Sínodo deve ser uma luz que acompanha o povo em caminho, passo por passo. O Briefing
com Pe. Lombardi
Cidade
do Vaticano (RV) – No final da manhã desta quarta-feira, terceiro dia do Sínodo
Extraordinário para a Família, foi realizado o segundo encontro com jornalistas na
Sala de Imprensa da Santa Sé, sob a coordenação do seu Diretor, Padre Federico Lombardi,
acompanhado por Dom Victor Fernandez - Reitor da Universidade Católica da Argentina
e uma das primeiras nomeações episcopais de Francisco - e Dom Kaigama, Bispo de Jos,
Nigéria.
Padre Lombardi relatou os trabalhos desta manhã, assinalando que a
África tem estado presente nos temas de muitos pronunciamentos do Sínodo, que também
conta com uma grande presença de prelados do continente.
Um dos temas tratados
na manhã desta quarta-feira foi “a atitude a que somos chamados a assumir neste Sínodo
‘em caminho’, e que explicá-la, fez uso da simbologia da luz:
“Falou-se
da luz que a Igreja leva ao mundo, a luz que é dada também à humanidade, em termos
– para se ter uma imagem eficaz – não tanto de um farol fixo, que ilumina permanecendo
sempre no mesmo lugar e de longe, mas de uma chama, de uma tocha, que acompanha o
povo a caminho, passo por passo. Portanto, uma luz que está inserida no caminho do
povo de Deus e da humanidade”.
Assim como na tarde de ontem, também hoje
falou-se da aliança e da dimensão pessoal da fé que não deve ser esquecida, pois é
essencial para que se possa resistir e enfrentar os problemas da nova situação:
“A
crise das famílias na Igreja e também a crise das famílias cristãs na sociedade, está
muito ligada à crise geral da fé neste tempo. Observou-se como se deve estar atento
em recordar que a fé não é somente aderir a conteúdos, a ensinamentos, mas a fé é
antes de tudo uma adesão pessoal a Cristo, uma escolha por Cristo, um encontro com
Cristo, uma aliança com Ele”.
Muitos pronunciamentos encorajaram em se
ter confiança na graça de Deus, que deve ser tomada como medida para o nosso agir
e as nossas decisões:
“Neste sentido da confiança na graça, falou-se frequentemente
da importância da oração e da espiritualidade na vida familiar e houve muitos pronunciamentos
muito bonitos sobre o tema do perdão e da reconciliação na vida familiar; também as
peregrinações aos santuários onde se reza a Maria, pois isto ajuda a encontrar a graça
do perdão e da reconciliação, e um pronunciamento muito interessante, que salientou
a importância da reconciliação na cultura tradicional africana; os vários modos em
que a família é ajudada a favorecer a reconciliação e como isto deve ser integrado
na nossa espiritualidade e na nossa visão cristã da família”.
O amor e
a ternura de Jesus - presentes em vários pronunciamentos – ajudam a converter o coração
e a encontrar a graças da harmonia e do perdão na família.
Um tema muito recorrente
– disse Lombardi – é a relação entre a verdade e a misericórdia, entre fidelidade
à doutrina e ao Magistério tradicional da Igreja e a misericórdia; a atenção aos problemas
concretos, ao sofrimento concreto de tantas pessoas. Este tema – como manter juntos
estes dois pólos essenciais - tem estado presente em muitos pronunciamentos.
Um
dos Bispos fez referência à necessidade de se repropor a doutrina hoje, mas num contexto
de cultura de liberdade, o que recordou por analogia o Concilio Vaticano II, que tratou
do tema da liberdade religiosa, conciliando o tema da fidelidade à verdade e do compromisso
da Igreja com a verdade e com a liberdade religiosa, o mesmo esforço que o Sínodo
deve fazer agora também para temas da Pastoral Familiar.
Um dos pronunciamentos
da manhã ressaltou o serviço que a Santa Sé presta no âmbito das organizações internacionais
- em apoiar a família e uma correta visão sobre a família, em contraste com as ideologias
que tendem a enfraquecê-la – e a missionariedade que é encorajada por experiências
positivas de anúncio da família por parte dos jovens e movimentos:
“Recordou-se
do Papa Francisco no Rio de Janeiro, que convidava os jovens a serem missionários
da coragem da estabilidade em contraste com uma cultura do provisório. E portanto
o Sínodo foi também convidado a fazer sentir o seu apoio, para aqueles que se empenham
por uma missão positiva da família hoje”.
O Diálogo inter-religioso e sobretudo
as situações em que os cristão se encontram junto a pessoas de outras religiões foi
outro tema importante tratado. Em particular, falou-se das diferentes realidades muçulmanas,
islâmicas. Neste sentido, o testemunho da manhã - dado por um casal, ela cristã e
ele muçulmano, que vivem uma relação harmônica - contrastava com a maior parte das
realidades dos casamentos mistos. Neste sentido “a situação da família, em um ambiente
de maioria muçulmana, tem diversas variantes e apresenta problemas pastorais específicos”.
(JE)