Arcebispo Tomasi: é preciso frear autoproclamado Estado islâmico, corre-se o risco
de efeitos devastadores
Genebra (RV) - No Iraque, os jihadistas sunitas do autoproclamado Estado islâmico
teriam começado a retirar-se de uma série de vilarejos situados ao sul de Kirkuk.
Por outro lado, a Anistia Internacional denuncia que os extremistas lançaram uma campanha
de "limpeza étnica sistemática no norte do País do Golfo, tornando-se responsáveis
por crimes de guerra" contra as minorias étnicas e religiosas. Diante dessa situação,
o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu esta segunda-feira enviar
uma missão ao Iraque. A propósito, eis o que disse o observador permanente da Santa
Sé no escritório da ONU em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, entrevistado
pela Rádio Vaticano:
Dom Silvano Maria Tomasi:- "A comunidade internacional
fala do dever de proteger os direitos fundamentais destas pessoas através daqueles
meios que ela mesma adotou como Nações Unidas, Conselho de Segurança, Conselho de
Direitos Humanos, e assim por diante. Concluiu-se aqui, em Genebra, a sessão especial
do Conselho de Direitos Humanos sobre o Iraque. Por consenso, foi aprovada uma resolução
que pede que seja enviada uma missão de investigação ao Iraque para documentar as
violências perpetradas, de modo a poder levar os culpados ao tribunal e não aceitar
a impunidade, que poderia, depois, favorecer outros grupos a cometer as mesmas atrocidades."
RV:
Portanto, a seu ver, está aumentando a consciência da periculosidade do autoproclamado
Estado islâmico?
Dom Silvano Maria Tomasi:- "O fato de haver esta reação
coordenada e universal de condenação, parece-me revelar que o perigo não está limitado
simplesmente ao norte do Iraque e às comunidades que são atacadas diretamente, mas
que deixando que sigam adiante com suas conquistas no território se cria uma ameaça
muito mais ampla que poderia repercutir até mesmo através daqueles mercenários provenientes
da Europa e de outros países, com efeitos devastadores."
RV: Como os
repetidos apelos do Papa em favor da paz foram acolhidos?
Dom Silvano Maria
Tomasi:- "Creio que a força com a qual o Papa Francisco exortou publicamente convidando
à oração e a conhecer a situação, tenha influenciado a opinião pública dos Estados
no sentido de começarem a se mobilizar e a fazer algo de concreto que possa desarmar
a mão do injusto agressor." (RL)