A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 1 a 7 de setembro
Esta semana
a atividade do Papa Francisco ficou marcada pelo regresso das Missas em Santa Marta
na segunda-feira dia 1 de setembro:
Dia 1 O Santo Padre na sua homilia deixou
claro que não se anuncia o Evangelho para convencer, pois a força da Palavra é Jesus.
Comentando as leituras do dia o Papa explicou o que é a Palavra de Deus e como acolhê-la.
S. Paulo recorda aos Coríntios não ter anunciado o Evangelho baseando-se em discursos
persuasivos de sabedoria:
“Paulo diz: ‘Mas eu não fui ter convosco para convencer-vos
com argumentos, com palavras ou mesmo com belas figuras ... Não. Eu fui noutro modo,
com outro estilo. Fui com a manifestação do Espírito Santo e da sua potência. Para
que a vossa fé não fosse fundada na sabedoria humana, mas sob a força de Deus.’ Assim,
a Palavra de Deus é uma coisa diferente, uma coisa que não é igual a uma palavra humana,
a uma palavra sapiente, a uma palavra científica, a uma palavra filosófica... não:
é uma outra coisa. Vem de outro modo.”
É o que acontece com Jesus quando comenta
as escrituras na Sinagoga de Nazaré. Os seus conterrâneos admiram-no inicialmente
mas depois enfurecem-se com Ele. Isto aconteceu – continua o Santo Padre – porque
a Palavra de Deus é uma coisa diferente da palavra humana. A Palavra de Deus é o próprio
Jesus e por isso é tão importante ler todos os dias uma passagem do Evangelho, para
encontramos Jesus – afirmou o Papa Francisco:
“Para encontrar Jesus, porque
Jesus está mesmo na sua Palavra, no seu Evangelho. Cada vez que eu leio o Evangelho,
encontro Jesus. Mas como recebo esta Palavra? Deve-se receber como se recebe Jesus,
ou seja com o coração aberto, com o coração humilde, com o Espírito das Bem-Aventuranças.
Porque Jesus veio assim, em humildade. Veio em pobreza. Veio com a unção do Espírito
Santo.”
Realizou-se na segunda-feira, dia 1, em Roma um importante acontecimento
desportivo. O Estádio Olímpico de Roma recebeu um jogo de futebol inter-religioso
pela paz. A iniciativa nasceu de um encontro entre o Papa Francisco e o ex-jogador
argentino Javier Zanetti . Na tarde desse dia o Papa Francisco recebeu em audiência,
na Sala Paulo VI, os promotores desta iniciativa, assim como um certo número de jogadores
como por exemplo Gigi Buffon, Roberto Baggio, Andrea Pirlo, para além do já referido
Javier Zanetti e Diego Armando Maradona.
Nas palavras que lhes dirigiu, o
Papa fez votos de que a partida que iria ser jogada à noite, no estado olímpico de
Roma, seja ocasião – citamos – de “reflectir sobre os valores universais que o futebol
e o desporto em geral podem favorecer: a lealdade, a partilha, o acolhimento, o diálogo,
a confiança no outro”. “Trata-se de valores (disse) que unem as pessoas, independentemente
da raça, cultura e credo religioso”. Aludindo à incidência que o desporto, especialmente
o futebol – como fenómeno humano e social -tem sobre o comportamento e a mentalidade
contemporânea, o Papa – dirigindo-se diretamente aos atletas presentes, afirmou: “Nas
provas desportivas estais chamados a mostrar que o desporto é alegria de viver, jogo,
festa, e como tal deve ser valorizado, recuperando a sua gratuidade e a capacidade
de estreitar vínculos de amizade e abertura de uns para com os outros.” Também
com os vossos comportamentos quotidianos, carregados de fé e espiritualidade, de humanidade
e altruísmo – acrescentou ainda o Papa – podeis testemunhar a favor dos ideais de
convivência pacífica civil e social, para a edificação de uma civilização assente
no amor, na solidariedade e na paz. É isso a cultura do encontro”.
