Card. Filoni está em Irbil, em meio aos refugiados
Irbil (RV) – O Enviado Pessoal do Papa Francisco ao Iraque, Cardeal Fernando
Filoni, está em Irbil, no Curdistão iraquiano, para levar a proximidade e a solidariedade
concreta do Santo Padre às vítimas das violências no Iraque. Ali ele pode pode abraçar
os tantos refugiados que foram obrigados a abandonar suas casas na Planície de Nínive
pelos jihadistas do Estado Islâmico. Eis o que ele contou, por telefone, à Rádio Vaticano:
Card.
Filoni:”A primeira coisa que fiz hoje foi ir à casa do bispo, em cujo jardim,
assim como dentro da igreja e em outros 23 locais – que são as escolas da igreja e
as próprias igrejas – milhares de pessoas encontraram refúgio. As que puderam, ficaram
em casas de famílias que as acolheram. Isto, naturalmente, como primeiro compromisso
por parte da Igreja: a acolhida. As pessoas estão vivendo ao ar livre, de forma precária.
E também, como faz muito calor, de noite as pessoas acabam também dormindo ao ar livre.
Por sorte, não faz frio, pelo contrário, faz muito calor. Outras famílias, com crianças,
encontram lugar em alguma grande sala. Por sorte, também aqui é possível encontrar
um pouco de ar condicionado, sobretudo onde existem crianças. Agora, me parece que
a organização está andando bem. Eu já visitei alguns destes centros, alguns destes
campos ... Posso dizer que existe muita generosidade, existe muito empenho. O mesmo
que eu encontrei por parte do governo do Curdistão e também, nesta manhã mesmo, falando
com o presidente da região do Curdistão, o Presidente Mas’ ud Barzani. Por parte de
todos, existe muita disponibilidade, muita gratidão também em relação ao Santo Padre
pela sua atenção pelos nossos refugiados e um compromisso também de ir de encontro
a algumas necessidades materiais: por exemplo, a situação dos estudantes que tiveram
que interromper a escola e por consequencia, também os exames; a situação mais urgente
das famílias, também com a necessidade de assistência médica, assim como a distribuição
dos gêneros de primeira necessidade a todos. Alguns campos são organizados de forma
tal quem funcionam com uma cozinha central; estão sendo ultimados banheiros, estão
sendo aprontadas estruturas que são primárias e necessárias. E depois, se ajuda também
aqueles que estão nas famílias ou que têm a possibilidade de alugar uma casa, sobretudo
por parte daquelas famílias que acolhem outras famílias de refugiados. Portanto, me
parece uma experiência interessante, esta que estou vivendo, também com entusiasmo
e a generosidade de todos”.
RV: O senhor entregou também a ajuda
do Papa...
Card. Filoni: “Sem dúvida: aos bispos entreguei a ajuda
do Papa e a ela serão somadas outras tantas generosidades que estão chegando. Mas
existe uma forte gratidão não somente por este compromisso material do Papa, mas sobretudo
porque a sua voz chamou a atenção para esta dificilíssima, terrível situação em que
se encontram cerca de 160 mil pessoas entre cristãos e pertencentes a outras minorias,
divididas entre as zona de Irbil e após, um pouco mais ao norte”.
RV:
Existe ainda tanto medo entre estes refugiados pelo avanço dos jihaditas?
Card.
Filoni: “Infelizmente, é necessário dizer que a situação, mesmo de um ponto
de vista militar, é ainda fluida. Isto, naturalmente, do lado também das autoridades
que manifestam a dificuldade de ter os instrumentos necessários para defender a própria
terra, o próprio povo. Deste ponto de vista se pede ajuda à solidariedade internacional,
não somente do ponto de vista material, através pontes aéreas e assim por diante,
porque é claro que com tantas pessoas a serem assistidas, também as provisões se esgotam;
mas também de um ponto de vista político e militar: as autoridades são muito sensíveis
em pedir ajuda internacional, porque obviamente o Curdistão não consegue sozinho fazer
frente a estas necessidades. Todavia, vi também o empenho político por parte do Presidente
Barzani: eles defenderão até o fim a sua terra e com ela também todos os cristão e
as minorias que ali vivem”.
RV: Como o senhor se sentiu acolhido?
Cardeal
Filoni: “Eu fui acolhido muito bem e com muito entusiasmo, com muita simpatia
por parte das pessoas. Obviamente, junto à dimensão material, existe aquela dimensão
psicológica: as pessoas que tiveram que abandonar suas casas, tiradas de sua rotina,
da sua cultura, de seu ambiente... E portanto, sentem também um pouco esta necessidade
espiritual de serem apoiadas do ponto de vista espiritual e mesmo psicológico. O futuro,
naturalmente, permanece incerto: “O que será de nós?”. Assim, nós esperamos, com a
contribuição e a ajuda de todos, de fazer sim, que um dia, estas pessoas possam voltar
para suas casas”. (JE)