Uberaba - (RV) - Em clima de eleições, de uso da liberdade, o voto deve ser
expressão divina no exercício humano da cidadania. Votar com liberdade e consciência
é expressar a vontade de Deus, transferindo para o eleito o verdadeiro poder. Não
é uma tarefa fácil, porque somos influenciados por interesses particulares, dificultando
o entendimento de que o voto tem consequências na vida da sociedade. Um eleitor
cristão e consciente de sua responsabilidade deve dialogar com Deus pedindo a inspiração
para dar um voto de qualidade. É hora de pensar no bem comum, nos benefícios que isto
poderá trazer para o país e os Estados nos próximos quatro anos. As promessas são
muitas, até de coisas impossíveis, mas não podemos ficar acreditando nelas. Quem promete
muito acaba não fazendo nada de concreto que favoreça o povo. Temos dificuldade
para conhecer a pessoa certa. Há até um descrédito em quem é honesto. Como o corporativismo
é muito forte, entendemos que o honesto também vai ser corrompido. Muitas vezes ficamos
surpresos com a atuação das pessoas. Alguém que parece ser sem esperança, acaba fazendo
o bem. Outro ser o contrário e não faz nada. É como o filho que disse ao pai: vou
e não foi; quem disse não ir e foi (Mt 21,28-29). Quem se sente perfeito precisa
tomar cuidado para não cair. A força divina está mais presente nos corações simples,
às vezes no mais pecador, mas de coração “elástico” e capaz de acolher o amor de Deus.
Isto cria diálogo entre o divino e o humano, eleva a pessoa e o aproxima da perfeição,
contida em sua totalidade em Deus. Na pedagogia divina dizemos que Deus castiga
o “injusto” e recompensa o “justo”. Ele é capaz de fazer o bem mesmo que o caminho
não tenha sido bom. Sua bondade está acima das imperfeiçoes humanas, mas conta com
o uso de nosso livre arbítrio. Espera do homem e da mulher a superação de todo tipo
de maldade e ofensa. O egoísmo e a arrogância obscurecem esse relacionamento. Dom
Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.