Conflito na Ucrânia – as declarações do Arcebispo Sviatoslav Shevchuk
Os presidentes
ucraniano e russo reuniram-se esta semana em Minsk na Bielorússia (foto). O presidente
ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu apresentar um plano para um cessar-fogo para
o conflito com os separatistas pró-russos, estando este dependente da aceitação de
todas as partes.
No domingo passado no Angelus o Papa Francisco lançou o mote
para a criação de um ambiente de esperança e oração numa solução para este conflito.
Foi depois da recitação das Ave Marias que o Papa Francisco dirigiu o seu pensamento
(disse) “à amada terra da Ucrânia a todos os seus filhos e filhas, às suas aspirações
de paz e serenidade, ameaçados por uma situação de tensão e de conflito que tarda
a placar-se, gerando tanto sofrimento entre a população civil.”
No final da
reunião de Minsk o presidente ucraniano Poroshenko garantiu que todos os líderes,
incluindo Putin, apoiaram as suas propostas de paz para acabar com os combates no
Leste da Ucrânia. Por seu lado, o presidente russo Vladimir Putin manifestou-se
disposto a “fazer tudo” para garantir a paz na região, admitindo que os militares
russos poderão ter cruzado a fronteira com a Ucrânia durante uma ação de patrulhamento.
Entretanto,
no Leste da Ucrânia não há qualquer sinal de apaziguamento – esta quarta-feira, Kiev
denunciou a entrada de uma nova coluna de blindados russos no sudeste do país. No
mar de Azov, perto da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia foram localizados combates.
Parece, assim, estar a abrir-se uma outra frente de conflito na tensão entre os dois
países, que Moscovo nega mas que Kiev sustenta dizendo que os separatistas russos
apoiados por um navio ocuparam sete localidades a norte de Novazovsk. Em Donetsk surge
a notícia da morte de três civis devido a uma explosão de morteiro.
Quem tem
denunciado o sofrimento da população pedindo solidariedade internacional é o Arcebispo
Mor da Igreja Católica Ucraniana de Rito Bizantino, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk
que enviou uma carta ao Santo Padre. A Rádio Vaticano ouviu as suas declarações:
“Infelizmente,
a situação está-se agravando, especialmente na parte oriental da Ucrânia, na região
de Donetsk e Lugansk. A cada dia temos notícias da chegada de armas pesadas, de novos
soldados que estão atravessando a fronteira entre Ucrânia e Rússia. A cada dia, são
mortos cerca de 50 civis. Povoados onde não está o exército ucraniano são arrasados.
Morrem fiéis pertencentes a diversas confissões religiosas, a tantas Igrejas: ortodoxos,
católicos, protestantes, judeus, muçulmanos…”
“Antes de tudo,
eu queria apresentar ao Santo Padre a dor profunda do nosso povo. A dor de tantos
civis feridos, a dor de tantos militares ucranianos que foram feitos prisioneiros:
a cada dia dezenas deles são torturados, a dor das mães que perdem os seus filhos,
a dor da Igreja mãe, que está sofrendo junto com seus filhos. Isto foi o que eu escrevi
ao Santo Padre, contando também os factos concretos da nossa Igreja na região de Donetsk:
o pequeno mosteiro das Irmãs Servas de Maria Virgem foi ocupado pelos militantes russos.
O nosso bispo de Donetsk foi expulso da sua sede e a sua chancelaria foi sequestrada
com todos os documentos. Muitos sacerdotes foram obrigados a deixar as suas igrejas.
Por isto, as pessoas gritam. Gritam ao céu por justiça, por paz, gritam por solidariedade
internacional, pois somente se for apoiada por uma solidariedade internacional, a
Ucrânia será verdadeiramente capaz de resistir a esta agressão.”
“Eu
gostaria de pedir a todos os cristãos, a todos os homens de boa vontade que nos ouvem
através da Rádio Vaticano, para que rezem pela paz na Ucrânia: rezem para que isto
não se transforme num conflito armado aberto entre Rússia e Ucrânia. Este é o nosso
apelo. Peçamos ao Senhor, à Virgem Maria, que é a Rainha da Paz, a paz na Ucrânia.”
(RS)