A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 20 a 26 de outubro
Dia 20 Nesta
segunda-feira, dia 20, teve lugar na Aula do Sínodo o Consistório Ordinário Público
presidido pelo Papa Francisco para Causas de Canonização. Foi vontade do Santo Padre,
comunicada durante o Sínodo dos Bispos, que estivessem presentes neste Consistório
também os Patriarcas do Medio Oriente para informar os membros do Colégio cardinalício
sobre a atual situação dos cristãos nesta região.
Tomando a palavra, o Papa
Francisco explicou o motivo pelo qual quis realizar este Consistório, que foi, segundo
o Santo Padre, a vontade comum de resolver os conflitos com o diálogo e ajudar de
todas as formas possíveis as comunidades cristãs a permanecerem na região. Disse o
Papa:
“Não podemos imaginar o Médio Oriente sem os cristãos, que há
dois mil anos ali confessam o nome de Jesus. Os últimos acontecimentos, principalmente
no Iraque e na Síria, são muito preocupantes. Assistimos a um fenómeno de terrorismo
de dimensões jamais pensadas. Muitos irmãos são perseguidos e tiveram que deixar as
suas casas de modo brutal. Ao que parece, perdeu-se a consciência do valor da vida
humana; é como se as pessoas não contassem mais e pudessem ser sacrificadas em nome
de outros interesses. Isto acontece, infelizmente, no meio da indiferença de muitos”.
“Esta
situação injusta requer, além da nossa constante oração, uma resposta adequada também
da Comunidade Internacional. Estou certo que, com a ajuda do Senhor, emergirão do
encontro de hoje válidas reflexões e sugestões para ajudar os nossos irmãos que sofrem
e abordar o drama da redução da presença cristã na terra onde nasceu e da qual se
difundiu o cristianismo”, afirmou ainda o Papa Francisco no seu discurso aos
Cardeais reunidos em Consistório.
Dia 21 Somos um povo unido em
Jesus, não pessoas que se arranjam sozinhas – esta a principal mensagem do Papa Francisco
em Santa Marta na terça-feira dia 21 de outubro. Na sua reflexão o Santo Padre procura
fundir os ensinamentos das duas leituras do dia: Carta de S. Paulo aos Efésios capítulo
2 e Evangelho de S. Lucas no seu capítulo 12. E a primeira ideia fundamental que nos
deixa o Papa Francisco é que nós sem Cristo não temos identidade. Aquilo que veio
fazer Jesus connosco é dar-nos cidadania, pertença a um povo, nome e apelido. E assim
Jesus junta-nos com o seu sangue abatendo o muro da separação que divide – afirmou
o Papa Francisco:
“Todos nós sabemos que quando não estamos em paz com
as pessoas, há um muro que nos divide. Mas Jesus oferece-nos o seu serviço de abate
deste muro para que nos possamos encontrar. E se estamos divididos não somos amigos:
somos inimigos. E fez mais para reconciliar todos em Deus: Reconciliou-nos com Deus:
de inimigos a amigos; de estranhos a filhos.”
De gente de estrada que
nem sequer convidados eram a familiares de Deus foi isto que Jesus fez com a sua vinda
– afirmou o Papa que declarou ainda que só há uma condição: Esperar Jesus:
“Esperar
Jesus. Quem não espera Jesus, fecha a porta a Jesus, não o deixa fazer esta obra de
paz, de comunidade, de cidadania, mais: de nome. Dá-nos um nome. Faz-nos filhos de
Deus. Esta é a atitude de esperar Jesus, que está dentro da esperança cristã. O cristão
é um homem ou uma mulher de esperança.”
Dia 22 Quarta-feira,
22 de outubro, audiência geral na Praça de S. Pedro – tema da catequese do Papa Francisco:
A Igreja Corpo de Cristo.
“... quando se quer evidenciar como os
elementos que compõem uma realidade estejam estreitamente unidos um ao outro e formem
juntos uma só coisa, usa-se, muitas vezes, a imagem do corpo. A partir do Apóstolo
Paulo, esta expressão foi aplicada à Igreja e foi reconhecida como o seu traço distintivo
mais profundo e mais belo. Hoje, então, podemos perguntar: em que sentido a Igreja
forma um corpo? E porque é que é definida “corpo de Cristo”?”
A
Igreja Corpo de Cristo é uma imagem profunda que indica o vínculo real que nos une
a Cristo após o Batismo. Isso mesmo nos mostra a visão do profeta Ezequiel, que diante
de ossos ressequidos espalhados pelo chão, recebe de Deus a ordem de invocar sobre
estes o Espírito do Senhor, para que eles formem um corpo cheio de vida.
