2014-10-15 11:06:38

Bispos pedem legislação mais firme contra empresas extrativistas


Bruxelas (RV) – Cerca de 70 bispos de todo o mundo assinaram uma declaração onde exortam a União Europeia a controlar, de forma mais efetiva, a ação das empresas ligadas à indústria extrativista presentes em zonas de conflito e nos países subdesenvolvidos.

No texto, os responsáveis católicos denunciam a promiscuidade existente entre quem “controla, extrai, processa e comercializa os recursos” naturais e os “grupos armados” ou “forças militares” que detêm o poder através da violência e do terror.

Em vários países, sobretudo “naqueles ricos em minerais, madeira, gás, petróleo e outro tipo de produtos”, parte dos dividendos das grandes companhias acaba por “financiar a violação dos direitos humanos”, em vez de “contribuir para o desenvolvimento humano”, acusam os prelados.

O Comitê Internacional do Comércio, ligado ao Parlamento Europeu, vai brevemente debater uma nova legislação para o setor dos recursos naturais.

A proposta, feita pela Comissão Europeia, pretende responsabilizar mais as multinacionais ligadas a esta área e pôr fim à atual cadeia de ligação com os conflitos armados.

Os bispos europeus realçam que a União Europeia está diante de “uma oportunidade única” para mudar esta realidade, que só “nos últimos 60 anos” teve influência direta em cerca de “40 por cento de todos os conflitos globais”.

Mostram-se ainda convictos de que “esta nova regulamentação europeia pode trazer mudanças significativas para todas as comunidades que hoje estão em sofrimento”, em todo o mundo.

A declaração conta com o apoio da CIDSE - Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade – rede que reúne 17 organizações não-governamentais europeias e norte-americanas, incluindo a Fundação Fé e Cooperação, ligada à Conferência Episcopal Portuguesa.

Segundo o presidente da CIDSE, a iniciativa os bispos é essencial, pois “as empresas, a par dos políticos, têm a mesma responsabilidade de acabar com o financiamento da violência e dos atentados aos direitos humanos”.

“Esta declaração é uma mensagem clara para os responsáveis da União Europeia, de que só uma legislação mais alargada e vinculativa poderá contribuir para mudar o comportamento das companhias e ajudar as pessoas e comunidades mais atingidas pelos conflitos”, conclui.

(BF/Agência Ecclesia)







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