Direitos e valores das populações indígenas devem ser salvaguardados, diz Observador
da Santa Sé na ONU
Nova Iorque (RV) - Realizar maiores esforços para promover os direitos das
populações indígenas em muitas partes do mundo e evitar qualquer discriminação. Foi
o que afirmou o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Arcebispo Bernardito Auza,
ao pronunciar-se na última segunda-feira no âmbito da 69ª Assembléia Geral da Organização,
em Nova Iorque.
Existe ainda muito a ser feito na salvaguarda dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais das populações indígenas em várias partes do
mundo. Para mudar este quadro, Dom Auza pede à Assembleia Geral das Nações Unidas
“para realizar maiores esforços a nível internacional, nacional e local na definição
de políticas de desenvolvimento que envolvam realmente tais populações, respeitando
identidades e culturas específicas".
"A Santa Sé - explica o prelado -
está convencida de que nenhuma discriminação baseada na raça, sexo, religião ou etnia
deveria ser tolerada. Neste sentido, acolhe com favor os esforços realizados em diversos
países, voltados à promoção de uma plena e efetiva participação dos povos indígenas
no processo de decisão, em particular nas questões que lhes dizem respeito". "promover
a especificidade e as culturas indígenas - explica Dom Auza - não significa voltar
ao passado. Antes pelo contrário, quer dizer favorecer o direito destas populações
e seguir em frente, guiados pelos seus valores preservados no tempo, como o respeito
pela vida e a dignidade humana".
A globalização, a industrialização e a
urbanização - adverte o Observador Permanente da Santa Sé na ONU - não devem acabar
com estes valores. As populações indígenas têm, como toda pessoa e nação, a prerrogativa
de ver reconhecido o direito ao desenvolvimento no respeito de seus valores e identidades.
Além disto - ressalta - eles devem decidir sobre seu próprio desenvolvimento, devendo
ser evitada a tendência de impor políticas para eles inaceitáveis. Tudo isto - adverte
- poderia fazer mais mal do que bem".
A recomendação, portanto, é se evitar
fazer referência a eles, somente ou principalmente pelo aspecto do folclore. Além
disto, Dom Auza recomenda leis justas para regulamentar as relações entre as populações
indígenas e as indústrias extrativistas que atuam nas suas terras de origem, as quais
têm uma grande valor cultural e ambiental". (JE)