Pesar do Papa pelas religiosas assassinadas em Burundi
Cidade do Vaticano(RV)
- O Papa Francisco expressa seu profundo pesar pela morte de três irmãs missionárias
xaverianas, assassinadas em seu convento em Burundi na missão de Kamenge, zona norte
da capital Bujumbura. Trata-se de Irmã Olga Raschietti, Irmã Lucia Pulici, e Irmã
Bernardetta Boggian.
Em dois telegramas, um ao núncio em Burundi – Dom Evariste
Ngoyagoye – e outro à superiora geral das Missionárias Xaverianas – irmã Inês Frizza
–, o Santo Padre se diz consternado pela trágica morte das religiosas e faz votos
de que "o sangue derramado se torne semente de esperança para construir a autêntica
fraternidade entre os povos".
Em seguida, Francisco assegura suas orações por
estas "generosas testemunhas do Evangelho" e exprime sua proximidade e participação
à Congregação das três irmãs e a toda a comunidade de fiéis de Burundi. Sobre o ocorrido,
a Rádio Vaticano ouviu o superior dos missionários xaverianos em Burundi, Pe. Mario
Pulcini, que há muitos anos trabalhava com as religiosas assassinadas:
Pe.
Mario Pulcini:- "Na tarde deste domingo, por volta das 13h30, quando as xaverianas
foram ao aeroporto para receber algumas coirmãs que voltavam da Itália, naquele momento
de ausência das outras irmãs, deu-se a tragédia envolvendo as duas religiosas, Irmã
Lucia e Irmã Olga. Em torno das 16h30 encontrava-me em meu escritório, e as irmãs
de volta do aeroporto vieram e me disseram: "Pe. Mario, a casa está fechada, as irmãs
não respondem, estamos preocupadas. Chamamos, gritamos e não houve nenhuma resposta...
As cortinas estavam cerradas, fechadas". Em seguida deram uma volta no bairro à procura
das irmãs, perguntaram por elas... Depois voltaram dizendo que no bairro não estavam.
Então começamos a nos preocupar. Parei diante da porta e estava pronto para arrombá-la.
Uma das irmãs, ao dar uma volta em torno na casa encontrou uma pequena porta aberta.
Entramos e encontramos as irmãs no chão. Tínhamos aconselhado as irmãs a não pernoitarem
ali na casa, mas quiseram ficar. Por volta das 2h noite uma delas me chamou pelo telefone
e me disse: "Pe. Mario, ouvimos barulhos em casa, estamos com medo..." Então me vesti
e fui com um coirmão. Entramos no convento, demos uma volta e verificamos as dependências:
encontramos Irmã Bernardetta no chão, em seu quarto, na mesma posição em que as outras
duas tinham sido encontradas no dia anterior."
RV: A seu ver, o que
pode ter acontecido?
Pe. Mario Pulcini:- "Aqui estamos todos em estado
de choque. É algo de enorme gravidade, pode ter sito inclusive uma vingança, pode
ser que tenha havido alguma coisa com alguém... Mas não conseguimos encontrar uma
justificação, uma motivação para delitos tão graves. Estamos procurando nos informar
aqui no bairro, estamos perguntando a todo mundo..."
RV: Pe. Mario,
quem eram as três irmãs, qual a atuação delas na missão de vocês?
Pe. Mario
Pulcini:- "As três irmãs estavam aqui em Kamenge há cerca de sete anos. Antes
trabalharam no Congo, todas as três. Depois, quando abriram uma comunidade aqui em
Kamenge, decidiram vir partilhar nosso trabalho aqui. Irmã Lucia Pulici trabalhou,
sobretudo, no campo da saúde: cuidou de milhares de enfermos. Fazia um trabalho extraordinário
na paróquia, na Igreja, trabalhos simples. Era muito querida pelo povo. Também Irmã
Olga tinha trabalhado muitos anos no Congo na catequese, na pastoral do ensino...
E tinha uma grande sensibilidade para com os enfermos. Todos os dias dizia: "Visitei
este, aquele, Está mal, levei-lhe um pouco de leite, um pouco de víveres..." E Irmã
Bernardetta, que durante vários anos foi superiora, também na direção geral, se dedicava,
sobretudo, à escola de corte e costura para meninas. É realmente uma grande perda
para todos nós, para Kamenge, para a Igreja em Burundi e penso, também, para o Congo
agora." (RL)