Cidade do Vaticano (RV) – “Queridos
amigos! Para mim é uma grande alegria vir à Coreia, a ‘terra do calmo amanhecer’,
e experimentar não só a beleza natural do país, mas também e, sobretudo, a beleza
do seu povo e da sua riqueza histórica e cultural”: com essas palavras o Papa Francisco
iniciou a sua visita à Coréia do Sul na manhã de quinta-feira, falando às autoridades
governamentais e aos representantes do Corpo Diplomático, no Palácio Presidencial
de Seul. A tão esperada viagem, aguardada por 25 anos, depois da última visita de
João Paulo II, hoje São João Paulo, foi precedida como já se tornou habitual para
Francisco, com a visita à Basílica de Nossa Senhora Maior, na manhã de quarta-feira
onde depositou flores no altar diante do ícone de Maria Salus Popoli Romani. O Papa
rezou ali de forma estritamente privada, sozinho e em silêncio, por cerca 20 minutos.
Podemos intuir que o Papa mais uma vez colocou nas mãos da Mãe de Deus os frutos dessa
sua peregrinação que o leva a confirmar na fé, um povo que tanto sofreu por causa
de sua pertença a Cristo, mas também os anseios e desejos de um povo dividido por
causa de uma guerra. Certamente o pensamento também se dirigiu a todo o continente
asiático e àqueles povos que padecem hoje o horror da guerra. Francisco é o segundo
Pontífice a visitar a Coreia do Sul, mas esta é a terceira viagem de um papa ao país,
já que João Paulo II visitou a Coreia em duas ocasiões. A primeira vez foi em 1984
e a segunda em 1989. O primeiro Papa da era moderna a visitar o continente asiático,
por sua vez, foi Paulo VI, quando, em 1970, fez uma visita ao Irã, Paquistão e Filipinas,
além de Samoa Ocidental. A importância da viagem Apostólica Internacional de Francisco
– a terceira do seu Pontificado -, está presente nos motivos que levam o Sucessor
de Pedro a esta parte do mundo: um deles é o fato de que o Papa Francisco, pela primeira
vez, visita o Extremo Oriente, uma região do mundo que adquire uma relevância cada
vez mais acentuada na política e na economia mundial. O Pontífice está ali para se
dirigir a todo o continente, não só à Coreia. Certamente, a viagem é à Coréia, mas
tem como destinatários todos os países do continente, precisamente graças à celebração
da Jornada da juventude asiática, que se realiza em Daejon e da qual participam representantes
dos jovens de 23 países. Também se evidencia o olhar para o futuro: sim, porque a
juventude representa o porvir, e Francisco se dirigiu no encontro com os jovens ao
futuro deste continente, ao futuro da Ásia. A viagem do Papa Francisco, com os
muitos eventos programados – são 11 discursos –, a beatificação de Paul Yun Ji-Chung
e dos seus 123 companheiros mártires e a mensagem de reconciliação traz grandes perspectivas:
“A Igreja na Ásia é uma promessa” disse Francisco, bem consciente de que no país se
está assistindo, durante os últimos anos, a um crescimento do cristianismo e da participação
na vida da Igreja como não se via há muito tempo em outros continentes e países. Desde
que a religião cristã foi levada a este país por um grupo de intelectuais leigos e
se foi enraizando, durante séculos, sem um clero, sobrevivendo a graves perseguições,
o catolicismo coreano ainda tem as marcas de um desenvolvimento original e, sem sombra
de dúvidas, vivo. A viagem do Papa reforça então as consciências e ilumina os
corações e as mentes dos coreanos, nesta terra onde a questão dos leigos afunda as
raízes nas suas origens. De fato, os leigos foram os verdadeiros protagonistas da
história desta Igreja, mas, como afirma a Igreja local, é necessário que este seu
ser protagonistas continue e se perpetue com o tempo. A viagem de Francisco é uma
viagem a 360 graus: de confirmação da fé e de esperança pelo futuro; constatação,
mais do que óbvia de que a península, ainda atingida por muitas tensões, precisa de
paz e de reconciliação. Francisco está ali para recordar a todos qual é a estrada
para o futuro, uma estrada que passa pelo diálogo e pelos valores de um cristianismo,
mais do que nunca enraizado na história deste povo. (Silvonei José)