2014-11-27 09:44:00

Papa falou do nosso maior problema: a solidão de jovens e velhos – Martin Schulz


A União Europeia e a Igreja têm desafios comuns e partilham “valores como a tolerância, o respeito, a igualdade, a solidariedade e a paz. Quem o disse foi o Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, no discurso proferido em presença do Papa Francisco na passada terça-feira aquando da visita do Santo Padre aquela importante instituição europeia. Entretanto, a nossa colega da Rádio Vaticano Helen Destombes entrevistou Martin Schulz logo após a visita e o discurso do Papa Francisco. Um discurso que recolheu aplausos de toda a assembleia, como referiu o Presidente do Parlamento Europeu:

“Sou membro do Parlamento Europeu há muito tempo: raramente vi o hemiciclo aplaudir em assembleia plenária. Para além das diversas filiações políticas, creio que o Papa tocou no coração dos deputados. Quando fez o exemplo da avó, falando de uma Europa cansada: tem razão, completamente razão. A ideia da Europa, esta ideia que existem Nações que trabalham juntas para além das fronteiras, que criam instituições para reforçarem-se de parte a parte... Há sempre mais pessoas que já não acreditam que as próprias instituições representem ainda “ a ideia”; e isto é contraditório e o Papa esclareceu-o hoje. As instituições estão cansadas; mas também “a ideia” está cansada? Não, “a ideia” está viva, temos necessidade da ideia mas é necessário reformar as nossas instituições para restituir credibilidade à ideia. Creio que a ampla maioria dos deputados, hoje, pensem a mesma coisa.”

“Nos seus discursos o Papa não falou apenas das raízes cristãs: falou também de uma tradição do humanismo na Europa. Isto significa que também aqueles que não são católicos nem cristãos, nem são crentes, também se reveem nas suas palavras. A mensagem foi a da ideia espiritual dos católicos mas com mensagens também universais. Afinal, o Papa – com uma certa diplomacia -  tocou o nosso maior problema. Falou da solidão dos velhos e da solidão dos jovens, isto é, daqueles que têm a perceção do facto de que se renunciou de ocupar-se deles. A grande diferença está no facto de que se isto é dito por um político, torna-se num discurso político da direita ou da esquerda; se esta mesma coisa é dita por um líder espiritual, isto toca diretamente os jovens e demonstra que, para além das questões de direita ou de esquerda, existe uma base que é cristã mas também humanística que não se deve colocar em discussão se não se quer arriscar que a sociedade se desintegre.”

Martin Schulz considerou ainda nesta entrevista à RV que a Europa tem necessidade de uma alma mas o mundo tem necessidade da Europa. Para o Presidente do Parlamento Europeu a mensagem do Papa Francisco é muito clara: temos necessidade da Europa. (RS)

 








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