2014-08-28 10:00:47

Conflito na Ucrânia – as declarações do Arcebispo Sviatoslav Shevchuk


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Os presidentes ucraniano e russo reuniram-se esta semana em Minsk na Bielorússia (foto). O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu apresentar um plano para um cessar-fogo para o conflito com os separatistas pró-russos, estando este dependente da aceitação de todas as partes.

No domingo passado no Angelus o Papa Francisco lançou o mote para a criação de um ambiente de esperança e oração numa solução para este conflito.
Foi depois da recitação das Ave Marias que o Papa Francisco dirigiu o seu pensamento (disse) “à amada terra da Ucrânia a todos os seus filhos e filhas, às suas aspirações de paz e serenidade, ameaçados por uma situação de tensão e de conflito que tarda a placar-se, gerando tanto sofrimento entre a população civil.”

No final da reunião de Minsk o presidente ucraniano Poroshenko garantiu que todos os líderes, incluindo Putin, apoiaram as suas propostas de paz para acabar com os combates no Leste da Ucrânia.
Por seu lado, o presidente russo Vladimir Putin manifestou-se disposto a “fazer tudo” para garantir a paz na região, admitindo que os militares russos poderão ter cruzado a fronteira com a Ucrânia durante uma ação de patrulhamento.

Entretanto, no Leste da Ucrânia não há qualquer sinal de apaziguamento – esta quarta-feira, Kiev denunciou a entrada de uma nova coluna de blindados russos no sudeste do país. No mar de Azov, perto da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia foram localizados combates. Parece, assim, estar a abrir-se uma outra frente de conflito na tensão entre os dois países, que Moscovo nega mas que Kiev sustenta dizendo que os separatistas russos apoiados por um navio ocuparam sete localidades a norte de Novazovsk. Em Donetsk surge a notícia da morte de três civis devido a uma explosão de morteiro.

Quem tem denunciado o sofrimento da população pedindo solidariedade internacional é o Arcebispo Mor da Igreja Católica Ucraniana de Rito Bizantino, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk que enviou uma carta ao Santo Padre. A Rádio Vaticano ouviu as suas declarações:


“Infelizmente, a situação está-se agravando, especialmente na parte oriental da Ucrânia, na região de Donetsk e Lugansk. A cada dia temos notícias da chegada de armas pesadas, de novos soldados que estão atravessando a fronteira entre Ucrânia e Rússia. A cada dia, são mortos cerca de 50 civis. Povoados onde não está o exército ucraniano são arrasados. Morrem fiéis pertencentes a diversas confissões religiosas, a tantas Igrejas: ortodoxos, católicos, protestantes, judeus, muçulmanos…”


“Antes de tudo, eu queria apresentar ao Santo Padre a dor profunda do nosso povo. A dor de tantos civis feridos, a dor de tantos militares ucranianos que foram feitos prisioneiros: a cada dia dezenas deles são torturados, a dor das mães que perdem os seus filhos, a dor da Igreja mãe, que está sofrendo junto com seus filhos. Isto foi o que eu escrevi ao Santo Padre, contando também os factos concretos da nossa Igreja na região de Donetsk: o pequeno mosteiro das Irmãs Servas de Maria Virgem foi ocupado pelos militantes russos. O nosso bispo de Donetsk foi expulso da sua sede e a sua chancelaria foi sequestrada com todos os documentos. Muitos sacerdotes foram obrigados a deixar as suas igrejas. Por isto, as pessoas gritam. Gritam ao céu por justiça, por paz, gritam por solidariedade internacional, pois somente se for apoiada por uma solidariedade internacional, a Ucrânia será verdadeiramente capaz de resistir a esta agressão.”

“Eu gostaria de pedir a todos os cristãos, a todos os homens de boa vontade que nos ouvem através da Rádio Vaticano, para que rezem pela paz na Ucrânia: rezem para que isto não se transforme num conflito armado aberto entre Rússia e Ucrânia. Este é o nosso apelo. Peçamos ao Senhor, à Virgem Maria, que é a Rainha da Paz, a paz na Ucrânia.” (RS)








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