Dia
2 A identidade do cristão é formada pelo Espirito e não pelas licenciaturas – esta
a mensagem forte e contundente do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã
de terça-feira dia 2 de setembro. E o Papa Francisco lançou uma questão: Qual é a
nossa identidade de cristãos?
“ E nós podemos perguntar-nos qual é a nossa
identidade de cristãos? E Paulo hoje di-lo bem. ‘Destas coisas – diz Paulo - nós
falamos não com palavras sugeridas pela sabedoria humana’. A pregação de Paulo não
é porque fez um curso na Lateranense, ou na Gregoriana... Não! Sabedoria humana, não!
Mas sim ensinai do Espírito: Paulo pregava com a unção do Espírito, exprimindo coisas
espirituais do Espírito em termos espirituais. Mas o homem deixado às suas próprias
forças não compreende as coisas do Espírito de Deus: o homem sozinho não pode compreender
isto!
“Nós temos o pensamento de Cristo, ou seja, o Espírito de Cristo. Esta
é a identidade cristã. Não ter o Espírito do mundo, aquele modo de pensar, aquele
modo de julgar... Tu podes ter cinco licenciaturas em teologia, mas não ter o Espírito
de Deus! Talvez tu sejas um grande teólogo, mas não és um cristão, porque não tens
o Espírito de Deus! Aquilo que dá autoridade e identidade é a unção do Espírito Santo.”
Dia
3 Audiência geral do Papa Francisco na Praça de S. Pedro na quarta-feira dia 3
de setembro. Tema da catequese: a Igreja é mãe.
“A nossa mãe Igreja.”
O
Papa Francisco desenvolveu a sua catequese demonstrando a maternidade da Igreja para
cada um de nós, uma mãe que nos dá vida em Cristo e que nos faz viver com todos os
outros irmãos na comunhão do Espírito Santo. E o modelo da maternidade da Igreja é
a Virgem Maria:
“Nesta sua maternidade, a Igreja tem como modelo a Virgem Maria,
o modelo mais belo e mais alto que possa existir.”
Assim – continuou o Papa
Francisco – a Igreja é nossa mãe, porque nos gerou no Batismo; e desde então faz-nos
crescer na fé, indicando-nos, com a força da Palavra de Deus, o caminho da salvação.
Neste serviço de evangelização, manifesta-se de modo peculiar a maternidade da Igreja,
que aparece como uma mãe preocupada em dar aos seus filhos o alimento espiritual que
nutre e faz frutificar a vida cristã.
“ A Igreja é nossa mãe porque nos deu
à luz no Batismo. E daquele dia, como mãe premurosa, faz-nos crescer na fé e indica-nos,
com a força da Palavra de Deus, o caminho da salvação, defendendo-nos do mal.”
“Esta
é a Igreja” – afirmou o Papa Francisco que concluiu a sua catequese pedindo a Maria
que nos ensine a imitar a sua solicitude pelo bem dos nossos irmãos, com a capacidade
sincera de acolher, perdoar e infundir coragem e esperança.
Dia 4 Na
Missa na Casa de Santa Marta na manhã de quinta-feira, dia 4, o Papa Francisco deixou
claro que o lugar certo e privilegiado para nos encontrarmos com Jesus são os nossos
pecados.
“O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os próprios
pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador e salvo pelo sangue de Cristo
e por este Crucifixo é um cristão a meio caminho, é um cristão tépido. E quando nós
encontramos Igrejas decadentes, quando nós encontramos paróquias decadentes, instituições
decadentes, seguramente que os cristãos que estão ali nunca encontraram Jesus Cristo.
A força da vida cristã e a força da Palavra de Deus está precisamente naquele momento
onde eu, pecador, encontro Jesus Cristo e aquele encontro vira a vida, muda a vida...
E dá-te a força de anunciar a salvação aos outros.”
