2014-10-03 16:55:53

Embaixador de Cabo Verde em Roma recorda a tragédia de Lampedusa


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Hoje, 3 de outubro é Dia de Memória em Lampedusa. Há precisamente um ano, ao largo dessa pequena ilha siciliana, 368 migrantes, na sua grande maioria jovens africanos, perdiam a vida naquele que foi até agora o mais terrível naufrágio de migrantes no Mar Mediterrâneo. A jornalista italiana da nossa Emissora, Francesca Sabatinelli, sublinha o seguinte numa sua peça:


“Eram quase todas eritreias, as vítimas: homens, mulheres crianças em fuga da guerra e da pobreza, em direcção à Europa, à procura de protecção e de um futuro. 155 os sobreviventes, que ainda hoje não conseguem esquecer aquele horror: um incêndio, casado, infelizmente, pelos próprios migrantes, fez naufragar o precário barco em que se encontravam, fazendo cair ao mar as cerca de 500 pessoas que se encontravam a bordo. As imagens foram de uma tragédia sem precedentes, e nas horas que se seguiram deram a volta ao mundo: uma fila interminável de corpos postos um ao lado do outro, no porto, envolvidos em sacos de plástico; dezenas e dezenas de vidas interrompidas. E depois o infatigável trabalho dos socorristas que, por dias inteiros imersos nas águas sicilianas, procuraram sobreviventes e recuperaram vítimas.

Na sequência desse horror - que antes de mais mobilizou a solidariedade dos habitantes de Lampedusa - a Itália lançou a vasta operação denominada "Mare Nostrum" para patrulhamento e socorro e que, nestes meses, conduziu a Porto seguro 140 mil pessoas.

Não obstante isto, a OIM, Organização Internacional das Migrações, denuncia que desde o inicio deste ano já morreram no Mediterrânio três mil migrantes.

Em Novembro próximo, "Mare Nostrum" - cujas despesas não podem continuar a ser sustidas unicamente pela Itália - deixará lugar a "Tritone" (inicialmente denominado "Frontex Plus") operação conjunta gerida pela agencia europeia Frontex que, no entanto, segundo muitos peritos não estará nunca ao nível de Mare Nostrum na gestão dos Socorros.

A União Europeia, repetem em coro as organizações humanitárias - deve “patrulhar as águas internacionais e garantir um refugio na Europa às pessoas que fogem dos próprios países mediante canais regulares, percursos de solidariedade e vistos humanitários”
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O Embaixador de Cabo Verdejunto do Estado italiano, Dr. Manuel Amante, foi um dos cinco embaixadores africanos que foram a Lampedusa o ano passado por ocasião desse terrível naufrágio. "Uma experiencia dolorosa" - sublinha, frisando que o corpo diplomático africano em Itália inform-se constantemente junto do Estado italiano sobre o andamento da situação, uma situação perante a qual - diz - a África se sente impontente, pois que se trata de redes de criminosos que embarcam os migrantes em naus inseguras.

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Cabo Verde, país de emigração, é - disse-nos há poucos dias em Roma a Ministra das Comunidades - solidaria com a situação dos migrantes que viajam em condições de insegurança.

Fernanda Fernandes considera que ninguém pode ficar indefernte a esse fenómeno que leva à perda de tantas vidas humanas, especialmente jovens. Por isso Cabo Verde se sente também interpelada por esta situação que, de tanto repetir-se corre o risco de parecer normal.

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Quanto à sua migração, é sobretudo com a questão dos deportados, especialmente dos Estados Unidos, que Cabo Verde se tem visto a braços. Razão pela qual um dos pilares da sua estratégia política é preparar as pessoas que optam pela emigração a fazerem-no com consciencia das vantagens e desvantagem dessa opção. E começaram por fazer essa ação de informação prcisamente em relação aos que emigram para os Estados Unidos.

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Foto: O Embaixador Manuel Amante (segundo da esquerda) com outros Embaixadores africanos em Lampedusa em Outubro de 2013, prontos a lançar ao mar coroas de flores em memória dos emigrantes perecidos no mar.







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