2014-08-14 14:48:29

A Coreia que o Papa está encontrando: desafios e esperanças


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, nosso espaço de formação de hoje volta seu olhar para a III Viagem Apostólica Internacional do Papa Francisco, nestas horas em terras coreanas.

Vale lembrar que são três os temas centrais que cadenciam esta visita do Papa à Coréia: a Jornada Asiática da Juventude, que reunirá cerca de 6 mil jovens representando 23 países asiáticos; a Beatificação de 124 mártires coreanos, fundadores da Igreja na Coreia; e a reconciliação e a paz numa Península dividida entre Norte e Sul.

Tendo chegado nesta quinta-feira à Coreia do Sul, o Santo Padre está encontrando uma comunidade católica ativa, com uma considerável influência social e política que supera sua condição de minoria.

Embora sendo minoritários, os católicos são o grupo que cresce mais rapidamente, com cerca de 5,4 milhões de membros, representando pouco mais de 10% da população.

A Coreia do Sul viveu no último meio século "um desenvolvimento impressionante do ponto de vista econômico, político e religioso. Deu passos inacreditáveis, mas agora precisa parar um pouco e refletir sobre sua maturidade também como Igreja Católica".

"E o Papa nos ajudará nesse processo, estimulando-nos a transformar o crescimento mecânico numa relação mais humana em todos os campos": essas são algumas ponderações do presidente dos bispos coreanos, Dom Peter Kang U-il (feitas em 1º de julho passado).

Voltando nosso olhar para a realidade histórica, política e social da Coréia do Sul em nossos tempos, propomos, neste espaço, de modo bastante sintético, um quadro traçado por Dom U-il que nos ilustra bem a realidade que o Papa está encontrando ao visitar este importante país do continente asiático, e aquilo que os coreanos esperam desta visita de Francisco.

"Uma das maiores expectativas de todos é que o Papa possa abrir um novo momento, uma nova fase em prol da reconciliação e da unidade entre as duas Coréias, do Norte e do Sul. Vivemos sempre, nos últimos 64 anos, com apreensão e sob a perene ameaça de guerra. Alguém disse que a era da Guerra Fria global acabou com o esfacelamento da União Soviética, mas na Península coreana somos obrigados a viver ainda sob aquela tensão da Guerra Fria. Inúmeras famílias encontram-se divididas pela Zona desmilitarizada, cujas pessoas há mais de meio século não conseguem se encontrar novamente desde separação. Nosso maior sonho é a paz, mas somente o Senhor poderá remover os obstáculos e as barreiras existentes entre o Norte e o Sul. Somente a esse ponto veremos Sua paz realizar-se verdadeiramente. Nós, como coreanos, sinceramente esperamos que o Papa Francisco possa abrir uma nova era de reconciliação e diálogo, lançando sua mensagem de paz no nordeste da Ásia. Isso poderá certamente contribuir muito para a paz em nosso planeta."

Falando, ainda, sobre as necessidades da sociedade e da Igreja coreana, Dom U-il ressalta que "se costuma dizer que os sul-coreanos tiveram nos últimos 50 anos um desenvolvimento tão rápido que as outras nações precisariam de ao menos 100 anos para crescer igualmente. Estima-se que no último meio século os coreanos tenham alcançado mudanças realmente rápidas no campo da indústria, da democracia e também da evangelização. Todavia, no processo que levou a esse rápido progresso passamos por várias reações contrárias, que ainda produzem sofrimentos e protestos entre a população. Em campo político vivemos ainda um confronto muito duro entre conservadores e liberais. Em campo econômico, embora a nação tenha alcançado êxitos enormes (como o PIB demonstra), o abismo entre os muito ricos e as massas de muito pobres tornou-se quase insuperável. No campo da evangelização, a Igreja obteve grandes êxitos do ponto de vista das conversões. No último meio século a população católica passou de 500 mil para quase 5 milhões e meio. Mas hoje começamos a nos questionar sobre a qualidade da evangelização".

Referindo-se ao valor missionário da visita do Papa Francisco, o presidente dos bispos coreanos diz crer "que o Papa queira visitar esta nação porque aqui vivemos todos os dias no perigo permanente de uma guerra e porque nesta península se acirram as tensões das potências globais, movidas pelos próprios interesses e pelo desejo de hegemonia na região. Esperamos que o Papa provoque uma verdadeira oportunidade de mitigar o confronto hostil, abrindo o caminho para a paz. E rezamos para que possa estimular a sociedade coreana a alcançar uma verdadeira maturidade humana em todos os níveis". (RL)







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