Os bispos brasileiros no Concílio e a Domus Mariae
Cidade do Vaticano
(RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
tratar na edição de hoje, da participação do episcopado brasileiro no evento conciliar.
O
Concílio Vaticano II foi aberto no dia 11 de outubro de 1962. A primeira Congregação
Geral, no entanto, foi realizada apenas no dia 13, pois após a abertura, foi reservado
um dia para que o Papa João XXIII pudesse receber as delegações dos governos e dos
organismos internacionais, dos observadores e dos convidados do Secretariado para
a União dos Cristãos.
Se na fase preparatória do Concílio, na consulta realizada
em 1959 de forma especial, os bispos brasileiros eram 175, na última sessão, realizada
em 1965, este número subiu para 231.
Na primeira sessão do Concílio, participaram
173 bispos brasileiros dos 204 existentes. Na segunda sessão 183 de 220, na terceira
167 de 221 e na quarta e última, 192 de 227. Na terceira sessão, houve uma diminuição
de 1/4 na participação dos bispos brasileiros, fator atribuído ao golpe militar de
31 de março de 1964, que provocou tensões, apreensão e instabilidade política e social.
Para
hospedar o episcopado brasileiro, a Santa Sé ofereceu a Domus Mariae, sede da Ação
Católica Feminina Italiana, localizada na Via Aurélia número 481 , próximo ao Colégio
Pio Brasileiro. Esta ampla casa, tinha quartos individuais, um amplo auditório e salas
para reuniões, o que revelou-se um local privilegiado para trabalhos internos da conferência
episcopal e para a realização de grandes encontros e conferências. Esta privilegiada
situação, favorecia em muito as articulações.
Devido à sua ampla estrutura,
o local passou a ser cobiçado também por outros episcopados. A permanência dos brasileiros
na Domus Mariae, no entanto, estava vinculada à presença, nas outras sessões do Concílio,
de grande número de bispos, como havia sido na primeira sessão.
Na carta circular
sobre a preparação da sessão de 1963, enviada em julho, o então Secretário Geral da
CNBB, Dom Helder Camara, confirmava a hospedagem dos bispos brasileiros na Domus
Mariae: "temos comunicação que a segunda sessão se encerrará em 4 de dezembro
e de que os Bispos brasileiros, que solicitaram hospedagem à Santa Sé, poderão ficar
na Domus Mariae".
Mas nem todos puderam ficar hospedados naquele local.
O Secretariado Administrativo do Concílio designou 15 Bispos brasileiros para se hospedarem
na Mater Immaculata, no Gianínculo.
Mas não somentes bispos brasileiros se
hospedavam na Domus Mariae. O Cardeal Suenens, após proferir uma palestra no Auditório
da casa, ficou para o jantar. Sobre este fato, Dom Hélder escreveu: "levei-o à
mesa dos africanos, dos indonésios, dos húngaros". E em outra ocasião acrescentou:
"é bom saber que os bispos brasileiros continuam tendo e oferecendo a seus irmãos
da Domus Mariae o que há de melhor em matéria de conferência. Ontem, por exemplo,
falou o Père Congar". (JE)
Fonte: "Padres Conciliares Brasileiros no
Concílio Vaticano II: Participação e Prosopografia. 1959 - 1965". Pe. José Oscar Beozzo