2014-08-15 16:46:24

Cardeal Filoni entre os deslocados no Iraque: pedem apoio internacional


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O cardeal Fernando Filoni, enviado do Papa Francisco a levar a sua proximidade e a solidariedade concreta às vítimas da violência no Iraque, chegou a Erbil, no Curdistão iraquiano, aí foi possível abraçar os tantos deslocados que tiveram que deixar as próprias casas na Planura de Nínive por causa da violenta ofensiva dos jihadistas do chamado Estado Islâmico. Escutamos o testemunho do cardeal Fernando Filoni, contactado telefonicamente em Erbil por Sérgio Centofanti:

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A primeira coisa que fiz hoje (14 de Agosto, ndr) foi ir ao encontro da casa do Bispo, onde, no jardim, dentro da igreja e noutros 23 lugares – também estão as escolas da igreja, estão as próprias igrejas onde encontraram refúgio muitos milhares de pessoas; e outras que conseguiram estabelecer-se em famílias que as acolheram. Isso, naturalmente, como primeiro empenho por parte da Igreja: o acolhimento; com efeito a gente vive de modo precário, a relento.
Felizmente, não faz frio, pelo contrario faz muito calor pelo que mesmo durante a noite a gente dorme fora; outros, porém, com crianças encontram abrigo em algumas grandes salas. Felizmente também aqui foi possível encontrar um pouco de ar condicionado, sobretudo onde há crianças. Ora, tenho impressão de que a organização esteja a caminhar bem. Já visitei alguns destes centros, alguns desses campos… Posso dizer que existe uma nova generosidade, que existe muito empenho, o mesmo que encontrei da parte do Governo do Curdistão e também esta manhã, falando com o presidente da região do Curdistão, o presidente Mas’ud Barzani. Muita disponibilidade por parte de todos, também muita gratidão para com o Santo Padre, pela sua atenção para com estes nossos refugiados, e também um empenho para ir ao encontro de algumas necessidades materiais: por exemplo, a situação dos estudantes que tiveram que perder as aulas e portanto também os exames; a situação mais urgente da família, e a necessidade da assistência médica, como também a distribuição dos géneros de primeira necessidade a todos. Alguns campos estão organizados de modo tal que funcionam cozinhas centrais; estão a ser terminados os balneários, estão a ser terminadas todas aquelas estruturas que são primárias e necessárias. E ainda dá-se também ajuda àqueles que estão nas famílias ou que têm a possibilidade de arrendar uma casa, sobretudo da parte daquelas famílias que acolhem outras famílias prófugas. Portanto, parece-me ser uma experiência interessante, esta que estou vivendo, com o entusiasmo e a generosidade de todos.

Vossa Excelência entregou também a ajuda do Papa …

Certamente: aos bispos entreguei a ajuda do Papa, à qual se juntam tantas outras generosidades que vejo que estão a chegar. Existe uma forte gratidão, não só por causa desse empenho material do Papa, mas sobretudo porque a sua voz interessou-se por esta difícil e terrível situação na qual se encontraram cerca de 160 mil pessoas dentre as quais cristãos e pertencentes a outras minorias divididas entre a zona de Erbil e também um pouco mais a norte.

Existe ainda muito medo entre esses refugiados, pelo avanço dos jihadistas?

Infelizmente, devemos dizer que a situação, também do ponto de vista militar, é ainda fluida. Isso, naturalmente, também por parte das autoridades que manifestam dificuldades em encontrar instrumentos para defender a própria terra, a sua gente. Desse ponto de vista pede-se ajuda à solidariedade internacional, não só do ponto de vista material, mas também através de pontes aéreas, etc., porque é claro que com tanta gente que deve ser assistida, também as reservas acabam; mas também do ponto de vista político e militar: as autoridades são muito sensíveis em pedir ajuda internacional, porque, obviamente, o Curdistão não consegue fazer frente a todas essas necessidades. Todavia, senti também o empenho político por parte do presidente Barzani: eles vão defender até ao fim a sua terra e com ela também todos os cristãos e as minorias que ali vivem.

Pessoalmente, como é que foi acolhido?

Fui acolhido muito bem e com muito entusiasmo, com muita simpatia por parte da gente. Obviamente, juntamente à dimensão material existe a dimensão psicológica: a gente que fugiu das casas, desenraizada dos seus usos, da sua cultura, do seu ambiente … E, portanto, sentem também um pouco essa necessidade espiritual de ser apoiados, seja do ponto de vista espiritual, seja psicológico. O futuro, naturalmente, permanece incerto: “O que é que será de nós”? Portanto, nós esperamos, com o contributo e a ajuda de todos, fazer com que um dia esta gente possa voltar às suas casas.











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