2014-09-05 10:55:40

Card. Hummes: "Cultura indígena enriquece o Evangelho". Ouça


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Cidade do Vaticano (RV) - O britânico Charles Darwin, estudioso de evolucionismo e seleção natural, autor da “Origem das Espécies (2009)”, esteve no Brasil duas vezes, passando por Fernando de Noronha, Rio de Janeiro e Salvador. Um dos primeiros pesquisadores a incluir a espécie humana nas investigações sobre interações das espécies com seus ecossistemas, Darwin, descreveu seu primeiro contato, em 1831, com a floresta tropical brasileira enaltecendo a exuberância da vegetação: “Aquelas emoções foram para mim motivo para uma contemplação maravilhada. Jamais poderei experimentar tanto prazer”.

Alguns anos depois, por volta de 1860, seu discípulo alemão Ernst Haeckel utilizou o termo ‘ecologia humana’ pela primeira vez chamando em causa a tríplice responsabilidade do ser humano: consigo mesmo, com o próximo e com a Criação. Em termos éticos, o respeito pelos valores humanos fundamentais, e em termos cristãos, o respeito pelo Criador. Mas o que se entende, hoje, por ecologia humana? Quem responde é o Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Cardeal Cláudio Hummes. Para ouvi-lo, clique acima.

Preservar a história, a cultura, tudo aquilo que dá identidade às pessoas e aos povos, a começar pelos indígenas:
Como fazer que eles tenham a sua história continuada, esta história que foi interrompida pela colonização dos europeus que vieram para estas terras que hoje chamados América?
Como dar o mais possível condições e espaço para que sejam sujeitos de sua história?
Não vamos conseguir resolver o problema dos índios de forma justa se não permitirmos que eles sejam sujeitos de sua história, isto é que eles façam, determinem a sua história.
Claro que nós podemos ajudar, oferecer tecnologia, ciência, cultura, etc, mas são eles que devem decidir o que absorver, acolher e aceitar como algo importante para a caminhada deles como sujeitos de sua história, inclusive religiosa.
Aqui entra a questão da inculturação:
Como dialogamos com os índios, com suas crenças, com sua visão religiosa? Como inculturar o Evangelho ali, e fazer com que seja realmente uma Igreja com o rosto indígena, o rosto amazônico? Agora entra a questão do clero indígena: índios, padres, bispos que assumam as comunidades indígenas e possam dar muito mais autenticidade e possibilidade de eles serem sujeitos de sua história religiosa.
A Igreja deve dar o exemplo. Jesus Cristo tem uma resposta para todas as culturas. Não é preciso ser europeu para ser cristão. Posso ser perfeitamente chinês e católico, africano e católico. Isto é, a fé católica é possível de ser inculturada em cada uma das culturas. O atual Papa diz muito bem na Evangelii Gaudium que nenhuma cultura vai esgotar a riqueza do Evangelho. O Evangelho é muito mais. Francisco afirma claramente que o Evangelho não se esgota nos recursos da cultura européia e que as outras culturas podem revelar novos aspectos do Evangelho”.
(CM)







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