Santa Sé diz "não" a pressões ideológicas no combate à pobreza
Nova Iorque (RV) - O combate à pobreza se baseia em políticas que envolvem
os países em questão e não em soluções já prontas e impostas de fora, válidas para
todas as situações e, talvez, não desprovidas de pressões ideológicas: foi o que afirmou
o observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, em Nova Iorque, Dom Bernardito
Auza, na 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
Devemos colocar em discussão
os modelos econômicos que aumentam a exclusão e a desigualdade – foi a advertência
do prelado –, em particular, aqueles que causam um fosso social em crescimento exponencial
entre os ricos – que se tornam cada vez mais ricos – e as massas marginalizadas sem
trabalho, sem perspectivas e sem nenhum caminho de saída da pobreza.
Falando
sobre o atual modelo de desenvolvimento, o representante vaticano ressaltou – com
uma imagem – que a maré nem sempre alça todas as barcas; comumente alça somente os
iates, mantém poucas barcas flutuantes, enquanto alquebra muitas e afunda o resto.
Esse não é o futuro que queremos – afirmou com veemência.
Em seguida, o arcebispo
denunciou a exclusão das mulheres da participação no desenvolvimento: as mulheres
e as crianças – observou – constituem a maioria dos pobres e daqueles que sofrem violências
no mundo.
O prelado recordou a necessidade de não equiparar a pobreza unicamente
à pobreza econômica: é necessário colher a complexidade da realidade, resistindo à
tentação de reduzir a eliminação da pobreza ao simples aumento da quantidade de dinheiro
com a qual uma pessoa vive todos os dias.
O desenvolvimento compreende também
aqueles elementos que, mesmo se por vezes intangíveis, contribuem realmente para uma
maior prosperidade humana. No combate à pobreza devemos promover o autêntico desenvolvimento
do homem por inteiro e de todos os povos: cada um deve dar a sua contribuição, cada
um de nós pode ser beneficiado, esta é a solidariedade. (RL)