50 anos de ecumenismo: Card. Koch convida a reler a Unitatis redintegratio


Cidade do Vaticano (RV) - Encontra-se reunida a partir desta terça-feira, dia 18/11, no Vaticano, a Assembleia plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que este ano festejará o 50º aniversário do Decreto conciliar sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, promulgado em 21 de novembro de 1964.

O aniversário será comemorado na próxima quinta-feira, 20/11, com as Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, e sexta-feira. 21/11, com uma Conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana, da qual participarão representantes das Igrejas Católica, Ortodoxa, Batista, Luterana e Apostólica Armênia.

Entrevistado pela Rádio Vaticano, o presidente do referido dicastério vaticano, Cardeal Kurt Koch, afirma que o momento é ideal para revisitar o texto.

Cardeal Kurt Koch:- "Sim, esta data comemorativa é naturalmente uma ocasião oportuna para voltar, sobretudo, àquele texto: relê-lo e torná-lo atual; e depois questionar-se qual é a meta do movimento ecumênico, onde se encontram os princípios, os desafios e seus desdobramentos positivos. Previmos três diferentes leituras daquele texto: uma católica, uma oriental e uma ocidental, para entender como se lê hoje o Decreto e quais podem ser as estradas para um caminho futuro."

RV: Quais são suas considerações pessoais em relação ao diálogo ecumênico em geral, tanto com as Igrejas orientais quanto com as Igrejas ocidentais?

Cardeal Kurt Koch:- "É preciso uma distinção muito séria. Desde o início, o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos foi concebido com duas seções. Na seção oriental confluem dois grandes diálogos. O diálogo com todas as antigas Igrejas ortodoxas orientais (siríaca, apostólica armênia, copta, etíope – ndr), que se separaram da Igreja mãe no Séc. V após o Concílio de Calcedônia, e neste campo estamos no bom caminho. Nesta Comissão há uma atmosfera bonita: todo ano se realiza uma assembléia geral, seguimos adiante dando pequenos passos, mas com uma atmosfera muito boa. O outro grande diálogo se realiza com todas as outras Igrejas ortodoxas: também aí, na realidade, na primeira década – de 1980 a 1990 – fizemos grandes progressos e conseguimos desenvolver o consenso em torno das questões fundamentais da compreensão da Igreja, dos Sacramentos, do ministério. Após este período, houve, porém, uma grande crise. De fato, as mudanças que se verificaram na Europa em 1989 não representaram uma grande vantagem para o ecumenismo, porque com as transformações ocorridas saíram do silêncio as Igrejas católicas-orientais – a Igreja grego-católica, sobretudo na Ucrânia, na Romênia, na Transilvânia – que tinham sido proibidas por Stalin, e tudo isso despertou as antigas acusações de uniatismo e proselitismo e com isso no ano 2000 chegamos a fechar este diálogo. Depois, no ano 2006 retomamos o diálogo, em Belgrado, e mais tarde ainda, em 2007, com o famoso Documento de Ravena, e desde então trabalhamos em torno da questão do primado do Bispo de Roma. Não é uma questão simples a ser tratada e sempre há impasses, no diálogo. Mas tenho a convicção de que neste caminho ainda poderemos fazer progressos." (RL)








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