Bispos nigerianos alertam para perigo 'Boko Haram'
Lagos (RV) – A Conferência Episcopal da Nigéria, após reunião plenária, emitiu
uma declaração a respeito da violência perpetrada pelo grupo terrorista Boko Haram,
que segue atacando o nordeste do país a partir da sua base no Estado de Borno.
A
declaração é assinada por Dom Ignatius Ayau Kaigama, arcebispo de Jos e presidente
da Conferência Episcopal da Nigéria, e por Dom William Avenya, de Gboko, Secretário
da Conferência.
"Enquanto Nigéria sangra e arde"
"Nossa segunda
Reunião Plenária Anual, na diocese de Warri, Estado do Delta, foi sacudida todos os
dias por notícias aterradoras, vindas, em primeira mão, de Borno, Yobe, Adamawa, Taraba,
Kano e Kaduna: elas relatavam a matança em massa de irmãos nigerianos; incêndios e
saques de vilas inteiras, de igrejas e de casas paroquiais. Famílias e indivíduos
são obrigados a procurar refúgio fora das suas casas e das suas terras invadidas.
Um
dos nossos bispos, procedente dessas áreas de tragédia, teve de abandonar abruptamente
a nossa reunião porque milhares de refugiados haviam afluído à sua catedral em busca
de proteção e de alimentos. Infelizmente, a situação atual no nordeste da Nigéria
é de mais assassinatos, incêndios e fuga de nigerianos indefesos, criando-se uma sensação
de grande inquietação e de cerco em toda a nação.
Enquanto a Nigéria tragicamente
sangra e arde, nós, bispos, nos declaramos realmente alarmados com as dimensões da
destruição humana e material, com o esfacelamento da vida nas aldeias e nas comunidades
e com o aumento dos níveis de ódio e de potencialidade de mais conflitos no país.
Se os muçulmanos são alvos esporádicos desses ataques destrutivos, os cristãos, as
igrejas e os não muçulmanos em geral são os principais alvos de extermínio, de expropriação
e de expulsão por parte dos insurgentes do Boko Haram, autores de todas essas formas
de destruição.
Acreditamos que ainda temos governo, em nível federal e estadual,
cujo principal dever é preservar e proteger a vida de cada nigeriano, independentemente
de tribo, religião, classe social ou tradição.
Em vista do grupo Boko Haram
e de outras milícias criminosas que se armam para impunemente matar cidadãos inocentes
e indefesos, o nosso governo tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje
a fim de proteger as nossas vidas e defender a nossa nação. Tem a obrigação de fazer
mais do que está fazendo hoje para combater e desarmar esses reais destruidores de
nigerianos e da Nigéria. Tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje para
evitar que segmentos da nossa nação sejam engolidos pela anarquia e pela destruição
mútua. Tem a obrigação de levar os criminosos à justiça.
Alertamos toda comunidade
nigeriana, em seus níveis locais e estaduais, para o grave perigo que ameaça a nós
todos e a nossa nação, perigos vindos de dentro e de fora dela. Não está em questão
quem será presidente, governador ou senador depois das eleições gerais de 2015. O
que está em questão é a vida e a segurança de cada um de nós, que ama a sua vida e
se preocupa de verdade com o nosso convívio pacífico e nobre como nigerianos.
Lançamos
um apelo, portanto, para que todos nós apoiemos e encorajemos cada esforço positivo
do governo atual voltado a proteger os nigerianos e defender a integridade e a unidade
da Nigéria. Tomemos as medidas legais locais para evitar a destruição dos nossos irmãos
nigerianos e para repelir os destruidores da Nigéria.
Ordenamos que o nosso
escritório da Caritas forneça imediatamente os fundos de socorro a todas as pessoas
afetadas, conforme as nossas capacidades.
Instamos o governo e todos os nigerianos
que tenham recursos para que ajudem, na caridade e na solidariedade, os nossos irmãos
e irmãs desabrigados, onde quer que eles estejam, preservando, assim, a nossa dignidade
humana concedida por Deus.
De acordo com a nossa vocação de líderes religiosos,
nós, bispos da Nigéria, decidimos também organizar uma noite nacional de oração, de
13 a 14 de novembro de 2014, em Abuja.
Os momentos atuais são críticos para
o nosso país. Todo aquele que está em posição de autoridade deve fazer o máximo possível
para salvar o nosso amado país, a Nigéria".
A mensagem dos bispos nigerianos
foi traduzida em português pela equipe da Agência Zenit. (CM)