Encontro "Rede Eclesial Pan-Amazônica": o rosto amazônico da Igreja, nas palavras
de Dom Leonardo Steiner
Brasília (RV) – Este segundo dia do
encontro ‘Rede Eclesial Pan-amazônica’ teve início com a celebração de uma Missa,
às 7 horas da manhã, sob a responsabilidade do grupo equatoriano, no pátio arborizado
das Pontifícias Obras Missionárias. Frutas da região amazônica, representando a diversidade
do seu bioma, águas do rio Negro e Solimões e, para contrastar, uma motosserra e pedaços
de madeira cortada – representando as ameaças ao equilíbrio daquele complexo ecossistema
- ilustraram a celebração. Dom Cláudio Hummes, que conseguiu chegar ao encontro somente
na noite de ontem por estar na Amazonia, presidiu a celebração realizada sobre um
tapete de folhas caídas, em função do tempo seco e do “inverno” brasiliense. Na homilia,
o Presidente da Comissão para a Amazonia recordou, entre outros, o encontro do Papa
Francisco com o episcopado brasileiro durante a JMJ, onde ele falou do rosto amazônico
da Igreja e defendeu a importância de desenvolver a formação de um clero autóctone:
religiosos, sacerdotes, bispos. No início dos trabalhos da manhã, foi projetado
o vídeo do encontro do Papa na Sala Paulo VI com os jornalistas, no início do Pontificado,
onde explicava o porquê da escolha do nome Francisco. Bergoglio contou na ocasião,
que quando “a votação começava a chegar a um ponto perigoso, Dom Claudio o abraçou
e sussurrou espontaneamente as palavras ‘não esqueça dos pobres’, o que acabou desencadeando
um processo interno no novo Pontífice, levando-o a assumir o nome do ‘Pobre de Assis’. O
Presidente da Comissão da Amazônia – que era aguardado desde o início do encontro
– tomou então a palavra contando algumas particularidades do que ocorreu na Capela
Sistina naquele momento histórico. Dom Cláudio recordou que durante a contagem dos
votos, mesmo já eleito, Bergoglio segurava o terço e rezava. “É um homem de oração”,
disse Dom Hummes, contando que Bergoglio não quis subir no trono, preferindo receber
os cardeais na parte debaixo, rindo junto com eles, saudando e abraçando a todos com
uma espontaneidade surpreendente, “como se fosse Papa há 20 anos”. Dom Claudio afirmou
estar certo que naquele momento, em que estavam lado a lado e Bergoglio pensava na
escolha do nome e “nos pobres”, “ele pensou no Brasil”. A primeira conferência
da manhã tratou de maneira crítica dos ‘Grandes Projetos’ que estão sendo implantados
na Amazônia - como estradas, plantações de monocultura, gasodutos, áreas de mineração
e as grandes hidrelétricas -, e após tratou-se dos impactos sobre as populações tradicionais.
Os trabalhos da manhã foram concluídos com o tema das Mudanças Climáticas e os conflitos
sócio-ambientais. A Rádio Vaticano conversou com o Secretário Geral da CNBB, Dom
Leonardo Steiner, sobre o “rosto amazônico da Igreja” diante dos desafios existentes
naquela realidade: (Clique acima para ouvir) (JE)