Cochabamba (RV) – Termina nesta sexta-feira (24), o Congresso dos Santuários
das Américas que está acontecendo em Cochabamba, na Bolívia, numa promoção do departamento
de missão e espiritualidade do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam). O evento
trata de lugares privilegiados, onde a mensagem do Evangelho pode tocar de maneira
profunda e eficaz o coração. Pequenos e grandes santuários disseminados em todo mundo
estimulam a devoção de milhões de peregrinos e guardam uma força evangelizadora poderosa
que os planos pastorais não podem ignorar ou subestimar.
Os trabalhos de conclusão
foram abertos pelo subsecretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes
e os Itinerantes, Padre Gabriel Ferdinando Bentoglio: “a Igreja é consciente de ser
a enviada para evangelizar todo homem e todos os homens”, e, “nesse contexto, o santuário
oferece uma plataforma sem precedentes pelo cuidado pastoral da Igreja, graças à sua
capacidade de mobilizar os indivíduos e os grupos”.
Partindo da evidência da
relação estreita que a Igreja tem com as dimensões de ‘comunhão’ e da ‘evangelização’,
o relator lembrou ainda que “a comunhão dá credibilidade à mensagem”. Por isso, as
atividades de programação e organização pastoral devem ser direcionadas para a realização
de uma espiritualidade de comunhão.
Nesse sentido, serve uma ‘pastoral dos
unidos’ que percebe todas as realidades presentes no tecido paroquial e analise seriamente
a situação sócio-religiosa do território. E, num mundo onde a mobilidade crescente
“está mudando o modo de compreender o sentido de pertença a uma comunidade de referência”,
não se pode não perceber dos quantos que entram em contato com a realidade dos santuários:
pessoas que chegam de vez em quando, que pedem assistência espiritual em ocasiões
específicas, que às vezes procuram um tipo de anonimato, ou procuram experiências
fortes de espiritualidade e de oração.
“No santuário”, disse o missionário,
“encontram-se amplos setores da sociedade, um grande número de pessoas de todas as
idades e condições sociais e religiosas”, muitas dessas “se distanciaram da vida de
fé e vivem às margens da pertença eclesial. Não são, porém, indiferentes, mas à procura
do sentido da vida e das coisas”. O encontro com essas pessoas é uma ocasião privilegiada
de evangelização. E, para os peregrinos, os santuários podem ser uma possibilidade
de encontro eficaz com uma comunidade e uma ocasião de ‘encontro’ mais alto e determinante
para a vida.
Por isso, num plano pastoral de acordo com todas as outras realidades
diocesanas, é necessário colocar mais atenção a diferentes particularidades: à ‘acolhida
dos peregrinos’, às homilias que deveriam ter um ‘trato profundamente missionário’,
à ‘dignidade’ e ao ‘decoro das celebrações litúrgicas’. O santuário, isto é, deveria
se transformar num ‘modelo de referência’ para as paróquias e para as outras comunidades
de culto.
Padre Bentoglio disse ainda que “o santuário pode ser a única ligação”
de um peregrino “com a comunidade eclesial” e que, por esse motivo, a Igreja deve
vestir “as vestes do Bom Samaritano do Evangelho que cuida da pessoa ferida e abandonada
no decorrer do caminho”. (AC)