Papa Francisco, ao regressar da Coreia, foi rezar à basílica de Santa Maria Maior
- Principais momentos da viagem
Logo que chegou a Roma, e ainda antes de regressar ao Vaticano, o Papa Francisco quis
passar pela basílica de Santa Maria Maoir, para um momento de oração de ação de graças
a Nossa Senhora pelo bom andamento da viagem, deixando aos pés do ícone de Maria,
Salus populi romani, um ramo de flores que lhe tinha oferecido uma menina coreana
no momento da partide de Seul.
Esta viagem que o Papa Francisco realizou ao
longo de cinco dias à Coreia do Sul foi marcada por apelos ao diálogo com todas e
culturas e regimes políticos, bem como por encontros com jovens e a beatificação de
124 mártires. Estas figuras da primeira geração de católicos coreanos, mortos entre
1791 e 1888 por causa da sua fé, foram propostas pelo Papa como referências para as
atuais comunidades cristãs no seu esforço de contribuir para promover a paz e os valores
humanos no país e no continente asiático. A celebração da beatificação, no sábado,
congregou umas 800 mil pessoas no centro de Seul, num banho de multidão em que o Papa
condenou a "pobreza abjeta" na sociedade atual.
Nas suas várias intervenções
ao longo da visita, o Santo Padre insistiu na necessidade de maior solidariedade e
atenção aos pobres, sustentando que a ação da Igreja Católica junto dos pobres deve
ir além da “assistência” e promover um verdadeiro “crescimento humano”. Do início
ao fim da viagem, o Papa Francisco referiu-se diretamente à divisão da Coreia e apelou
à oração pela “unidade” e pela estabilidade na península, que considerou vital para
a paz em todo o globo.
No domingo, num encontro com os Bispos asiáticos, o
Papa defendeu que a Igreja Católica deve ter uma atitude de “abertura” em relação
a todas as culturas da Ásia e desejou maior “diálogo” na relação com países como a
China e a Coreia do Norte (embora sem os citar directamente), onde os cristãos sofrem
limitações na vivência da sua fé.
O naufrágio do ferry-boat Sewol, tema particularmente
sensível na Coreia do Sul, mereceu vários gestos e palavras de Francisco, que no domingo
batizou, em cerimónia privada, o pai de uma das vítimas do naufrágio. O Papa cumprimentou
em três ocasiões vários familiares das vítimas e sobreviventes do acidente, que aconteceu
a 16 de abril, provocando a morte de 304 pessoas, entre as quais 280 estudantes de
um liceu.
Centenas de milhares de pessoas acompanharam Francisco e mostraram
o seu entusiasmo pela presença do Papa, que repetiu vários sinais de proximidade,
em particular junto de crianças e doentes. A viagem incluiu a passagem por um centro
de recuperação para pessoas com deficiência na localidade coreana de Kkottongnae,
onde depois Francisco parou em oração junto de um monumento dedicado às vítimas do
aborto.
No referido encontro com os Bispos asiáticos o Papa desenvolveu uma
reflexão particularmente centrada na Coreia, onde os católicos são 10,7% da população
(na Ásia a percentagem é de 3,2%), o Papa advertiu que o anúncio da mensagem cristã
apresenta “alguns desafios especiais” numa sociedade “próspera mas cada vez mais secularizada
e materialista”. Na primeira Missa pública da viagem, na solenidade da Assunção, num
estádio de Daejeon completamente lotado, deixou alertas contra o “cancro” do desespero,
modelos económicos “desumanos” e o que Francisco denominou como “cultura da morte”.
(15 de agosto é feriado nacional na Coreia, festa da libertação).
A VI Jornada
da Juventude Asiática, motivo oficial desta viagem, juntou o Papa e milhares de participantes
de 23 países, com uma mensagem de esperança no futuro da Igreja e na participação
dos jovens numa nova sociedade. “O continente asiático, permeado de ricas tradições
filosóficas e religiosas, continua a ser uma grande fronteira que espera o vosso testemunho
de Cristo”, disse Francisco, ao encerrar esta iniciativa, ontem, domingo.