Bispos argentinos: onde estão as crianças desaparecidas durante a ditadura?
Buenos Aires (RV) - Pela primeira vez na história da Argentina, os bispos vão
pedir, publicamente, notícias sobre as crianças desaparecidas durante a última ditadura.
O presidente da Conferência Episcopal Argentina e Arcebispo de Santa Fe de la Vera
Cruz, Dom José María Arancedo, gravou uma propaganda (com áudio e vídeo) junto a algumas
'Abuelas de Plaza de Mayo' (na tradução livre, Avós da Plaza de Mayo), onde pede,
em nome de todos os bispos, que quem tiver informação a respeito, repasse às autoridades.
Segundo
informações da Agência Fides, parte da mensagem de Dom Arancedo diz o seguinte: "solicitamos
às pessoas que têm informações sobre o lugar onde as crianças foram sequestradas ou
tenham conhecimento dos lugares de sepultamento clandestino", que reconheçam a obrigação
moral de fazer referência às autoridades competentes. A propaganda vai ao ar nestes
dias e durante um mês, em todas as redes de televisão e também nas rádios.
Recentemente,
o presidente da Comissão da Pastoral Social da Conferência Episcopal Argentina e bispo
de Gualegaychú (Entre Rios), Dom Jorge Lozano, escreveu uma carta onde fazia uma solicitação
semelhante, com um forte tom de denúncia, para esclarecer os casos das crianças que
nasceram em situação de falta de liberdade. "Existiu uma rede de silêncio e cumplicidade
que colocou uma mordaça à verdade", afirmou na carta, Dom Lozano, enaltecendo "a obrigação
moral" daqueles que têm informações, de fornecer os dados.
"Estamos comprometidos
em continuar a procurar a verdade com a certeza que isso nos torna livres", afirmou
Dom Arancedo, segundo ainda a Agência Fides. O texto da propaganda que vai ao ar na
mídia em nível nacional, que tem como título "A fé move em direção à verdade", retoma
uma declaração dos bispos argentinos de novembro de 2012. Ainda existem 400 famílias
que procuram os seus netos 'presenteados' ou desaparecidos durante o período do terrorismo
de Estado. (AC)