Paulo VI beatificado, na conclusão do Sínodo dos Bispos sobre a Família - Sublinhado
seu testemunho de amor a Cristo e à Igreja
Com um tempo
esplêndido e uma praça de São Pedro repleta de fiéis, Papa Francisco preside nesta
manhã a Missa, concelebrada com os Padres Sinodais e elevado número de sacerdotes,
na conclusão da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, procedendo
à beatificação do Papa Paulo VI. A celebração é transmitida em direto neste mesmo
site.
Na homilia da missa de beatificação, “a respeito deste grande Papa, deste
cristão corajoso, deste apóstolo incansável”, Papa Francisco fez questão de dizer
sobretudo “uma palavra tão simples como sincera e importante”:
Obrigado,
nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho
de amor a Cristo e à sua Igreja! Citada uma passagem do seu diário pessoal,
em que o novo Beato escrevia que talvez o Senhor o tivesse chamado à missão de sucessor
de Pedro “para sofrer algo pela Igreja e para que fique claro que Ele, e mais ninguém,
a guia e salva”.
Nesta humildade, resplandece a grandeza do Beato Paulo
VI, que soube, quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com
clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca
perder a alegria e a confiança no Senhor.
Verdadeiramente – concluiu
o Papa Francisco - Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda
a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar
sobre a terra a missão de Cristo»), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo
tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação».
Na
primeira parte da homilia, Papa Francisco comentou o Evangelho do dia, com o convite
de Jesus a “dar a Deus o que é de Deus”.
Isto significa reconhecer e
professar – diante de qualquer tipo de poder – que só Deus é o Senhor do homem, e
não há outro. Esta é a novidade perene que é preciso redescobrir cada dia, vencendo
o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus. / Ele não tem medo
das novidades! Por isso nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para
caminhos inesperados.
“Um cristão que vive o Evangelho é ‘a novidade
de Deus’ na Igreja e no mundo” – prosseguiu o Papa. ‘Dar a Deus o que é de Deus’ significa
abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de
misericórdia, amor e paz. Aqui está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar
e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que
o mundo nos propõe. Aqui está a nossa esperança”. Aplicando esta anotação à experiência
sinodal vivida nas duas últimas semanas, Papa Francisco recordou que – como diz a
palavra “sínodo”, se tratou de caminhar juntos, pela estrada do Evangelho, com o olhar
fixo em Jesus.
Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade
e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a
Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança
para tantas pessoas sem esperança.
Que o Espírito Santo, que nos concedeu,
nestes dias, trabalhar com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a
acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário
dos Bispos no próximo Outubro de 2015 – afirmou o Papa.
Semeámos e continuaremos
a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer
tudo o que semeámos.
(Texto integral da homilia do Santo Padre na
Secção Textos e Documentos)
No final da celebração, passado já o meio-dia,
na alocução antes da recitação do Angelus, o Papa Francisco exortou todos a seguirem
os ensinamentos e o exemplo do novo Beato. Neste domingo em que se celebra o Dia Mundial
das Missões, o Papa recordou que Paulo VI foi um vigoroso promotor da missão ad gentes. Disso
é testemunha sobretudo a Exortação Apostólica ‘Evangelii nuntiandi’ com a qual quis
despertar o impulso e o empenho em relação à missão da Igreja. Sublinhada também
a profunda devoção mariana do Beato Paulo VI, como o prova a Exortação Apostólica
“Marialis cultus” e o facto de ter proclamado Maria “Mãe da Igreja”, no encerramento
da terceira sessão do Concílio Vaticano II.