Gaza (RV) - Cessou a guerra em Gaza após 50 dias: o Egito conseguiu o acordo
entre Hamas e Israel para um cessar-fogo “ilimitado”. Desde o início da noite de ontem
as armas começaram a se calar: uma exceção, um fogo intenso de foguetes a partir da
Faixa de Gaza contra vilarejos perto da fronteira com o enclave palestino. Últimas
vítimas: Dois civis israelenses atingidos por um morteiro e três palestinos em Gaza
pelo bombardeio de resposta do Estado hebraico. Assim termina a mais longa operação
israelense contra a Faixa de Gaza, que começou no dia 08 de julho, após o contínuo
disparo de foguetes a partir de Gaza.
Alimentos, medicamentos e outras necessidades
básicas são esperados na Faixa de Gaza para dar alívio à população palestina exausta
de 50 dias de bombardeios; exausta como a população israelense que viveu, especialmente
nas regiões do sul e do centro do país, sob a chuva de foguetes e morteiros. A ajuda
humanitária para Gaza passará pelas fronteiras israelenses e pela fronteira egípcia
de Rafah. Esta passagem doravante vai permanecer aberta não sob o controle de Hamas,
que governa Gaza, mas da Autoridade Palestina do Presidente Abu Mazen.
A solução
dos problemas que estão na base do conflito é transferida às negociações indiretas
entre as partes que deverão ter início dentro de um mês; referem-se aos pedidos palestinos
do fim do bloqueio com a reabertura do porto de Gaza e do aeroporto internacional,
a extensão do limite marítimo de pesca, um corredor terrestre entre Gaza e a Cisjordânia.
E ainda sobre a desmilitarização da Faixa de Gaza, ou seja, o desarmamento de Hamas
e de outros grupos de milicianos, com o desmantelamento da rede de túneis que chega
até a fronteira, uma exigência de Israel.
Problemas difíceis que explicam a
razão porque em Israel o acordo de trégua foi recebido com cautela, e até mesmo com
aberto dissenso, particularmente pelas comunidades próximas a Gaza que sofreram o
maior impacto do conflito. Assim, a popularidade do primeiro-ministro Netanyahu está
em queda livre, passando de 82% do início das operações terrestres em Gaza para 38%.
Ao contrário, grande alegria da população palestina de Gaza: pelas ruas os fundamentalistas
islâmicos reivindicaram a vitória. Portanto, são momentos marcados pela cautela, mas
cheios de esperança. Positivas em todo o mundo as reações ao cessar-fogo conseguido
com a mediação do Egito, e com os esforços diplomáticos de vários países, especialmente
os Estados Unidos. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon diz que qualquer violação
seria irresponsável e espera que o acordo de trégua seja observado.
Em 50 dias
de guerra, o conflito em Gaza provocou mais de 2.000 mortes, das quais um quarto de
crianças. E depois há crianças vítimas de deficiência ou de traumas difíceis de se
cancelar. A Rádio Vaticano ouviu o Padre Raed Abusahlia, Diretor da Caritas Jerusalém,
de retorno de uma missão a Gaza:
R. - Esta guerra de 50 dias produziu uma
situação terrível em Gaza. Antes de tudo as mortes - mais de 2.200 - a maioria civis,
e entre eles mais de 550 crianças, 300 mulheres, mais de 200 idosos ... E também os
feridos, que são mais de 11 mil e um terço deles permanecerá com deficiências. Portanto,
para reconstruir o que aconteceu em 50 dias serão necessários pelo menos entre 7 e
10 anos. Hoje, um quarto da população de Gaza vive em escolas e há mais de 15 mil
famílias que quando retornarão não encontrarão suas casas, que foram completamente
destruídas e outras 30 mil habitações ficaram parcialmente danificadas. Em Gaza, há
400 mil crianças que frequentam a escola: quando começará para elas o ano escolar?
Todas as escolas, de fato, estão cheias de desabrigados.
P. - O que pode
fazer a Caritas por essas crianças?
R. - Nós, como Caritas, abrimos o
nosso Centro médico em Al Shati Camp, e todos os dias temos entre 150 e 200 casos,
a maioria crianças com diferentes problemas de saúde. Além disso, a maior parte das
crianças de Gaza vive nas escolas, em uma atmosfera difícil ... Os nossos voluntários
da Caritas organizaram para elas momentos de diversão durante o dia, para levar um
clima de alegria às crianças que vivem ali há semanas. (SP)