande no amor. Os consagrados, fazendo-se próximos de todos aqueles que o Senhor coloca em seus caminhos de vida, podem ajudar as pessoas a redescobrir a Igreja como “casa de misericórdia”, onde encontrar escuta e compreensão, consolação e esperança ou mesmo – como o Papa Francisco ama dizer – a Igreja como “hospital de campanha”, onde curar as feridas da alma, curar as doenças espirituais e libertar-se dos pecados do passado. Somente assim a vida consagrada torna-se fecunda, não se apequenando, ao contrário, renova-se a cada dia e torna-se sempre mais irradiação da luz do Evangelho, emanação do amor de Deus, difusão da alegria interior que somente Deus pode verdadeiramente garantir”.

RV: O senhor poderia nos recordar, brevemente, quais são as condições para se obter a indulgência?

Mons. Nykiel: “No que diz respeito às condições, como primeira coisa deve fazer-se o total desligamento do pecado, mesmo daqueles veniais; se falta esta fundamental condição de separação total no coração do pecado e do sincero arrependimento; a indulgência não será plenária, mas sim parcial. Em segundo lugar é necessário confessar-se, fazer a comunhão, rezar segundo as intenções do Santo Padre e cumprir atos aos quais a Igreja liga à Indulgência. A Indulgência Plenária poderá ser obtida somente uma vez ao dia (excetuado o caso de um fiel que obtenha novamente no mesmo dia ‘in articulo mortis’), cumprindo as condições citadas acima: uma Indulgência Plenária pode ser também aplicada em sufrágio por nossos caros defuntos”. (JE)

 

 








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