2014-10-15 16:12:22

O Cardeal Bea e o Pio Brasileiro no Concílio


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da relação entre o Cardeal Augustin Bea e o Colégio Pio Brasileiro, durante o evento Conciliar.

O Cardeal alemão Augustin Bea - exegeta famoso - optou em morar no Colégio Pio Brasileiro, um mês após ter sido criado Cardeal pelo Papa João XXIII em novembro de 1959. Ele foi professor e Reitor do Pontifício Instituto Bíblico. Encarregado pelo Papa de pensar os Estatutos de uma Pontifícia Comissão Pro christianorum unitate promovendam e colocado à frente da Secretaria para a União dos Cristãos - criada em 5 de junho de 1960 - dedicou-se com ardor às novas tarefas a ele confiadas.

Na tese de doutorado “Padres Conciliares Brasileiros no Concílio Vaticano II", o Pe. Oscar Beozzo escreve a este respeito: "Os reflexos de sua atividade desdobraram-se sobre o Colégio, que se tornou um endereço obrigatório para as personalidades das distintas Igrejas e religiões de passagem por Roma. Em ocasiões mais solenes, como quando da visita - na tarde de 2 de dezembro de 1960 - do Primaz da Igreja Anglicana, o Arcebispo de Cantuária Dr. Geoffrey Fischer, o Cardeal Bea convidou a todos os seminaristas para recebê-lo e saudá-lo festivamente na portaria do Colégio. Esta calorosa acolhida contrastou com o recebimento quase frio, dispensado pelo Protocolo Pontifício, pela manhã, em "visita de cortesia" ao Papa. Imprensa e fotógrafos foram excluídos dos dois eventos - a visita ao Papa e a visita ao Cardeal Bea - mas no Pio Brasileiro, nós, os alunos, pudemos fotografar livremente o efusivo encontro entre os dois homens de Igreja, que davam os primeiros passos para melhorar as relações entre a Confissão Anglicana e a Igreja Católica Romana".

Os movimentos da Igreja em direção a uma maior abertura no campo religioso provocou ataques, por vezes violentos, de inconformados com as posições do Secretariado da União dos Cristãos em relação ao ecumenismo, ao diálogo com o judaísmo e religiões não-cristãs, mas especialmente, pela defesa da liberdade religiosa. O jornal "Conciliábulo" saiu em sua defesa.

Após o falecimento de João XXIII, o Colégio Pio Brasileiro tornou-se ponto de passagem obrigatória para dezenas de Cardeais que chegavam a Roma e discutiam a sucessão. Existiam grandes preocupações quanto ao futuro do Concílio e da Igreja. Ao partir para o Conclave em 19 de junho, o Cardeal Bea pediu muitas orações aos seminaristas brasileiros. Ao retornar na sexta-feira, 21 de junho, após a Bênção do recém eleito Paulo VI à multidão presente na Praça São Pedro, exclamou: "Conseguimos!", em alusão à escolha de Montini pelos Cardeais. O futuro do Concílio e do Secretariado para a União dos Cristãos estava assegurado.

O Pio Brasileiro foi sua casa até o fim de seus dias, em 16 de novembro de 1968.


Fonte: “Padres Conciliares Brasileiros no Concílio Vaticano II Participação e Prosopografia 1959 – 1965”. Pe. José Oscar Beozzo.









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