Mamberti na Interpol: “prevenir o crime, respeitando os direitos”


Principado de Mônaco (RV) – O secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, Dom Dominique Mamberti, está participando da 83ª Assembleia Geral da Interpol em Mônaco. Falando sobre o tema ‘Ameaças criminais contemporâneas e novos desafios de colaboração da polícia em nível internacional’, disse que “o Estado tem o dever de prevenir e punir atos criminais e resolver os distúrbios provocados por esse tipo de ações; mas, ao mesmo tempo, deve também garantir o respeito aos direitos fundamentais da pessoa”.

Dom Mamberti acrescenta que, “para ser legítima, qualquer restrição à liberdade individual, mesmo que tenha como objetivo a prevenção ou a repressão de uma atividade criminal, não deve nunca ameaçar a dignidade da pessoa ou comprometer injustamente o exercício efetivo dos direitos fundamentais. A finalidade da pena deve ser a reabilitação do culpado, até que possa, quando possível, reintegrar-se à sociedade”.

No discurso durante a Assembleia, Dom Mamberti também examinou as mudanças na organização da criminalidade em nível internacional. A propósito dos “atos cometidos nesses últimos meses com a ferocidade impiedosa do Estado Islâmico”, ele disse: “são ainda mais repugnantes, pois foram filmadas e divulgadas publicamente pelos próprios autores”.

A Santa Sé, associada à Interpol desde 2008, aponta o dedo também contra o tráfico de seres humanos que envolve 27 milhões de pessoas no mundo “reduzidas à escravidão” sexual e de trabalho. O Secretário, então, pediu “um posicionamento coletivo sobre a questão e a perversão do fenômeno do tráfico, para agir sobre todas as frentes para libertar e reabilitar as vítimas”.

Dom Mamberti também analisou as causas profundas da injustiça social em “um contexto de interdependência generalizada”, com “o contraste entre a riqueza e a pobreza que se torna sempre mais inaceitável”. Ele observou que, “nesse contexto, o uso da criminalidade, ao terrorismo e à guerra travada por motivos ideológicos, étnicos e culturais, para ser o meio mais fácil para alguns, se não o único possível para eles, para sair da pobreza e se transformar em protagonistas da vila global. A tudo isso se acrescenta a facilidade de usar as novas formas de comunicação com fins abusivos e criminais, e um acesso muito fácil às tecnologias de guerra”.

Mais de 1.200 delegados, oriundos dos 190 países membros da Interpol, participam da Assembleia Geral que termina nesta sexta-feira (7), que tem como tema: “100 anos de cooperação policial internacional”.

(AC)








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