Cardeal Parolin sobre visita do Papa à Albânia: religião jamais seja motivo de conflito
Cidade do Vaticano (RV) - Na vigília da viagem do Papa Francisco à Albânia,
a realizar-se este domingo, 21 de setembro, o Cardeal Secretário de Estado Pietro
Parolin ilustrou – numa entrevista concedida ao Centro Televisivo Vaticano (CTV) –
os principais temas no centro da visita, sobretudo, após os anos sombrios do regime,
a capacidade do país de ter escolhido o caminho do diálogo com um governo de unidade
nacional entre islâmicos, ortodoxos e católicos. Eis o que disse o purpurado:
Cardeal
Pietro Parolin:- "O diálogo é possível, a cultura do encontro é possível – sobre
a qual o Papa tanto insiste. E gostaria de ressaltar o fato de o Papa preferir falar
sempre através de exemplos concretos, mediante modelos. (...) Creio que o Papa Francisco
tenha escolhido ir à Albânia para ressaltar que este país, que – como sabemos – viveu
grandes dificuldades em seu passado, escolheu jamais utilizar a religião como motivo
de confronto e de conflito."
CTV: Qual é o encorajamento que a Santa
Sé quer dar hoje à Albânia, que desde junho passado é oficialmente candidata à adesão
na União Européia? Quais são as questões mais prementes às quais se deve dar uma resposta?
Cardeal
Pietro Parolin:- "A Albânia sai de um longo inverno de isolamento em relação aos
outros países e, por isso, a Santa Sé oferece seu encorajamento, oferece seu apoio
à integração européia da Albânia, recordando também a contribuição específica que
a Albânia pode dar a essa integração. Podemos recordar o patrimônio espiritual, que
foi conservado apesar dos anos da repressão religiosa, da perseguição religiosa, e
que deve ser custodiado e vivificado. Podemos recordar, por exemplo, o forte sentido
da família que caracteriza a sociedade albanesa, justamente com esta característica
que o Papa apreça, de um lado, a dos jovens, que de certo modo são o futuro, e, de
outro, a dos anciãos, que de certo modo são a memória e um patrimônio de sabedoria
e de experiência que deve ser valorizado. Portanto, levando essas suas riquezas e
essas suas características peculiares, a Albânia poderá contribuir de modo eficaz
para o projeto de integração européia."
CTV: Nesta sua visita de um
dia o Pontífice encontrará também sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas
e membros dos movimentos leigos. Qual é hoje a vida da Igreja neste país balcânico,
quais são seus traços peculiares?
Cardeal Pietro Parolin:- "Trata-se
de uma Igreja jovem, com muitos jovens e muitas pessoas que se aproximam da fé; uma
Igreja caracterizada pela nota do martírio, um testemunho apreciado por todos, porque
foi um testemunho de perdão em relação aos perseguidores. Uma Igreja caracterizada
também por uma fé simples, sobretudo por parte das pessoas anciãs, que souberam preservá-la
e transmiti-la para além deste período atormentado e flagelado pela perseguição; e
uma Igreja também missionária, no sentido que recebeu muitos missionários. Sobretudo
após a queda do regime, diante do desaparecimento quase total do clero local, houve
uma grande generosidade por parte dos missionários que foram para a Albânia, trabalhar
naquele país, entre esses encontram-se também os missionários italianos, que deram
uma das maiores contribuições. Creio que essas são as características principais desta
Igreja, que devem traduzir-se também num renovado compromisso para continuar a crescer
e a transmitir a fé e a valorizar todos os seus componentes." (RL)