Burundi: a dor do povo pelas religiosas assassinadas
Cidade do Vaticano (RV) - Após a prisão de um homem 33 anos de idade, que confessou
ter matado as três religiosas italianas em uma missão em Kamenge, nos arredores da
capital do Burundi Bujumbura, continua-se a questionar sobre os motivos reais de tanta
violência. De fato, não convence o seu argumento, ou seja, de que o convento estaria
em um terreno de sua propriedade.
Dúvidas também permanecem sobre se o homem
agiu sozinho. Entretanto, enquanto prosseguem as investações da polícia, na missa
celebrada nesta quarta-feira, a comunidade cristã local se reuniu ao redor dos três
caixões para rezar pelas religiosas, antes da transferência para Bukavu, na República
Democrática do Congo, onde nesta quinta-feira serão realizados os funerais. A Rádio
Vaticano ouviu ontem o Padre xaveriano Rubén Macias, que se encontra em Kamenge:
R.
Estamos neste momento saindo da missa. Quase todos os bispos do Burundi estavam
presentes. Havia tantas autoridades e, principalmente, havia um povo de Deus que sofre
com esta violência, que quer proclamar que o amor deve vencer tudo. Nós celebramos
a Santa Missa na presença de uma multidão de pessoas. Agora estão levando os corpos
para o Congo. Será feita ainda uma parada na cidade de Luvungi, onde as irmãs tinham
trabalhado por um longo tempo. Na manhã desta quinta-feira irão para Bukavu, onde,
na Catedral, o arcebispo irá celebrar a Missa. Depois serão sepultadas na comunidade
das xaverianas em Bukavu.
P. - Qual é o clima, o sentimento mais comum
entre as pessoas que vivem ali?
R. - Há uma mistura de sentimentos, porque
elas foram assassinadas com uma violência, com uma crueldade inimagináveis ... Eram
irmãs cheias de amor! Nesta cerimônia quisemos proclamar precisamente isso: o amor
que vence, apesar de tudo. A prisão do homem acusado do massacre deu um pouco de alívio
aos nossos corações, e essa violência não pode vencer o amor dessas irmãs que deram
suas vidas - mais de 40 anos – pela África.
P. - Precisamente na terça-feira
a prisão e confissão desse jovem. A polícia de Bujumbura não tem dúvidas sobre sua
culpa: ele mesmo confessou. No entanto, há dúvidas, dúvidas que permanecem ainda em
vocês?
R. - Sim. Saber se ele agiu sozinho. Ele confessou. A polícia
tem certeza de que ele tinha o número de telefone da irmã Lúcia e também a chave da
casa. Portanto, há muitos, muitos elementos para afirmar que é ele o assassino. Eu
o vi, estive diante dele, olhos nos olhos ... Não é louco: é um homem que sabia o
que estava fazendo. Então, ele agiu sozinho? Esta é a pergunta. A polícia está realizando
o seu trabalho, temos confiança nela e esperamos o resultado da investigação. (SP)