Muçulmanos condenam violência contra minorias no Oriente Médio. "Sem isto iremos para
o abismo", diz Card. Tauran
Cidade do Vaticano (RV) – Após a publicação da mensagem do Pontifício Conselho
para o Diálogo Inter-religioso sobre o dever, em particular dos líderes muçulmano,
de condenar as atrocidades perpetradas pelos jihadistas do Estado Islâmico, diversas
autoridades islâmicas, entre as quais o Grão Mufti do Egito, Shawqi Allam, responderam
positivamente ao apelo.
Mas sobre a mensagem, ouçamos o que disse o Presidente
do dicastério vaticano, Cardeal Jean Louis Tauran:
“Diante de tanta barbárie,
de tantos fatos que vimos nos jornais e na televisão, não podemos dizer que não sabíamos.
Portanto, não se pode calar. Esta mensagem tem como objetivo despertar a opinião pública,
mas também os líderes religiosos, sobretudo os líderes muçulmanos que têm o dever
de praticar a compaixão, a compreensão e a solidariedade, de outra forma caminharemos
para o abismo. É verdade, que em meio a esta quadro assim obscuro, existem também
belíssimos episódios de solidariedade, como famílias muçulmanas que acolheram os refugiados
cristãos, tratando-os como membros da família. Estas coisas são bonitas. Mas devemos
estar muito atentos a não nos habituar a estas situações que são indignas para o homem”.
De
fato, líderes e organizações islâmicas da França, Itália e Egito condenaram os crimes
cometidos contra os cristãos e outras minorias religiosas no Iraque e em outras áreas
do Oriente Médio.
O Grão Mufti Shawqi Allam, uma das máximas autoridades religiosas
egípcias, ao referir-se aos milicianos fundamentalistas chamou-os de “grupo extremista
e sanguinário” que viola “todos os princípios do Islã” e “constitui um perigo para
o Islã e para os muçulmanos”, pois “ofusca a sua imagem” através “do derramamento
de sangue” e “da difusão da corrupção”.
Clara e pormenorizada a condenação
da União de comunidades e organizações islâmicas na Itália (UCOII): “Quando uma força
que afixa insígnias islâmicas, viola todas as regras da Sharia e morais do conflito,
nenhuma referência religiosa poderá ser proposta para justificar ou apoiar” tais comportamentos.
Segundo a organização, o “respeito e a proteção do Povo do Livro (os cristãos
e os judeus) e, em geral, de todas as populações que vivem num país ou território
governado pelos muçulmanos é um dever iniludível de qualquer poder que se inspire
no Islã”. Portanto, a condenação dos milicianos é peremptória: “Trata-se de forças
mercenárias, em grande parte extra-iraquianas, que atualmente são muito contrastadas
no território por forças islâmicas nacionalistas e pelos peshmerga curdos”.
A
nota recorda neste sentido que “os muçulmanos iraquianos contrastam estas aberrações
e estão na primeira linha na defesa e proteção dos cristãos não só militarmente: dezesseis
ulemas (doutores de ciências religiosas) muçulmanos sunitas, que pertencem a confrarias
sufis de Mosul, foram assassinados no mês passado por terem defendido os cristãos
da cidade. Entre eles – destaca ainda a UCOII – o Imame da Grande Mesquita da cidade,
Muhammad al-Mansuri, e o da Mesquita do Profetas Jonas, Abdel-Salam Muhamma”. (JE)