Missão Continental: a piedade popular, lugar de encontro com Jesus Cristo
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, no quadro "O Brasil na Missão Continental" de hoje
antes de prosseguir dando voz aos nossos pastores trazendo a experiência deste projeto
de animação missionária na realidade eclesial de suas dioceses, vamos nos ater, nesta
edição, a um dos temas de relevante importância na Conferência de Aparecida, ou seja,
a piedade popular.
Traço característico da religiosidade dos nossos povos da
América Latina e do Caribe, Aparecida buscou valorizar, resgatar e incentivar a piedade
popular na ação evangelizadora da Igreja no âmbito da "Missão Continental".
Vejamos,
então, o que Documento de Aparecida nos diz sobre esta expressão da religiosidade
do nosso povo e como caracteriza a piedade popular. Para isso trazemos os números
263, 264 e 265:
263. Não podemos rebaixar a espiritualidade popular
ou considerá-la um modo secundário da vida cristã, porque seria esquecer o primado
da ação do Espírito e a iniciativa gratuita do amor de Deus. A piedade popular contém
e expressa um intenso sentido da transcendência, uma capacidade espontânea de se apoiar
em Deus e uma verdadeira experiência de amor teologal. É também uma expressão de sabedoria
sobrenatural, porque a sabedoria do amor não depende diretamente da ilustração da
mente, mas da ação interna da graça. Por isso, a chamamos de espiritualidade popular.
Ou seja, uma espiritualidade cristã que, sendo um encontro pessoal com o Senhor, integra
muito o corpóreo, o sensível, o simbólico e as necessidades mais concretas das pessoas.
É uma espiritualidade encarnada na cultura dos simples, que nem por isso é menos espiritual,
mas que o é de outra maneira.
264. A piedade popular é uma maneira legítima
de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários,
onde se recolhem as mais profundas vibrações da América Latina. É parte de uma “originalidade
histórica cultural” dos pobres deste Continente, e fruto de “uma síntese entre as
culturas e a fé cristã”. No ambiente de secularização que vivem nossos povos, continua
sendo uma poderosa confissão do Deus vivo que atua na história e um canal de transmissão
da fé. O caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações
da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em
si mesmo um gesto evangelizador pelo qual o povo cristão evangeliza a si mesmo e cumpre
a vocação missionária da Igreja.
265. Nossos povos se identificam particularmente
com o Cristo sofredor, olham-no, beijam-no ou tocam seus pés machucados, como se dissessem:
Este é “o que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Muitos deles golpeados, ignorados
despojados, não abaixam os braços. Com sua religiosidade característica se agarram
no imenso amor que Deus tem por eles e que lhes recorda permanentemente sua própria
dignidade. Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vem
refletida a mensagem essencial do Evangelho. Nossa Mãe querida, desde o santuário
de Guadalupe, faz sentir a seus filhos menores que eles estão na dobra de seu manto.
Agora, desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato
aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo
os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.
Amigo ouvinte, por
hoje é só. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)