2014-09-08 09:56:13

A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 1 a 7 de setembro


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Esta semana a atividade do Papa Francisco ficou marcada pelo regresso das Missas em Santa Marta na segunda-feira dia 1 de setembro:

Dia 1
O Santo Padre na sua homilia deixou claro que não se anuncia o Evangelho para convencer, pois a força da Palavra é Jesus. Comentando as leituras do dia o Papa explicou o que é a Palavra de Deus e como acolhê-la. S. Paulo recorda aos Coríntios não ter anunciado o Evangelho baseando-se em discursos persuasivos de sabedoria:

“Paulo diz: ‘Mas eu não fui ter convosco para convencer-vos com argumentos, com palavras ou mesmo com belas figuras ... Não. Eu fui noutro modo, com outro estilo. Fui com a manifestação do Espírito Santo e da sua potência. Para que a vossa fé não fosse fundada na sabedoria humana, mas sob a força de Deus.’ Assim, a Palavra de Deus é uma coisa diferente, uma coisa que não é igual a uma palavra humana, a uma palavra sapiente, a uma palavra científica, a uma palavra filosófica... não: é uma outra coisa. Vem de outro modo.”

É o que acontece com Jesus quando comenta as escrituras na Sinagoga de Nazaré. Os seus conterrâneos admiram-no inicialmente mas depois enfurecem-se com Ele. Isto aconteceu – continua o Santo Padre – porque a Palavra de Deus é uma coisa diferente da palavra humana. A Palavra de Deus é o próprio Jesus e por isso é tão importante ler todos os dias uma passagem do Evangelho, para encontramos Jesus – afirmou o Papa Francisco:

“Para encontrar Jesus, porque Jesus está mesmo na sua Palavra, no seu Evangelho. Cada vez que eu leio o Evangelho, encontro Jesus. Mas como recebo esta Palavra? Deve-se receber como se recebe Jesus, ou seja com o coração aberto, com o coração humilde, com o Espírito das Bem-Aventuranças. Porque Jesus veio assim, em humildade. Veio em pobreza. Veio com a unção do Espírito Santo.”

Realizou-se na segunda-feira, dia 1, em Roma um importante acontecimento desportivo. O Estádio Olímpico de Roma recebeu um jogo de futebol inter-religioso pela paz. A iniciativa nasceu de um encontro entre o Papa Francisco e o ex-jogador argentino Javier Zanetti . Na tarde desse dia o Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Paulo VI, os promotores desta iniciativa, assim como um certo número de jogadores como por exemplo Gigi Buffon, Roberto Baggio, Andrea Pirlo, para além do já referido Javier Zanetti e Diego Armando Maradona.

Nas palavras que lhes dirigiu, o Papa fez votos de que a partida que iria ser jogada à noite, no estado olímpico de Roma, seja ocasião – citamos – de “reflectir sobre os valores universais que o futebol e o desporto em geral podem favorecer: a lealdade, a partilha, o acolhimento, o diálogo, a confiança no outro”. “Trata-se de valores (disse) que unem as pessoas, independentemente da raça, cultura e credo religioso”.
Aludindo à incidência que o desporto, especialmente o futebol – como fenómeno humano e social -tem sobre o comportamento e a mentalidade contemporânea, o Papa – dirigindo-se diretamente aos atletas presentes, afirmou:
“Nas provas desportivas estais chamados a mostrar que o desporto é alegria de viver, jogo, festa, e como tal deve ser valorizado, recuperando a sua gratuidade e a capacidade de estreitar vínculos de amizade e abertura de uns para com os outros.”
Também com os vossos comportamentos quotidianos, carregados de fé e espiritualidade, de humanidade e altruísmo – acrescentou ainda o Papa – podeis testemunhar a favor dos ideais de convivência pacífica civil e social, para a edificação de uma civilização assente no amor, na solidariedade e na paz. É isso a cultura do encontro”.


Dia 2
A identidade do cristão é formada pelo Espirito e não pelas licenciaturas – esta a mensagem forte e contundente do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã de terça-feira dia 2 de setembro. E o Papa Francisco lançou uma questão: Qual é a nossa identidade de cristãos?

“ E nós podemos perguntar-nos qual é a nossa identidade de cristãos? E Paulo hoje di-lo bem. ‘Destas coisas – diz Paulo - nós falamos não com palavras sugeridas pela sabedoria humana’. A pregação de Paulo não é porque fez um curso na Lateranense, ou na Gregoriana... Não! Sabedoria humana, não! Mas sim ensinai do Espírito: Paulo pregava com a unção do Espírito, exprimindo coisas espirituais do Espírito em termos espirituais. Mas o homem deixado às suas próprias forças não compreende as coisas do Espírito de Deus: o homem sozinho não pode compreender isto!

“Nós temos o pensamento de Cristo, ou seja, o Espírito de Cristo. Esta é a identidade cristã. Não ter o Espírito do mundo, aquele modo de pensar, aquele modo de julgar... Tu podes ter cinco licenciaturas em teologia, mas não ter o Espírito de Deus! Talvez tu sejas um grande teólogo, mas não és um cristão, porque não tens o Espírito de Deus! Aquilo que dá autoridade e identidade é a unção do Espírito Santo.”


Dia 3
Audiência geral do Papa Francisco na Praça de S. Pedro na quarta-feira dia 3 de setembro. Tema da catequese: a Igreja é mãe.

“A nossa mãe Igreja.”

O Papa Francisco desenvolveu a sua catequese demonstrando a maternidade da Igreja para cada um de nós, uma mãe que nos dá vida em Cristo e que nos faz viver com todos os outros irmãos na comunhão do Espírito Santo. E o modelo da maternidade da Igreja é a Virgem Maria:

“Nesta sua maternidade, a Igreja tem como modelo a Virgem Maria, o modelo mais belo e mais alto que possa existir.”

