Trabalho escravo: o risco da migração interna no Brasil


Cidade do Vaticano (RV) – “O trabalho escravo, o trabalho que escraviza. Quantas pessoas, em todo o mundo, são vítimas deste tipo de escravidão, na qual é a pessoa que serve ao trabalho, enquanto deveria ser o trabalho a oferecer um serviço à pessoa para que ela tenha dignidade.”

Essas palavras do Papa foram pronunciadas no Dia do Trabalhador de 2013. Desde que assumiu seu pontificado, Francisco já expressou inúmeras vezes sua preocupação e sua condenação ao trabalho escravo. A última vez foi esta semana, por ocasião da assinatura de uma declaração com outros líderes religiosos, em que se comprometem a lutar para que a escravidão moderna seja eliminada até 2020. Desta vez, o Papa falou de crime contra a humanidade: 

“Por isso, declaramos em nome de todos e de cada um dos nossos credos que a escravidão moderna é um crime contra a humanidade.”

Realidade brasileira

O Brasil não está isento desta prática. Aliás, a primeira denúncia pública de trabalho escravo no país foi feita por Dom Pedro Casaldáliga, hoje bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), em 1971.

E será esta prelazia a sediar, em abril de 2015, o primeiro encontro do ano de formação de agentes da Campanha da Comissão Pastoral de Terra (CPT) de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo – campanha que conta a adesão de 10 estados da federação.

Entre os últimos casos acertados pela Justiça estão o de 111 homens resgatados de condições análogas às de escravos durante as obras para a Copa do Mundo deste ano.

As vítimas que aguardavam ser chamadas para trabalhar por uma das maiores construtoras do país estavam alojadas em condições degradantes na região de Cumbica, para a ampliação do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Além do aliciamento e da situação das moradias, também pesou para a caracterização de trabalho escravo o tráfico de pessoas e a servidão por dívida. Os trabalhadores eram provenientes de quatro Estados do Nordeste – Maranhão, Sergipe, Bahia e Pernambuco.

O responsável pela Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB, Dom José Luiz Ferreira Salles, Bispo de Pesqueira (PE), afirma que a busca por um trabalho é o principal motivo da migração interna brasileira e alerta para as suas consequências, sobretudo sobre a família. Ouça clicando acima.

(BF)








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