2014-10-08 18:36:42

Rádios católicas em apelo pela paz pelo Sudão do Sul


Adis Abeba (RV) - Novas negociações de paz para o Sudão do Sul estão sendo motivadas na Etiópia, na capital Adis Abeba, para terminar com as violências que começaram em dezembro de 2013 entre o exército fiel ao governo do Presidente daquele país, Salva Kiir, e as forças ligadas ao ex-vice Presidente, Riek Machar. O impasse começou quando as autoridades da capital do Sudão do Sul, Juba, proibiram, em particular, algumas rádios católicas, de cobrirem as questões políticas e de segurança do país.

Rádio Bakhita, emissora da Arquidiocese de Juba, foi fechada no final de agosto, para depois ser autorizada a retomar as transmissões sem, entretanto, divulgar notícias políticas. Já a Rádio ‘Voice of Hope’, da diocese de Wau, foi ameaçada de fechar, a menos que se restringisse a noticiar informações locais.

Em entrevista a Rádio Vaticano, falou a diretora da Rede Católica de Rádio (que compreende as emissoras do Sudão do Sul e de Monti Nuba), Enrica Valentini.

Enrica Valentini “Em algumas áreas disseram que cobrir esses eventos favorece a insegurança. A proibição foi feita não somente a nós, mas, em geral, a todos os veículos. Teve uma explícita solicitação do governo de não cobrir a versão da oposição ou eventos e informações que são dadas daquela parte.”

Rádio Vaticano – Então, existe uma ligação com as tensões que acontecem entre as forças fiéis ao Presidente Salva Kiir e aquelas próximas ao ex-Presidente, Riek Machar?

Enrica Valentini “Sim. Pediram explicitamente de cobrir somente a versão do governo, para não motivar insegurança e violência.”

RV – E como agiram as autoridades em relação às rádios católicas, em particular com a Bakhita e ‘Voice of Hope’?

Enrica Valentini “Existiram críticas abertas sobre as operações das rádios e sobre ter apresentado acontecimentos que incluíam também a visão da oposição. A última solicitação, por exemplo, no caso da Rádio ‘Voice of Hope’, foi de não divulgar notícias que viessem de fora do Estado de Bahr al-Ghazal (onde tem a sede da rádio), porque apresentar notícias que chegam, por exemplo, da Equatória ou da Upper Nile, cria uma maior insegurança.

RV – Qual é a resposta das rádios e da Rede de vocês?

Enrica Valentini“A função da Igreja e aquela das rádios é favorecer o conhecimento das pessoas, que devem saber o que acontece de maneira balanceada e equilibrada. Existe, então, a tentativa de continuar a trabalhar, procurando respeitar a ética do jornalismo e os valores da Igreja, o respeito da verdade e a promoção das pessoas.”

RV – As rádios comunitárias são, frequentemente, a única fonte de informação em nível local...

Enrica Valentini “Sim, fora a rádio administrada pelas Nações Unidas, que cobre muitas áreas, mas que normalmente não fala as línguas locais. As rádios comunitárias têm a vantagem de poder falar as línguas locais, permitindo às pessoas de compreender realmente aquilo que é dito.”

RV – As rádios católicas divulgam também sobre as negociações de paz?

Enrica Valentini “Sim. A gente procura mostrar às pessoas o que acontece também em Adis Abeba e come acontecem as negociações, porque são encontros que têm um impacto sobre o país e, dessa forma, toda a população é afetada, em maneira positiva ou negativa.”

RV – Por que as negociações de paz, mais uma vez, foram retomadas depois de 10 meses de conflitos entre o exército fiel a Salva Kiir e forças próximas a Riek Machar?

Enrica Valentini “A suspensão, agora, parece ser devido à falta de clareza sobre alguns pontos, como a formação de um governo ad interim: em especial, existem dúvidas sobre quanto esse período deve durar e que estrutura o governo deve haver. Outro elemento em discussão é a criação do cargo de primeiro-ministro.”

RV – Além dos contrastes pelo controle do poder, o conflito provocou dezenas de milhares de mortes, um milhão e meio de desabrigados, num país que está gravemente ameaçado pela fome, come se pronunciou a ONU. Que momento é esse pelo qual passa o Sudão do Sul?

Enrica Valentini “Existe muito por fazer. E há a necessidade de fornecer meios de subsistência à população. Uma prioridade, em especial do ponto de vista da agricultura: estamos chegando ao final da estação das chuvas e procuramos desfrutar ao máximo esse momento para poder produzir. As várias agências humanitárias estão incrementando o trabalho no âmbito de oferta e distribuição de alimentos; estão procurando fazer com que a população retorne aos lugares de residência, para que possa voltar a ter uma vida que possa-se dizer normal.”

RV – A esperança da Rede de Rádios Católicas, mas também da Igreja do Sudão do Sul, para os próximos meses, qual é?

Enrica Valentini“Primeiro de tudo que o cessar-fogo seja realmente respeitado. Esse também foi o apelo dos bispos do Sudão do Sul numa recente assembleia. Então, que tenhamos imediatamente paz e ausência de conflitos e violência.” (AC)








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