Editorial: Silêncio da indiferença


EDITORIAL
Silêncio da indiferença

Cidade do Vaticano (RV) – Na última quarta-feira, na conclusão da Audiência geral na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco, com a voz embargada, deu voz mais uma vez ao sofrimento de milhares de cristãos em todas as partes do mundo. O Papa dirigiu seu pensamento para aqueles que sofrem por causa da fé. Os tempos modernos nos levam ao passado, ao tempo das primeiras perseguições, dos primeiros mártires, quando os sequazes do Homem de Nazaré padeceram sob o fio da espada, da lapidação ou da crucificação. Hoje o castigo infligido aos cristãos não é tão diferente dos primeiros tempos. O que mudou talvez seja o número de pessoas que sofrem o horror da perseguição: de todas as partes do planeta vozes sofredoras, sufocadas pelo silêncio da indiferença, buscam respiro no cenário internacional, para poder ver a sua dignidade preservada.
Na quarta-feira o Papa Francisco descreveu a sua grande tristeza pelos casos dramáticos de cristãos que são perseguidos e mortos em todas as partes do mundo por causa da sua fé. O Santo Padre não citou os casos, mas basta falhar os jornais, visitar os sites na internet para ter o mapa do sofrimento indescritível de pessoas inocentes, cujo pecado é ser seguidor de Jesus Cristo. O Papa disse que sentia a necessidade de expressar a sua profunda proximidade espiritual às comunidades cristãs duramente atingidas por uma violência absurda que não dá sinais de aplacar-se. 
Essa afirmação “não dar sinais de aplacar-se”, nos chama a atenção para o horror e a violência que estão se desenvolvendo e crescendo na sociedade moderna, para o fato que vão continuar, se quem tem o poder para frear a mão e a vontade de Caim, não fizer algo para deter a insanidade de quem vê no outro um inimigo, e não um irmão, com direitos e dignidade. 
No mundo de hoje, são muitas as pessoas que carregam a sua cruz que se tornou ainda mais pesada pelo ódio da fé, carregam a cruz e suportam a coroa de espinhos. Seu único pecado, ser cristão. São pessoas expulsas de suas casas, são torturadas, assassinadas. São milhares os cristãos martirizados, em pleno século 21: basta pensar em países como, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Síria, entre outros.
O Papa encorajou pastores e fiéis a serem fortes e firmes na esperança. Sim, a esperança dá o tom ao cristão. Esperar que os corações de pedra se transformem em corações de carne, onde o sentimento e o respeito pelo outro seja o caminho comum que conduz o homem pelas estradas da vida. Esperança de que os responsáveis políticos e todas as pessoas de boa vontade, “empreendam uma vasta mobilização de consciências em favor dos cristãos perseguidos. Eles têm o direito de encontrarem em seus países segurança e serenidade, professando livremente a nossa fé”, disse o Papa.
Ousamos dizer que a perseguição dos cristãos, poderá se transformar, permitam-me a metáfora, num câncer sem controle, que poderá atingir toda a sociedade; não serão então só os cristãos a serem perseguidos, mas todos aqueles que tiverem ideias, costumes, cor, modos diferentes. E vão pagar tudo isso com o alto custo do sangue derramado. Os nossos irmãos cristãos pagam um preço por serem cristãos e não abandonarem a sua fé. Esse é um grande ensinamento para todos nós.
Mas o que podemos fazer diante de tamanho horror que se alastra: certamente a oração é a primeira arma do cristão, na qual podermos oferecer e entregar tudo nas mãos de Deus. Mas também devemos agir como cristãos, jamais sermos indiferentes a uma realidade que corrói a dignidade da pessoa, a sua liberdade de expressar a sua fé, a sua liberdade de vida. Devemos pedir, exigir que os governos e as pessoas responsáveis pelo futuro de nossos países e do nosso mundo, protejam e preservem os direitos e a liberdade fundamental dados por Deus. Os governos do mundo têm o dever de agir para aliviar os sofrimentos dos inocentes. 
O mundo deve combater pela vida de seus habitantes, pela sobrevivência da dignidade do ser humano.
O silêncio não pode ser tolerado, sobretudo diante do esforço de pessoas que continuam professando sua fé.  A dor de um cristão que vê sua fé pisoteada deve mexer com a nossa consciência. (Silvonei José)








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