“A
partir daquele momento, os ossos começam a aproximar-se e a unir-se, sobre eles crescem
antes os nervos e depois a carne e forma-se, assim, um corpo completo e cheio de vida.
Isto é a Igreja!”
“É a obra-prima do Espírito, o qual infunde
em cada um a vida nova do Ressuscitado e nos põe um ao lado do outro, um ao serviço
e apoio do outro, fazendo assim de todos nós um só corpo edificado na comunhão e no
amor.”
Dia 23 O Papa Francisco encontrou-se nesta quinta-feira,
no Vaticano, com uma delegação dos juristas da Associação Internacional de Direito
Penal e disse-lhes que os cristãos e homens de boa vontade "são chamados hoje a lutar
não somente pela abolição da pena de morte", em "todas as suas formas", mas também
pela melhoria das "condições prisionais". As afirmações fortes e contundentes do Papa
Francisco:
"Todos os cristãos e homens de boa vontade são, portanto,
chamados hoje a lutar não somente pela abolição da pena de morte, legal ou ilegal
que seja, e em todas as suas formas, mas também pela melhoria das condições prisionais,
no respeito pela dignidade humana das pessoas privadas da liberdade. E uno isso também
à prisão perpétua. No Vaticano, há pouco tempo atrás, no Código Penal do Vaticano,
não existe a prisão perpétua. Ela é uma pena de morte coberta."
Dia
24 Fazer a unidade na Igreja é o dever de cada cristão – esta a mensagem do Papa
Francisco na manhã de sexta-feira dia 24 na Missa na Capela da Casa de Santa Marta.
Guiados pelo Espírito Santo faremos a unidade da Igreja na diversidade das pessoas.
Partindo da Carta de S. Paulo aos Filipenses o Santo Padre deixou claro que fazer
a unidade é o trabalho da Igreja e de cada cristão:
“Fazer a unidade
da Igreja, construir a Igreja, este templo, esta unidade da Igreja: este é o dever
de cada cristão, de cada um de nós. Quando se deve construir um templo, um prédio
procura-se uma área edificável, preparada para isso. A primeira coisa que se faz é
procurar a pedra base, a pedra angular diz a Bíblia, E a pedra angular da unidade
da Igreja ou melhor a pedra angular da Igreja é Jesus…”
Na manhã
desta sexta-feira, 24 de outubro, o Papa Francisco recebeu em audiência uma delegação
da Fundação ‘Lumen’, que reúne os cristãos de tradição oriental nos Estados Unidos
da América. Quarenta e cinco membros desta Fundação estão de passagem por Roma
no âmbito de uma peregrinação ecuménica, liderados pelo Metropolita, Kàllistos de
Diokleia. Nascido na Inglaterra há 80 anos, Kàllistos entrou na Igreja Ortodoxa aos
24 anos e tornou-se Metropolita em 2007. É muito ativo no campo do diálogo pela unidade
dos cristãos. No discurso que dirigiu aos membros desta instituição o Santo Padre
referiu-se à sua próxima viagem à Turquia em novembro:
“A visita
do bispo de Roma ao Patriarcado Ecuménico, e este novo encontro entre o Patriarca
Bartolomeu e a minha pessoa serão sinal da profunda relação que une as sedes de Roma
e Constantinopla e do desejo de superar, no amor e na verdade, os obstáculos que ainda
nos dividem.”
Dia 26 Na sua habitual reflexão antes da
oração mariana do Angelus, o Papa Francisco, comentou o evangelho deste 30° Domingo
em que que S. Mateus fala de alguns fariseus que, querendo pôr à prova Jesus, lhe
perguntam qual é o maior dos mandamentos, e disse que o evangelho nos recorda que
toda a lei divina se resume no amor de Deus e no amor ao próximo: “amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espirito. O
segundo é semelhante a este: amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. E o Papa Francisco
acrescentou:
“Jesus não inventou nem este segundo mandamento, cita-o
do Livro do Levítico, mas a sua novidade consiste exatamente em colocar juntos estes
dois mandamentos - o amor por Deus e o amor pelo próximo – revelando que esses são
inseparáveis e complementares, são as duas faces de uma mesma medalha.”
E,
recordou a este propósito o comentário de Bento XVI nos nn. 16-18 da sua Enciclica
Deus caritas est. E explicou:
“O sinal visível que o cristão
pode mostrar para testemunhar ao mundo o amor de Deus é o amor aos irmãos. O mandamento
do amor a Deus e ao próximo é o primeiro não porque ele está no topo da lista dos
mandamentos, mas porque é o coração do qual tudo deve começar e ao qual tudo deve
voltar e fazer referência.”
E com o Angelus deste domingo terminamos
esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 20 a 26
de outubro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.
(RS)