2014-09-21 11:37:55

Papa na cerimônia de boas-vindas em Tirana: "liberdade, diálogo e convivência pacífica"


Tirana (RV) - O Presidente da República da Albânia, Bujar Nishani, pronunciou seu discurso de boas-vindas ao Papa Francisco, o qual, por sua vez, agradeceu ao Presidente pelas amáveis palavras, em nome dos presentes e de toda a nação.

Em seu discurso, o Bispo de Roma saudou os presentes e expressou sua “imensa alegria de estar na nobre terra da Albânia: terra de heróis, que sacrificaram a vida pela independência do país; terra de mártires, que testemunharam a sua fé nos tempos difíceis de perseguição.

E, ao agradecer o convite de visitar a Albânia, chamada “Terra das águias”, e a calorosa recepção festiva, o Pontífice disse:

Passou quase um quarto de século desde que a Albânia reencontrou o caminho árduo, mas emocionante, da liberdade. Esta permitiu à sociedade albanesa empreender um percurso de reconstrução material e espiritual, pôr em movimento tantas energias e iniciativas, abrir-se à colaboração e a permutas com os países vizinhos dos Balcãs e do Mediterrâneo, da Europa e do mundo inteiro. A liberdade reencontrada permitiu-lhes olhar para o futuro com confiança e esperança, iniciar projetos e tecer de novo relações de amizade com nações vizinhas e distantes”.

Na realidade, o respeito dos direitos humanos, entre os quais sobressai a liberdade religiosa e a liberdade de expressão do pensamento - disse o Papa - é condição preliminar para o próprio progresso econômico e social de um país. Quando a dignidade do homem é respeitada e os seus direitos são reconhecidos e garantidos, florescem também a criatividade e a audácia, podendo a pessoa humana criar inúmeras iniciativas em prol do bem comum. E o Pontífice acrescentou:

Alegro-me, de modo particular, por uma característica feliz da Albânia, que deve ser preservada com todo zelo e atenção: a convivência pacífica e a colaboração entre os membros das diferentes religiões. O clima de respeito e mútua confiança entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem precioso para o país e adquire uma relevância especial, neste nosso tempo, no qual é deturpado, por parte de grupos extremistas, o autêntico sentido religioso; são distorcidas e manipuladas as diferenças entre as várias confissões, fazendo delas um perigoso fator de conflito e violência, em vez de ocasião de diálogo aberto e respeitoso e de reflexão comum sobre o que significa crer em Deus e seguir a sua lei”.

Ninguém, - advertiu o Pontífice - pense de poder ter Deus como escudo, enquanto projeta e comete atos de violência e vexação! Ninguém aproveite da religião como pretexto para as suas ações, contrárias à dignidade do homem e aos seus direitos humanos fundamentais, principalmente o direito à vida e à liberdade religiosa! O que está acontecendo aqui na Albânia – acrescentou - demonstra, pelo contrário, que a convivência pacífica e fecunda entre pessoas e comunidades pertencentes a diferentes religiões é não só desejável, mas também concretamente possível e realizável. E o Papa continuou:

A convivência pacífica entre as várias comunidades religiosas é, efetivamente, um bem inestimável para a paz e o desenvolvimento harmonioso de um povo. Trata-se de um valor que deve ser defendido e incrementado, a cada dia, através da educação ao respeito das diferenças e das identidades específicas, abertas ao diálogo e à cooperação, para o bem de todos, através do exercício do conhecimento e da estima recíprocos. Este é um dom que se deve pedir, incessantemente, ao Senhor na oração. Que a Albânia possa continuar sempre por esta estrada, tornando-se um exemplo de inspiração para tantos países!

O Bispo de Roma continuou seu discurso dizendo: “Depois do inverno do isolamento e das perseguições, chegou, finalmente, a primavera da liberdade -. Através de eleições livres e novos ordenamentos institucionais, consolidou-se o pluralismo democrático, e isto favoreceu também a retomada das atividades econômicas”.

“Muitos, especialmente no início, motivados pela busca de trabalho e de melhores condições de vida, tomaram o caminho da emigração e contribuem, à sua maneira, para o progresso da sociedade albanesa, enquanto outros redescobriram as razões para permanecer na pátria e construí-la a partir de dentro. As fadigas e os sacrifícios de todos cooperaram para a melhoria das condições gerais”.

Por outro lado, - afirmou o Santo Padre – “a Igreja Católica pôde voltar a uma vida normal, reconstituindo a sua hierarquia e reatando os fios de uma longa tradição. Foram edificados ou reconstruídos lugares de culto, entre os quais sobressai o Santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho em Escútari; foram fundadas escolas e importantes centros de educação e de assistência, postos à disposição de toda a população. Por isso, a presença da Igreja e a sua atividade são vistas, justamente, como um serviço à nação inteira, e não apenas à comunidade católica”.

Neste contexto, o Bispo de Roma recordou a bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá, que, junto com os mártires, deu heróico testemunho da sua fé. A eles o Papa expressou seu mais alto reconhecimento: “Eles se alegram no Céu pelo empenho dos homens e mulheres de boa vontade, que fazem reflorescer a sociedade e a Igreja na Albânia”.

Ao término do seu discurso, o Pontífice advertiu para os novos desafios, que se apresentam ao país e que aguardam respostas concretas. “Em um mundo, que tende à globalização econômica e cultural, - afirmou o Papa - é preciso fazer todo o esforço possível para que o crescimento e o progresso sejam possíveis em prol de todos e não apenas de uma parte da população. Além disso, tal progresso só será autêntico se for também sustentável e equitativo, isto é, se tiver bem presente os direitos dos pobres e o respeito do meio ambiente. E deixou sua exortação final:

“A globalização dos mercados deve ser correspondida com a globalização da solidariedade; o crescimento econômico deve ser acompanhado por um maior respeito pela criação; além dos direitos individuais, devem ser tutelados também os direitos das realidades intermédias, entre o indivíduo e o Estado, dando particular ênfase à família. Hoje a Albânia pode enfrentar estes desafios em um contexto de liberdade e estabilidade, que deve ser consolidado e que permita olhar para o futuro com esperança”.

O Papa Francisco concluiu seu discurso de boas-vindas à Albânia, agradecendo, cordialmente, a todos pela delicada hospitalidade e invocando sobre o país, - como fez São João Paulo II, em abril de 1993 - a proteção de Maria, Mãe do Bom Conselho, confiando-lhe as esperanças de todo o povo albanês. (MT)








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