Exercer a sinodalidade: falar claro, com coragem evangélica e de coração aberto, escutando
com humildade - o Papa aos padres sinodais
Com uma intervenção
introdutória, metodológica, prática, do Secretário do Sínodo dos Bispos, cardeal Baldisseri,
teve início, nesta segunda-feira de manhã, no Vaticano, a III Assembleia Geral Extraordinária
do Sínodo, tendo como tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.
Esta primeira reunião ("congregação geral", como é chamada) foi coordenada por um
dos três presidentes, nomeados pelo Papa - o cardeal VIngt-Trois, arcebispo de Paris,
que saudou os presentes.
Também o Papa tomou brevemente a palavra, agradecendo
todos os que trabalharam intensamente para a realização desta Assembleia e sublinhando
a dimensão de colegialidade e de sinodalidade que caracteriza esta assembleia. Exercer
a “sinodalidade” na assembleia que agora inicia – recordou o Papa – é uma grande responsabilidade:
é importante “falar claro”. Dizer tudo com “parresia” – coragem e frontalidade evangélica.
Sem respeito humano, com coração aberto.
Na sua breve intervenção – exortativa
e metodológica – o Papa Francisco começou por observar que os Padres sinodais são
portadores da voz das Igrejas particulares, congregadas em Conferências Episcopais,
fazendo notar desde logo uma distinção: “A Igreja universal e as Igrejas particulares
são de instituição divina, as Igrejas locais entendidas como tais são de instituição
humana.” Trata-se de um exercício de “sinodalidade”.
É uma grande
responsabilidade: trazer as realidades e as problemáticas das Igrejas, para as ajudar
a caminhar naquela via que é o Evangelho da família. Uma condição geral de base é
esta: falar claro. Ninguém diga: ‘Isto não se pode dizer, alguém pensará de mim isto
ou aquilo…’ É preciso dizer com parresia (frontalidade) tudo o que se sente.
O
Papa observou que, de pois do último Consistório, de fevereiro passado, em que se
falou da família, um Cardeal escreveu-me dizendo: é pena que alguns Cardeais não tenham
tido a coragem de dizer algumas coisas, com receio que o Papa pensasse algo de diferente…
Isto não está certo, isto não é sinodalidade, porque há que dizer
tudo aquilo que no Senhor cada um se sentir no dever de dizer: sem respeito humano,
sem acanhamento. E ao mesmo tempo, há que escutar com humildade e acolher de coração
aberto o que dizem os irmãos. É com estas duas atitudes que se exerce
a sinodalidade. Por isso, peço-vos, por favor, estas duas atitudes de irmãos no Senhor:
falar com parresia – clareza e coragem evangélicas – e escutar com humildade. Fazei-o
com muita tranquilidade e paz, porque o Sínodo decorre sempre cum
Petro et sub Petro e a presença do Pai é garantia para todos e custódia
da fé. Caros irmãos, colaboremos todos para que se afirme com clareza a dinâmica da
sinodalidade.
Após uma pausa, a meio da manhã, seguiu-se o chamado
"Relatório antes do Debate" - ampla apresentação global da temática desta Assembleia
Sinodal, da parte do Relator Geral, o cardeal Peter Erdo, arcebispo de Budapeste.
Nos 20 minutos que se seguiram, até às 12.30, foi dada a palavra aos presentes,
para breves comentários às intervenções da manhã.