Porto Alegre (RV) - Estamos acompanhando, especialmente pelos meios de comunicação
de massa, a campanha eleitoral de 2014. Vemos também nas ruas e praças sinais do empenho
dos que pleiteiam se tornar representantes do povo, nas diversas instâncias da vida
política num estado de direito.
Os cidadãos e cidadãs que participam desse
processo são convidados a escolher homens e mulheres que encarnem valores da ética
e do compromisso com a sociedade. A Nação tem o direito de ter nas instâncias dos
Poderes constituídos pessoas marcadas por vida ilibada, distintas na promoção e defesa
da ética, aptas a se dedicarem ao bem comum e cuidado da “coisa pública”.
Constata-se,
com preocupação, certo descrédito em relação aos poderes constituídos da República.
Tal situação é resultado de situações em que a pessoa tem sido descurada, e muitas,
inclusive, perderam e continuam perdendo a vida à espera de serviços públicos. Com
frequência surgem informações a respeito de fatos marcados por corrupção descarada
e enriquecimento ilícito em detrimento ao cuidado e à promoção da vida de todos. A
finalidade da atividade política não pode ser ameaçada por conchavos e negociações
espúrias.
O período que antecede o pleito eletivo é tempo privilegiado para
refletir sobre as propostas apresentadas pelos candidatos, a integridade ética dos
mesmos e o projeto de Nação e de Estado que defendem. Não bastam propostas vagas,
indicações genéricas ou planos impossíveis de serem levados a termo. Fazem-se necessários
honestidade, franqueza e verdadeira disposição de trabalhar em prol do bem da coletividade.
As ‘bandeiras’ da educação, saúde e segurança se tornaram lugar comum nas
campanhas eleitorais. Entretanto, enquanto forem usadas somente como propaganda eleitoral,
não se avançará. Há sinais de que o sistema de saúde é frágil; educação se tornou
moeda de troca, onde a necessária reflexão da questão para o desenvolvimento da pessoa
e do Estado parece não interessar; segurança parece algo distante... O cidadão comum
parece sentir-se sempre mais naquela situação do ‘salve-se quem puder...’ Saúde, educação
e segurança se tornaram excelente negócio, pois o setor público não atende à ‘demanda’...
Que formação desejamos para cada cidadão? Que modelo de Nação e de Estado
está sendo proposto, senão imposto? São questões que a sociedade precisa refletir
e discutir para então apontar pessoas que a representem diante dos Poderes constituídos.
Para que isso aconteça, faz-se necessária a mobilização de todos. Não se pode esquecer
as manifestações que aconteceram em cidades brasileiras no período que antecedeu à
Copa do Mundo. No ‘discurso das ruas’ se manifestava insatisfação com a maneira como
os políticos eleitos vêm exercendo o poder, distanciados das necessidades da população,
fazendo da política balcão de negócios, onde se barganha bens da coletividade como
se fossem particulares.
Existe, segundo a Doutrina Social da Igreja, uma salutar
independência entre a comunidade política e a Igreja. Ambas estão a serviço da vocação
pessoal e social dos próprios homens. A Igreja, pois, enquanto entidade inserida na
vida da sociedade se preocupa com a realidade e sua transformação em prol da vida
em plenitude para todos – e não apenas para alguns! Ela coopera para que a atividade
política concorra para o bem de todos. “Devemos envolver-nos na política, pois a política
é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco).