2014-09-19 20:06:30

Mianmar: arcebispo de Yangun denuncia tráfico de seres humanos nos países limítrofes


Yangun (RV) - O arcebispo de Yangun – capital de Mianmar –, Dom Charles Bo, denuncia, numa carta aberta dramática e veemente, a triste situação de muitos, em particular mulheres e meninas, vítimas do tráfico de seres humanos nos países confinantes.

Mianmar, país do sudeste asiático, "tem uma deprimente história de permitir a seus filhos e filhas que sejam explorados por toda e qualquer nação do globo" – escreve Dom Bo.

"Somos uma nação de êxodo. Um êxodo projetado e executado por desastres causados pelo homem, seis décadas de ditadura impiedosa que prolongou o subdesenvolvimento. Nas últimas duas décadas mais de três milhões de pessoas foram obrigadas a arriscar a emigração. Nossos jovens tiveram que fugir da pobreza, da guerra, da perseguição, da falta de instrução e da falta de trabalho", ressalta o arcebispo.

Em nosso país, os traficantes de seres humanos fazem um grande negócio à custa de jovens inocentes. Eles foram vendidos como mercadorias, como os trabalhadores desprovidos de documentos nas plantações na Malásia, como as domésticas pagas com subsalários exploradas na Tailândia, como objetos do desejo no mercado do sexo da Tailândia e da China, como mulheres temporárias de homens ricos em países vizinhos, utilizadas como fábricas para crianças e depois descartadas como lixo. Centenas voltam para casa com corpos e almas dilacerados.

Este problema chamou a atenção do governo de Mianmar somente nestes últimos anos. As agências internacionais acusaram o governo da ex-Birmânia de indiferença para com este problema, inclusive acusando alguns funcionários de conivência com o tráfico de seres humanos. Grupos pelos direitos civis reiteradas vezes acusaram o governo militar devido ao trabalho forçado e pela incapacidade de proteger as fronteiras dos traficantes de seres humanos.

O que mais nos entristece, ressalta o arcebispo de Yangun, é a ausência de fortes mecanismos internos que ponham um freio à difusão deste tráfico. As jovens, em particular do delta, são vítimas do tráfico nas áreas industriais, nas cidades de confim, nas áreas minerarias e nas zonas de cassinos e do turismo sexual.

Como Igreja – conclui Dom Bo –, asseguramos com todo o coração a nossa cooperação aos esforços do governo para dar fim ao inferno em que milhares de nossos jovens inocentes são entregues por máfias sem coração. (...) Também o Papa Francisco não perde ocasião para denunciar as "muitas formas abomináveis de escravidão que persistem no mundo de hoje" e se uniu aos líderes de outras grandes religiões para promover os ideais de fé e dos valores humanos, a fim de erradicar a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos. "Permitam que neste país, abolindo toda forma de escravidão moderna, nasça um novo alvorecer de liberdade." (RL)







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