Para um comentário sobre a quarta viagem internacional do Papa Francisco, Fabio Colagrande
contactou por telefone o Padre Federico Lombardi, na comitiva do Papa: Gostaria
de dar imediatamente uma pequena nota interessante. Falei há pouco com o Padre David
Djudja, um colega nosso da Rádio Vaticano, que faz de intérprete para o Papa nesta
viagem, e ele me dizia que, enquanto estavam juntos no carro, vindo do aeroporto para
Tirana, o Papa lhe dizia: "Mas que população jovem! Mas quantos jovens!" Pensando
que estamos na Europa que, pelo contrário – como ele muitas vezes diz – está a envelhecer
um pouco. Então, este tema da população jovem, que o impressionou, nós o ouvimos regressar
nos seus discursos: disse-o claramente quer na homilia, quer depois no momento do
Angelus. O Papa fala a um povo jovem e, neste sentido, realça a esperança na construção
do futuro e em dar um contributo positivo à Europa, na qual este povo se quer inserir
plenamente. E depois uma outra coisa: o Papa, vendo todos os símbolos das águias ao
longo da estrada, dizia ao Padre David que a águia voa alto, mas não abandona o seu
ninho, sempre volta ao seu ninho, mesmo voando alto. E este é também um tema que sobressaiu
nos seus discursos esta manhã, e que se vê que o toca. Albânia, País das águias: este
símbolo é muito interessante, muito importante: a águia é capaz de grandes altitudes,
de ideais, de grandes testemunhos, como o dos mártires que estamos a comemorar aqui
neste dia de uma forma muito, muito intensa. Mas também é fiel: fiel à sua história,
fiel às suas origens, capazes de voltar aos valores das suas origens, para testemunhá-los
no futuro. Uma outra coisinha que o Papa disse ao Padre David, vindo no carro,
é que ele conheceu Madre Teresa no Sínodo de 94. O Papa estava no Sínodo e Madre Teresa
também estava no Sínodo. Como se sabe, de vez em quando, de facto, as grandes figuras
do catolicismo são chamadas pelo Papa para participar no Sínodo. Bergoglio tinha Madre
Teresa atrás de si, perto, e ouvia-a intervir muitas vezes com muita força, sem se
deixar, no mínimo, impressionar com toda aquela assembleia de bispos. E então havia
conservado uma grande estima por ela, precisamente como uma mulher forte, como uma
mulher capaz de dar um testemunho corajoso. Depois fazia a piada: "Eu teria medo de
tê-la como superiora, porque era uma mulher muito forte". Bem, este é o Papa que chega
a Tirana do aeroporto, faz este tipo de observações. Quando chega no Palácio presidencial,
o presidente fá-lo sentar diante de um livro de honra para nele colocar o seu testemunho.
Posso dizer-vos o que ele escreveu, porque depois eu tomei nota. Ele escreveu: "Ao
nobre povo albanês, com o meu respeito e admiração pelo seu testemunho e a sua fraternidade
em levar para frente o país”. Portanto, vemos que voltam estes conceitos que ele
nos havia acenado, enquanto falava da preparação da viagem. Voltam um pouco como
refrão nos seus discursos e nos vários momentos: a admiração e a estima para com este
povo, quer pelo testemunho de coragem, de que os mártires são o exemplo mais extraordinário,
quer pela fraternidade, a capacidade de convivência, apesar das diferenças. Disseram-me
que também o colóquio com o presidente foi muito intenso, que o presidente estava
muito emocionado, muito comovido, talvez até um pouco amedrontado, mas certamente
muito emocionado. O Presidente Bektashi é muçulmano e falou com o Papa com muita gratidão,
dizendo-lhe que de facto a harmonia entre as religiões, que se tenta viver agora aqui
na Albânia, fortalece muito também a democracia e o desenvolvimento da nação. Portanto,
é muito grato ao apoio que a Santa Sé dá e que também o Papa dá com esta viagem, e
diz que esta é uma bênção. Este tema da bênção, vê-se que é fortemente sentido, mesmo
pelos muçulmanos. É uma palavra forte, e todos esperam esta viagem como uma bênção
do Santo Padre para o povo, para o País, para o seu futuro. Não sei se vos apercebestes,
durante o seu discurso, o Papa num ponto fez uma pequena nota e disse a palavra "respeito".
A palavra "respeito" aqui é, pois, uma palavra essencial. O Padre David, que estava
presente como intérprete durante o colóquio, me disse: "Sim, durante o colóquio, falou-se
e insistiu-se muito no respeito; é uma palavra - disse o presidente - muito importante
para os albaneses na sua convivência". E o Papa imediatamente o retomou e no seu discurso
voltou a este tema do respeito que, obviamente, o presidente lhe havia sugerido como
importante Eu diria, portanto, que estamos a avançar com uma viagem em que as contribuições
do Papa são muito fortes sobre estes temas, que de alguma forma nos havia anunciado:
da convivência na paz, da religião, da convivência entre as religiões como elemento
de paz e de diálogo e não de tensão e conflito, o que é hoje uma mensagem de actualidade
incrível para as diferentes partes do mundo; e depois também o tema da esperança,
da fidelidade aos grandes valores, à coragem e à força do testemunho na construção
do futuro. Parece-me, pois, que é uma viagem que se apresenta muito uniforme em termos
de mensagens, muito forte e com um povo que está mais do que pronto para receber estas
mensagens, ansioso para recebê-las. Esperamos, portanto, que seja precisamente aquilo
que esta viagem deve ser: uma mensagem de grande força e encorajamento para este povo
extraordinário, com a sua história de sofrimento e de testemunho, que também possa
ser um bom futuro de paz, de construção e serviço à comunidade internacional, a quem
os albaneses podem dar muito (BS).