2014-08-13 11:28:17

Que Coreia o Papa encontra? Os esforços da Igreja Católica na terra dividida


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Cidade do Vaticano (RV) - Depois de 25 anos, um Papa visita a Coreia. Qual a atuação da
Igreja Católica no país e como é o seu engajamento social, pastoral e espiritual junto aos fiéis? Que país o Papa vai encontrar? Ouça, clicando acima.

Apesar do fim da Guerra Fria, o muro que corre entre as duas Coreias ao longo do paralelo 38 e que separa cerca de 70 milhões de coreanos resiste. Nenhuma fronteira no mundo é militarmente tão bem equipada. Toda a história da península coreana é uma história de confronto político e militar. Em 15 de agosto de 1948 nasceu a República da Coreia do Sul, e logo depois, em 9 de setembro, foi proclamada a República Popular Democrática da Coreia do Norte, sob a liderança de Kim Il-Sung.

A divisão forçada do país, que refletia os dois blocos existentes no mundo na época, tornou-se o terreno de conflitos armados para novo equilíbrio internacional. Em maio de 1950, a Coreia do Sul foi invadida pelo exército do Norte. O conflito logo se tornou uma guerra geral: os Estados Unidos desceram imediatamente em campo, respondendo a uma resolução da ONU que pedia ajuda para o Sul. Em julho de 1953, um armistício sancionou a divisão do país ao longo do 38º paralelo. No fim da guerra, os mortos eram cerca de 400 mil sul-coreanos, 55.000 estadunidenses e talvez um milhão de mortos e feridos da Coreia do Norte e China.

Ver o Norte e Sul unidos é uma esperança que as autoridades eclesiásticas compartilham com todos os coreanos. “Sem uma pátria eu não existo”, diz a frase inscrita na pedra de mármore tocada por milhares de turistas estrangeiros, diariamente, no “Muro de Berlim asiático”. Entretanto, a zona desmilitarizada que divide as duas Coréias nos arredores do 38º paralelo é para os coreanos uma ferida aberta que fala de morte e desespero, da separação de um povo pertencente a uma só nação. “Um muro que para a Igreja nunca existiu, e que uma vez derrubado, estaremos lá para fazer a nossa parte, como sempre fizemos”, diz Padre Eun Lee Hyung da Diocese de Ui jeong bu, na fronteira.

Mas o desejo de reunificação na península coreana aumenta, e a visita do Papa Francisco, para os dois povos divididos, é uma oportunidade extraordinária, apesar da presença de duas ideologias opostas e diferentes influências internacionais.

A reunificação é uma das missões mais importantes da Igreja local, que trabalha na linha de frente de um programa de ajuda graças a uma comissão especial para a reconciliação.

Padre Timothy Lee-Eun-Hyung, membro da Comissão, na diocese mais perto da Zona Desmilitarizada, diz que “a Comissão tem vários objetivos, e o mais importante é a evangelização da Coréia do Norte, uma vez que não existe liberdade de religião. Antes de tudo, porém, tentamos trocar notícias do que está acontecendo na Coreia do Sul e na Coreia do Norte e expressar o amor que sentimos. Outra coisa que fazemos é ajudar as pessoas que fogem da Coreia do Norte e chegam aqui em péssimas condições. Nós as ajudamos a se estabelecer aqui, na Coreia do Sul”.

E os planos para o futuro? De acordo com o padre, um projeto muito importante - e que continuará para sempre - é prosseguir com a oração comum: “Nós rezamos juntos. Temos, por exemplo, algumas igrejas perto da Zona Desmilitarizada, onde toda quarta-feira nos reunimos para orar pelas pessoas e para a Coreia do Norte.

Primeiros sinais de desgelo: em maio, o arcebispo de Seul atravessou o confim. O Card. Andrew Yeom Soo-jung pisou na Coréia do Norte para uma breve visita à região industrial de Kaesong, uma área em que, segundo um acordo entre os dois países, existem empresas e indústrias em que trabalham com cidadãos de Norte e Coréia do Sul. Na viagem, o Cardeal Yeom, que também é o Administrador Apostólico de Piongueangue, visitou o complexo, um símbolo da cooperação entre o Norte e o Sul e deixou aos trabalhadores uma mensagem de encorajamento e esperança. A zona industrial de Kaesong é o mais recente projeto de aproximação transfronteiriça entre as duas Coreias, que tecnicamente, após o armistício assinado em 1953, ainda estão em um estado de guerra.

Uma curiosidade: de acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Hyundai, se a fronteira das duas Coréias fosse cancelada até o final de 2015 e a península se tornasse um único Estado, surgiria uma superpotência; a oitava maior economia do mundo até 2050, ultrapassando gigantes como a Alemanha e a Grã-Bretanha, e com uma renda per capita maior que a do Japão.

Atualmente, a Coreia do Sul tem a 11ª maior economia do mundo.
(CM)







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