Arcebispo Tomasi: apelos do Papa à comunidade internacional são claros
Cidade do Vaticano
(RV) - O observador permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra, na
Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, participou esta segunda-feira do Encontro de Rimini
– centro-norte da Itália –, em andamento nestes dias.
O prelado falou sobre
imigração, recordou o núncio apostólico Pietro Sambi, falecido em 2011, mas, sobretudo,
lançou um premente apelo à comunidade internacional a fim de que faça algo para deter
as violências perpetradas pelos jihadistas no Iraque e em outras áreas, onde as minorias
religiosas são perseguidas ou eliminadas.
Entrevistado pela Rádio Vaticano,
o representante vaticano falou sobre o papel da Igreja nesta região:
Dom
Silvano Maria Tomasi:- "Neste contexto de violência e de tragédia, a tarefa da
Igreja é difícil, mas contínua. O testemunho do Santo Padre é claro: continua fazendo
apelos à comunidade internacional e a todos nós fiéis pede orações a fim de que se
encontre o caminho da paz, convidando à negociação e exortando os países que têm a
capacidade, que, através dos mecanismos das Nações Unidas, detenham o agressor. Ademais,
os bispos locais, os Patriarcas, quer ortodoxos quer católicos dos vários ritos –
sírio, caldeu, melquita –, se reuniram dias atrás e claramente formularam pistas de
ação importantes. Primeiro, pedir a ajuda da comunidade internacional para deter a
violência e o assassinato não somente dos cristãos, mas também dos yazidis, bem como
de outros grupos. Cristãos são decapitados e das fotos se vê que as cabeças são colocadas
como decorações sobre muros ou portões: são coisas inauditas, verdadeiramente inaceitáveis!
Segundo, pedem que haja uma presença internacional que garanta o retorno dos cristãos
aos vilarejos e a suas casas. Não é justo que da parte da comunidade internacional
se aceite que automaticamente os cristãos sejam condenados ao exílio. Têm o direito
de viver em suas casas, onde há 1700 anos estão presentes, antes da chegada do Islã,
e que podem continuar não somente porque é o direito natural deles, mas também porque
são uma presença que beneficia a comunidade islâmica ajudando a diversificar o contexto
social que lentamente pode favorecer uma democracia que respeite a identidade de toda
pessoa e de todo grupo."
RV: Nestas horas chegam notícias inquietantes
também da Nigéria, onde o grupo Boko Haram, que nestes últimos anos realizou atentados
contra igrejas, proclamou o califado islâmico na cidade de Gwoza. É uma notícia preocupante?
Dom
Silvano Maria Tomasi:- "A violência usada pelo grupo Boko Haram é preocupante.
O fato de, como meio de conquista, usar sistematicamente a violência contra civis
inocentes, em particular contra cristãos, impõe à comunidade internacional a questão
sobre como reagir. A Nigéria está fazendo o que pode a fim de encontrar uma solução
para essa seita fundamentalista que busca o poder camuflando-o com uma linguagem religiosa,
mas na realidade pretende o domínio e o controle do território. Portanto, é necessário
que a comunidade internacional conde e evidencie que os métodos usados por estas pessoas
são completamente inaceitáveis e ajude no modo que esta considerar útil o governo
nigeriano a concluir seu trabalho de rejeição a este grupo." (RL)