Papa dirige-se a todo o continente asiático e a todos os seus jovens: Cardeal Parolin
sobre viagem do Papa
A propósito desta
viagem apostólica e sobretudo do encontro com os jovens, o Centro Televisivo do Vaticano
entrevistou o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin:
"Diria que
a importância desta viagem está ligada essencialmente a três fatores: o primeiro é
que o Papa, pela primeira vez, vai ao Extremo Oriente, uma região do mundo que adquire
uma relevância cada vez maior na política e na economia mundial. O Papa irá para dirigir-se
a todo o continente asiático, não somente à Coreia. É claro, a viagem é à Coreia,
porém, tem como destinatários todos os países do continente, graças justamente a esta
celebração da Jornada Asiática da Juventude, que se realizará na Coreia e da qual
participarão representantes dos jovens dos países vizinhos. O terceiro aspecto é o
do futuro, a juventude representa o futuro. Portanto, o Papa se dirige ao futuro deste
continente, se dirige ao futuro da Ásia."
- - O coração da viagem
será o encontro do Papa com os jovens da Ásia, que muitas vezes, numa sociedade por
demais competitiva, se distanciam da Igreja buscando o sucesso na formação escolar.
Qual a mensagem que o Papa levará a esses jovens?
"Creio que a mensagem
que o Papa levará a estes jovens é que eles devem se tornar protagonistas da vida
da Igreja. Isso significa uma presença ativa, partícipe, feita de colaboração e de
co-responsabilidade. A Igreja precisa dos jovens, nos recordava São João Paulo II,
nos recorda o Papa Francisco. Portanto, ser protagonista dentro da Igreja e protagonista
também na missão. Este é o chamado fundamental, os jovens devem se tornar evangelizadores
de seus coetâneos. Portanto, estamos sempre na linha da evangelização, e essa é a
mensagem que o Papa levará, além, naturalmente, da insistência a não deixar-se levar
pelos valores efémeros de nossas sociedades e do nosso mundo, e de encontrar em Jesus
a verdadeira resposta a suas interrogações e inquietações."
- Qual
é o testemunho que os mártires coreanos que o Papa beatificará em Seul pode dar às
jovens gerações de católicos asiáticos?
"Este é outro motivo pelo qual
o Papa vai à Coreia: para a beatificação dos 124 mártires coreanos. Deve-se ressaltar
o fato que dentro deste grupo há somente um sacerdote, todos os outros são leigos,
que exerciam as mais variadas e diferentes profissões, das mais humildes às profissões
mais elevadas na escala social, e isso nos reconduz a uma das características da Igreja
coreana, ou seja, o fato que é uma Igreja nascida do testemunho e do compromisso dos
leigos, que souberam conservar e transmitir a fé. Creio que essa é a mensagem fundamental,
isto é, que na Igreja todos são chamados a colaborar na missão de anunciar o Evangelho
e todos somos chamados à santidade, uma santidade que se pode manifestar de várias
formas, mas que deve caracterizar o compromisso de cada um."
- O Papa
concluirá sua viagem à Coreia – que os bispos definem como sendo "a última vítima
da guerra fria" – com uma missa pela paz e a reconciliação. Esta viagem poderá abrir
novos canais de diálogo entre os líderes das duas Coreias e dar esperança aos católicos
da Coreia do Norte?
"Essa sempre foi a grande esperança da Santa
Sé, que se empenhou também concretamente nesta direção. É uma constatação mais do
que óbvia de que a península é ainda atingida por muitas tensões e de que a península
precisa de paz e de reconciliação. Creio que a viagem do Papa ajudará também neste
sentido, no sentido de continuar nessa obra de solidariedade – em prol das populações
que se encontram necessitadas – e de favorecer, na medida do possível, aberturas de
espaços de comunicação e de diálogo, porque creio, e é uma convicção que o Papa reiterou
várias vezes, que somente através deste diálogo se podem também resolver os problemas
que ainda existem, e que, se houver boa vontade por parte de todos, canais se encontram
sempre."