Continua a investigação de assassinato dos cinco jesuítas espanhóis em El Salvador
El Salvador (RV) - Foi expressa a satisfação da arquidiocese de São Salvador
– El Salvador, com a decisão da Audiência Nacional espanhola (Tribunal de Justiça
com sede em Madri) de continuar com a investigação sobre o assassinato dos cinco jesuítas
espanhóis ocorrido em 16 novembro de 1989, em São Salvador.
“A investigação
continua e isso é muito bom”, relatou à agência Efe no último domingo, o bispo auxiliar
Gregório Rosa Chávez, em coletiva de imprensa, realizada no final da missa na Catedral
Metropolitana.
O bispo recordou que os familiares dos cinco jesuítas decidiram
continuar com as investigações e afirmam estarem dispostos a perdoar os responsáveis
pelos assassinatos, desde que, “saibam o que ocorreu e o que é oficialmente reconhecido
pelo Governo de El Salvador”.
No dia 3 de outubro, a Audiência Nacional decidiu
por unanimidade, que os tribunais espanhóis têm competência para investigar crimes
de terrorismo e crimes contra a humanidade, apesar das limitações na aplicação de
normas.
Na prática, o tribunal de Madri, ampliou a investigação com a hipótese
de crimes contra a humanidade, apoiando a investigação conduzida pelo juiz Eloy Velasco,
que já havia progredido para crime de assassinato terrorista. Pelo crime devem responder
vinte militares salvadorenhos.
Em 16 de novembro de 1989, soldados do exército
salvadorenho entraram na Universidade Centroamericana José Simeón Cañas (UCA), em
São Salvador, e abriram fogo contra seis padres jesuítas, cinco espanhóis Ignacio
Ellacuría, Segundo Montes, Armando López, Ignacio Martín Baró, Juan Ramón Moreno,
e o Salvadorenho Joaquín López y López, e também contra a cozinheira, Julia Elba Ramos
e sua filha Celina, de dezesseis anos. Ficando para a história como “os mártires da
UCA”.
Os responsáveis pelo massacre, com a cobertura dos seus superiores, alegaram
que os jesuítas eram suspeitos de apoiar a teologia da libertação (sic) e de serem
subversivos esquerdistas aliados da Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional.
O massacre provocou uma onda de indignação em todo o mundo, aumentando a pressão da
comunidade internacional, visando que Governo e guerrilha iniciem um diálogo para
por fim na guerra civil em El Salvador.
Vinte anos depois, em 16 de novembro
de 2009, o governo salvadorenho, guiado por Mauricio Funes conferiu aos seis sacerdotes
ícones da Ordem Nacional José Matias Delgado, retirada da Honorificência pelos familiares
e amigos dos religiosos. (KSF)