Arcebispo de Argel: decapitação de Gourdel chocou o país
Argel (RV)
– Medo na Argélia após a decapitação do francês Hervé Gourdel por um grupo jihadista
local. Sobre a situação vivida no país, a Rádio Vaticano entrevistou o Arcebispo de
Argel, Dom Ghaleb Bader:
Dom Ghaleb: “Todos os argelinos estão em
estado de choque por este acontecimento, sobretudo porque desde os anos 90, aqueles
anos escuros, não existiam mais fatos deste gênero. Voltar a este clima, a esta barbárie,
chocou a todos. Mas em Argel, a capital, não se sente este clima. O fato aconteceu
em uma zona remota das montanhas, e portanto, deveria ficar restrito àquele contexto,
isto é, de alguém que foi às montanhas, em uma zona sem segurança e longe daqui.
As pessoas estão desgostosas, todos estão desgostosos. Acredito, porém, que permanecerá
como um fato isolado e que não voltaremos a viver o clima dos anos 90”.
RV:
A Igreja na Argélia, como está vivendo este período em que o Estado Islâmico avança?
Dom
Ghaleb: “Este Estado Islâmico diz respeito ao Islã antes que à Igreja e aos
muçulmanos, antes que aos cristãos. O Estado Islâmico não nasceu contra a Igreja ou
contra os cristãos, é uma deformação da religião muçulmana que quer impor o Islã como
religião, como Estado, a todos. De momento, ao menos na Argélia, eu diria que não
mudou nada. O medo dos anos 90 é distante, mas fatos do gênero fazem voltar à mente
de todos – não somente da Igreja – toda a barbárie daqueles anos. Mas como Igreja,
não somos ameaçados”.
RV: Como vive a Igreja na Argélia atualmente?
Dom
Ghaleb: “Para a Igreja não mudou nada. Pedi a todos os meus sacerdotes, religiosos
e religiosas, para estarem atentos, porque em uma situação deste tipo, a prudência
nunca é demais. Mas não existe nada de grave, de explícito, que nos faça dizer que
a Igreja está em perigo... no momento não existe nada. Esperemos que continue assim”.
(JE)