Papa Francisco: a cultura atual tem fome do anúncio do Evangelho
Cidade do Vaticano (RV) - "Estudo, pesquisa, fronteira": são as três palavras
que o Papa Francisco confia à Fuci, Federação Universitária Católica Italiana, por
ocasião do Congresso extraordinário organizado em Arezzo – região italiana da Toscana
– em vista da Beatificação do Papa Montini, este domingo, 19 de outubro.
O
encontro, que quer recordar Paulo VI nos anos em que foi assistente central da Fuci
(1925-1933), se realiza com o tema: "In spiritu et veritate. O testemunho de Giovanni
Battista Montini na universidade e na cultura contemporânea".
A primeira palavra
que o Papa confia aos jovens da Fuci é studium. "O essencial da vida universitária
– escreve – reside no estudo, na fadiga e paciência do pensar que revela uma inclinação
do homem à verdade, ao bem, à beleza." "Não se contentem com verdades parciais ou
ilusões asseguradoras – exorta –, mas acolham no estudo uma compreensão sempre mais
plena da realidade. Para fazer isso são necessárias a humildade da escuta e a perspicácia
do olhar. Estudar não é apropriar-se da realidade para manipulá-la, mas deixar que
ela nos fale e nos revele algo, muitas vezes também sobre nós mesmos; e a realidade
não se deixa compreender sem uma disponibilidade a afinar a perspectiva, a olhá-la
com olhos novos. Portanto, estudem com coragem e esperança."
A segunda palavra
é pesquisa. "O método de estudo de vocês seja a pesquisa, o diálogo e o cotejamento.
Que a Fuci experimente sempre a humildade da pesquisa, aquela atitude de silencioso
acolhimento do desconhecido, do outro, e demonstre sua abertura e disponibilidade
a caminhar com todos aqueles que são impelidos por uma inquieta inclinação à Verdade,
crentes e não-crentes, estrangeiros e excluídos."
"A pesquisa se interroga
continuamente, torna-se encontro com o mistério e se abre à fé: a pesquisa torna possível
o encontro entre fé, razão e ciência, permite um diálogo harmônico entre elas, um
intercâmbio fecundo que na consciência e na aceitação dos limites da compreensão humana
permite uma pesquisa científica feita na liberdade da consciência. Através deste método
de pesquisa é possível alcançar um objetivo ambicioso: recompor a fratura entre Evangelho
e contemporaneidade através do estilo da mediação cultural, uma mediação itinerante
que sem negar as diferenças culturais, aliás, valorizando-as, se coloque como horizonte
de projetualidade positiva."
"A cultura de nosso tempo – recorda o Papa Francisco
aos jovens – tem fome do anúncio do Evangelho, precisa ser reanimada por testemunhos
firmes e fortes." Em seguida, cita as palavras de Montini: "É a idéia que guia o homem,
que gera a força do homem. Um homem sem idéia é um homem sem personalidade".
A
terceira palavra é fronteira. "A Universidade – escreve o Santo Padre na mensagem
– é uma fronteira que cabe a vocês, uma periferia na qual acolher e cuidar das pobrezas
existenciais do homem." "Procurem sempre encontrar o outro, colher o 'cheiro' dos
homens de hoje, até ficarem impregnados de suas alegrias e esperanças, de suas tristezas
e angústias. Jamais oponham barreiras que, querendo defender a fronteira, excluam
o encontro com o Senhor."
Ao invés – exorta o Pontífice –, "levem esperança
a abram o trabalho de vocês sempre aos outros, abram-se sempre à partilha e ao diálogo.
Na cultura, sobretudo hoje, precisamos colocar-nos lado a lado de todos. Vocês poderão
superar o confronto entre os povos somente se conseguirem alimentar uma cultura do
encontro e da fraternidade. Exorto-os a continuar levando o Evangelho para a Universidade
e a cultura para a Igreja!".
No apelo final: "tenham os olhos sempre voltados
para o futuro. Sejam terreno fértil em caminho com a humanidade, sejam renovação na
cultura, na sociedade e na Igreja. Para dar expressão à renovação é preciso coragem,
humildade e escuta". (RL)