Bispos pedem legislação mais firme contra empresas extrativistas
Bruxelas (RV) – Cerca de 70 bispos de todo o mundo assinaram uma declaração
onde exortam a União Europeia a controlar, de forma mais efetiva, a ação das empresas
ligadas à indústria extrativista presentes em zonas de conflito e nos países subdesenvolvidos.
No
texto, os responsáveis católicos denunciam a promiscuidade existente entre quem “controla,
extrai, processa e comercializa os recursos” naturais e os “grupos armados” ou “forças
militares” que detêm o poder através da violência e do terror.
Em vários países,
sobretudo “naqueles ricos em minerais, madeira, gás, petróleo e outro tipo de produtos”,
parte dos dividendos das grandes companhias acaba por “financiar a violação dos direitos
humanos”, em vez de “contribuir para o desenvolvimento humano”, acusam os prelados.
O
Comitê Internacional do Comércio, ligado ao Parlamento Europeu, vai brevemente debater
uma nova legislação para o setor dos recursos naturais.
A proposta, feita pela
Comissão Europeia, pretende responsabilizar mais as multinacionais ligadas a esta
área e pôr fim à atual cadeia de ligação com os conflitos armados.
Os bispos
europeus realçam que a União Europeia está diante de “uma oportunidade única” para
mudar esta realidade, que só “nos últimos 60 anos” teve influência direta em cerca
de “40 por cento de todos os conflitos globais”.
Mostram-se ainda convictos
de que “esta nova regulamentação europeia pode trazer mudanças significativas para
todas as comunidades que hoje estão em sofrimento”, em todo o mundo.
A declaração
conta com o apoio da CIDSE - Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade
– rede que reúne 17 organizações não-governamentais europeias e norte-americanas,
incluindo a Fundação Fé e Cooperação, ligada à Conferência Episcopal Portuguesa.
Segundo
o presidente da CIDSE, a iniciativa os bispos é essencial, pois “as empresas, a par
dos políticos, têm a mesma responsabilidade de acabar com o financiamento da violência
e dos atentados aos direitos humanos”.
“Esta declaração é uma mensagem clara
para os responsáveis da União Europeia, de que só uma legislação mais alargada e vinculativa
poderá contribuir para mudar o comportamento das companhias e ajudar as pessoas e
comunidades mais atingidas pelos conflitos”, conclui.