2014-08-15 19:03:42

Card. Bagnasco: Iraque, genocídio religioso mas mundo indiferente


A oração pelos cristãos perseguidos une todos italianos católicos no dia15 de agosto, solenidade da Assunção. É unânime a resposta das dioceses de toda a Itália, que aderiram à iniciativa "Nós não podemos permanecer calados", organizada pela Conferência Episcopal Italiana para colocar no centro das atenções as brutais perseguições, especialmente às comunidades cristãs, mas não só, no Iraque e no Médio Oriente. Do espírito e finalidade deste dia de oração nos fala o Presidente da CEI, Cardeal Angelo Bagnasco, entrevistado pela Rádio Vaticano (Marco Guerra):
O primeiro ato de caridade é a oração, porquanto com ela chegamos aos que sofrem, os necessitados, antes de tudo através do coração e da força de Cristo; e, juntamente com isto, que é um ato coral da Igreja italiana - em todas as paróquias se rezará precisamente pelos perseguidos por causa da sua religião - existe também uma disponibilidade, que foi declarada oficialmente, para que as nossas comunidades possam, em caso de necessidade, acolher temporariamente aqueles que acharem que têm que abandonar a sua terra, mesmo para fugir desta feroz perseguição religiosa. Tudo isto será realizado através da Secretaria de Estado do Vaticano e através da Nunciatura Apostólica em Bagdad, de modo que eles nos possam assinalar as pessoas, as famílias, os núcleos, que sentem esta necessidade e têm este desejo.
O Papa lançou muitos apelos e escreveu uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas …
A palavra do papa é uma palavra fundamental, evidentemente, para chamar a atenção não apenas da Igreja Católica, mas de todos os cristãos e da humanidade inteira. Portanto, a sua referência aos organismos supremos, do ponto de vista organizacional, social, cultural e político, como o Conselho de Segurança é, obviamente, um fato, um gesto que recorda, que dá todo o peso à tragédia que se está a desenrolar, ao genocídio religioso que está tendo lugar sob os olhos - parece-me - tépidos do mundo, especialmente do mundo ocidental. Também os Bispos Presidentes das Conferências episcopais dos países europeus seguiram este gesto do Santo Padre e mandámos uma petição muito clara ao Conselho de Segurança e às autoridades de Bruxelas, na mesma direção, para que se levante unânime a voz da condenação deste genocídio religioso e possam ser postas em prática medidas adequadas, atempadas, claras, para pôr fim a esta perseguição religiosa. Esperamos que de todas as partes e todas as instituições políticas, culturais e religiosas se faça uma única voz de condenação explícita, forte, alta, e de distanciamento desta feroz perseguição, que é uma vergonha para toda a humanidade. Se alguém condena este fato deve dizê-lo claramente diante do mundo, porque assim se enfraquece esta parte, estas minorias que são fanáticas e totalmente intolerantes.
Quanto é importante o testemunho dos que sofrem pela própria fé?
É fundamental, porque sobretudo para nós ocidentais é necessário redescobrir, como nos ensina o Papa continuamente, o dom da fé, a graça da fé recebida e não nos envergonharmos dela. A Europa se tem envergonhado, se está a envergonhar das suas próprias raízes cristãs, negando-as, de fato, ou não fazendo delas nenhuma menção, e isto não é um bom sinal. Absolutamente não. É um sinal muito mau, porque é uma cultura, um país, um continente sem rosto, sem raízes. E quando estamos sem rosto, ficamos também sem palavras e incapazes de dialogar com todas as outras culturas, países e rostos e isto abre as portas para qualquer compromisso. Portanto, o testemunho dos mártires é uma poderosa recordação do dom da fé, para sermos gratos e para sermos chamados ao mesmo tempo à necessidade de coragem, do testemunho. Se não tivéssemos a coragem do testemunho, mesmo com o sacrifício e, eventualmente, com o dom da vida - se fosse o caso - nós realmente deveríamos repensar a nossa fé: se ela é tépida ou se é verdadeira.








All the contents on this site are copyrighted ©.