Na manhã de quinta-feira,
dia 4, o Papa Francisco recebeu em audiências sucessivas no Vaticano o ex-Presidente
de Israel, Shimon Peres, e o Príncipe da Jordânia, El Hassan bin Talal. Ambos informaram
o Santo Padre das suas iniciativas em favor do diálogo e da paz.
Na tarde de
quinta-feira, na Sala do Sínodo, o Papa Francisco recebeu os participantes do III
Congresso das “Scholas Occurrentes”, que se realizou no Vaticano de 1 a 4 de setembro.
A iniciativa reuniu realidades educativas de culturas e religiões diferentes e nasceu
do impulso e do encorajamento do então Cardeal Bergoglio em Buenos Aires. O Papa
Francisco saudou os jovens com este mandato: “Sonhai o futuro voando, mas não vos
esqueçais da herança cultural, sapiencial e religiosa que nos deixam os idosos”.
Dia
5 Na Missa em Santa Marta na manhã de sexta-feira, dia 5, duas ideias fundamentais
a reter: o Evangelho é novidade e os cristãos não podem temer as mudanças na Igreja.
“A
vinhos novos, odres novos. A novidade do Evangelho. O que nos traz o Evangelho? Alegria
e novidade. Estes doutores da lei estavam fechados nos seus mandamentos, nas suas
prescrições. S. Paulo, falando deles, diz-nos que antes da fé – ou seja, de Jesus
– todos nós estávamos protegidos como prisioneiros sob a lei. A lei dessas pessoas
não era má: protegidos, mas prisioneiros, à espera que chegasse a fé. Aquela fé que
teria sido revelada, no próprio Jesus.”
“Paulo distingue bem: filhos da lei
e filhos da fé. A vinhos novos, novos odres; e por isso, a Igreja nos pede, a todos
nós, algumas mudanças. Pede-nos que deixemos de lado as estruturas decrépitas: são
inúteis! E usemos os odres novos, os do Evangelho. Não se pode entender a mentalidade
destes doutores da lei, destes teólogos fariseus: não se pode entender a sua mentalidade
com o espírito do Evangelho, são coisas diferentes. O estilo do Evangelho leva à plenitude
da lei, sim, mas de um modo novo: é o vinho novo em odres novos”.
Dia 7 As
palavras também matam. Insultar não é cristão. O Papa Francisco no Angelus deste domingo
apelou para a paz na Ucrânia e no Lesoto
É sempre melhor falar com o irmão
pessoalmente e tudo acaba ali – disse Francisco, sublinhando que o escopo de tudo
isso é fazer compreender ao irmão que com o seu erro não só ofendeu a uma pessoa ,
mas a toda a comunidade. Tem também a finalidade de nos ajudar a libertar-nos da irra
e do ressentimento que só fazem mal, provocam amargura no coração e levam a insultar
e a agredir. Mas “é feio ouvir da boca de um cristão insultos ou agressões. É feio,
eh!, nada de insulto, insultar não é cristão, compreendido!? Insultar não é cristão!
Depois do Angelus, o Santo Padre referiu-se expressamente a duas crises
político-militares que o preocupam. Antes de mais, a Ucrânia, onde – disse – “nestes
últimos dias se deram passos significativos na busca de uma trégua nas regiões afectadas
pelo conflito, na Ucrânia oriental”.
“Faço votos de que esses (passos dados)
possam assegurar alívio à população e contribuir para os esforços a favor de uma paz
duradoura. Rezo para que, na lógica do encontro, possa prosseguir o diálogo iniciado
e dar o desejado fruto”.
Relativamente ao Lesotho (país da África meridional),
o Papa Francisco declarou unir a sua voz à dos Bispos do país, que lançaram um apelo
à paz: “Condeno todos os atos de violência e rezo ao Senhor para que no reino do
Lesotho se restabelece a paz na justiça e na fraternidade.
E com o Angelus
deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que
foram notícia de 1 a 7 de setembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre
aqui na RV em língua portuguesa. (RS)