Assim – continuou o Papa Francisco – a Igreja é nossa mãe, porque nos gerou no Batismo; e desde então faz-nos crescer na fé, indicando-nos, com a força da Palavra de Deus, o caminho da salvação. Neste serviço de evangelização, manifesta-se de modo peculiar a maternidade da Igreja, que aparece como uma mãe preocupada em dar aos seus filhos o alimento espiritual que nutre e faz frutificar a vida cristã.

“ A Igreja é nossa mãe porque nos deu à luz no Batismo. E daquele dia, como mãe premurosa, faz-nos crescer na fé e indica-nos, com a força da Palavra de Deus, o caminho da salvação, defendendo-nos do mal.”


“Esta é a Igreja” – afirmou o Papa Francisco que concluiu a sua catequese pedindo a Maria que nos ensine a imitar a sua solicitude pelo bem dos nossos irmãos, com a capacidade sincera de acolher, perdoar e infundir coragem e esperança.


Dia 4
Na Missa na Casa de Santa Marta na manhã de quinta-feira, dia 4, o Papa Francisco deixou claro que o lugar certo e privilegiado para nos encontrarmos com Jesus são os nossos pecados.

“O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os próprios pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador e salvo pelo sangue de Cristo e por este Crucifixo é um cristão a meio caminho, é um cristão tépido. E quando nós encontramos Igrejas decadentes, quando nós encontramos paróquias decadentes, instituições decadentes, seguramente que os cristãos que estão ali nunca encontraram Jesus Cristo. A força da vida cristã e a força da Palavra de Deus está precisamente naquele momento onde eu, pecador, encontro Jesus Cristo e aquele encontro vira a vida, muda a vida... E dá-te a força de anunciar a salvação aos outros.”

Na manhã de quinta-feira, dia 4, o Papa Francisco recebeu em audiências sucessivas no Vaticano o ex-Presidente de Israel, Shimon Peres, e o Príncipe da Jordânia, El Hassan bin Talal. Ambos informaram o Santo Padre das suas iniciativas em favor do diálogo e da paz.

Na tarde de quinta-feira, na Sala do Sínodo, o Papa Francisco recebeu os participantes do III Congresso das “Scholas Occurrentes”, que se realizou no Vaticano de 1 a 4 de setembro. A iniciativa reuniu realidades educativas de culturas e religiões diferentes e nasceu do impulso e do encorajamento do então Cardeal Bergoglio em Buenos Aires.
O Papa Francisco saudou os jovens com este mandato: “Sonhai o futuro voando, mas não vos esqueçais da herança cultural, sapiencial e religiosa que nos deixam os idosos”.


Dia 5
Na Missa em Santa Marta na manhã de sexta-feira, dia 5, duas ideias fundamentais a reter: o Evangelho é novidade e os cristãos não podem temer as mudanças na Igreja.

“A vinhos novos, odres novos. A novidade do Evangelho. O que nos traz o Evangelho? Alegria e novidade. Estes doutores da lei estavam fechados nos seus mandamentos, nas suas prescrições. S. Paulo, falando deles, diz-nos que antes da fé – ou seja, de Jesus – todos nós estávamos protegidos como prisioneiros sob a lei. A lei dessas pessoas não era má: protegidos, mas prisioneiros, à espera que chegasse a fé. Aquela fé que teria sido revelada, no próprio Jesus.”

“Paulo distingue bem: filhos da lei e filhos da fé. A vinhos novos, novos odres; e por isso, a Igreja nos pede, a todos nós, algumas mudanças. Pede-nos que deixemos de lado as estruturas decrépitas: são inúteis! E usemos os odres novos, os do Evangelho. Não se pode entender a mentalidade destes doutores da lei, destes teólogos fariseus: não se pode entender a sua mentalidade com o espírito do Evangelho, são coisas diferentes. O estilo do Evangelho leva à plenitude da lei, sim, mas de um modo novo: é o vinho novo em odres novos”.

Dia 7
As palavras também matam. Insultar não é cristão. O Papa Francisco no Angelus deste domingo apelou para a paz na Ucrânia e no Lesoto


É sempre melhor falar com o irmão pessoalmente e tudo acaba ali – disse Francisco, sublinhando que o escopo de tudo isso é fazer compreender ao irmão que com o seu erro não só ofendeu a uma pessoa , mas a toda a comunidade. Tem também a finalidade de nos ajudar a libertar-nos da irra e do ressentimento que só fazem mal, provocam amargura no coração e levam a insultar e a agredir. Mas “é feio ouvir da boca de um cristão insultos ou agressões. É feio, eh!, nada de insulto, insultar não é cristão, compreendido!? Insultar não é cristão!


Depois do Angelus, o Santo Padre referiu-se expressamente a duas crises político-militares que o preocupam. Antes de mais, a Ucrânia, onde – disse – “nestes últimos dias se deram passos significativos na busca de uma trégua nas regiões afectadas pelo conflito, na Ucrânia oriental”.

“Faço votos de que esses (passos dados) possam assegurar alívio à população e contribuir para os esforços a favor de uma paz duradoura. Rezo para que, na lógica do encontro, possa prosseguir o diálogo iniciado e dar o desejado fruto”.

Relativamente ao Lesotho (país da África meridional), o Papa Francisco declarou unir a sua voz à dos Bispos do país, que lançaram um apelo à paz:
“Condeno todos os atos de violência e rezo ao Senhor para que no reino do Lesotho se restabelece a paz na justiça e na fraternidade.

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 1 a 7 de setembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)








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