Sínodo: D. Antonino Dias, Pres. Com. Episc. Laicado e Família apela à profundidade
das análises
Em Portugal, o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família num artigo de
opinião sobre o Sínodo dos Bispos escreve que a questão dos divorciados recasados,
que “está a assumir proporções elevadas”, “arrasta muito sofrimento e implica a receção
de sacramentos”. “Não se trata de razões meramente morais, disciplinares ou de
tradição. A questão é muito mais profunda. Há um parentesco espiritual e teológico
real profundo entre o sacramento da Eucaristia e o sacramento do Matrimónio e tem
de se ter em conta a própria natureza do que é a Eucaristia e do que implica a comunhão
Eucarística”, assinala D. Antonino Dias.
Em artigo publicado na mais recente
edição Semanário digital ECCLESIA, o bispo de Portalegre-Castelo Branco considera
que a entre todas as questões mais importantes e abertas ao debate, “talvez que a
dos divorciados recasados seja, neste momento, a mais mediática”, com “proporções
elevadas” geradora de “expectativas e esperanças” porque “mexe com pessoas concretas
e próximas, arrasta muito sofrimento e implica a receção de sacramentos”. O presidente
da Comissão Episcopal do Laicado e Família recorda que o cardeal Walter Kasper, a
pedido do Papa Francisco, apresentou algumas propostas para abrir o diálogo sobre
estas problemáticas que se colocam à família, como “uma alternativa à via jurídica
e uma nova hermenêutica jurídica e pastoral”. Para D. Antonino Dias, o cardeal
alemão levantou questões importantes e tornou presente ações “dos primeiros séculos
da Igreja em que, padres, queriam, por razões pastorais, para ‘evitar o pior’, tolerar
aquilo que em si mesmo é impossível de aceitar”.
O artigo assinala ainda que
o cardeal Walter Kasper apresentou condições possíveis para dar uma solução pastoral
“ao problema” onde interroga se a Igreja deve ou pode negar os sacramentos da Penitência
e da Eucaristia, “depois de um tempo de nova orientação (metanoia)”, a um divorciado
recasado que, por exemplo, “se arrepende do falhanço do seu primeiro matrimónio; tem
esclarecidas as obrigações do primeiro matrimónio e está definitivamente excluída
a possibilidade que volte atrás; se esforça por viver no melhor das suas possibilidades
o segundo matrimónio a partir da fé e de educar os próprios filhos na fé”. “Será
que se excluirmos dos sacramentos os cristãos divorciados recasados não estaremos
a colocar em discussão a estrutura fundamental sacramental da Igreja?”, interroga
o responsável da Comissão Episcopal do Laicado e Família, partindo de uma afirmação
do cardeal Walter Kasper.
O bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco comenta
também que estas propostas têm “aquecido muitos fusíveis de alta e de influente qualidade”. “Há
que aprofundar as questões, olhar para os casos concretos” e “ver que há situações
muito diferentes”, alerta. D. Antonino Dias revela que nesta “discussão” têm sido
apresentados outros contributos que lembram que “aceder à Comunhão não pode ser fruto
de um desejo que se quer fazer valer como se de um direito se tratasse” ou modo de
“expressar o sentimento de pertença a uma comunidade”. “O debate continua e vão-se
esgrimindo argumentos entre saberes e sensibilidades”, conclui o presidente da Comissão
Episcopal do Laicado e Família, no ECCLESIA dedicado ao Sínodo dos Bispos, que começa
este domingo no Vaticano. (CB/OC-Ecclesia)