Fátima (RV) – “A Igreja e a sociedade devem valorizar sempre a contribuição
dos emigrantes, convidando ao acolhimento positivo dos novos surtos migratórios”,
disse terça-feira, 12, o bispo do Porto, em homilia na missa da vigília da peregrinação
ao Santuário da Cova da Iria. Dom António Francisco dos Santos disse que “o Evangelho
de hoje nos convida a olhar com o olhar de Deus o íntimo das pessoas e a ir ao encontro
das novas periferias existenciais e sociais, habitadas por novos surtos de emigrantes
que batem às portas, tantas vezes fechadas, da Europa e do mundo”.
O bispo
disse ainda que a história do mundo “nunca se fará à margem da emigração e sem os
emigrantes”: “A Igreja tem também esta missão: lembrar ao mundo e a cada povo que
trazemos em nós as marcas de povos estrangeiros e transportamos conosco as dores e
os valores, as lágrimas e os êxitos, os testemunhos de vida e de trabalho e a memória
da coragem e da fé dos emigrantes”, assinalou.
Perante milhares de pessoas
reunidas debaixo de chuva, o Dom António convidou a rezar pelos cristãos perseguidos
do Iraque, da Nigéria e da Índia: “Queremos e devemos rezar com acrescida comunhão
pela Palestina, pela Síria, pela Ucrânia e Israel e por todos os países e povos onde
a paz demora tanto a chegar”, acrescentou.
O bispo do Porto defendeu que na
Igreja Católica “não pode haver estrangeiros” e que todos são chamados a cumprir a
sua missão “a favor dos pobres, dos estrangeiros, dos exilados, dos refugiados, das
vítimas de tráfico humano”.
“A exemplo do samaritano do Evangelho, devemos,
também nós, ser acolhedores, hospitaleiros e cuidadores dos que vivem perto e dos
que vêm de longe. Atentos aos vizinhos e aos de fora”, prosseguiu.
Dom António
Francisco dos Santos, que foi pároco da comunidade portuguesa de São João Batista,
em Neuilly-sur-Seine (França), entre 1974 e 1978, recordou a sua experiência como
“filho e neto de emigrantes” no Brasil, onde morreu o seu pai.
“Há horas na
vida de emigração em que só Deus nos pode ajudar e em que só Deus nos basta! Há momentos
na vida dos pobres em que mesmo aqueles que pensam estar a ajudar ofendem! Compreendemos,
por isso, que sejam os pobres aqueles que mais recorrem a Deus e mais precisam encontrar
verdadeiros irmãos”, declarou.
O prelado elogiou o percurso de vida dos emigrantes
“na procura de uma vida digna e de um trabalho honesto” e a sua capacidade de “valorizar
os lugares de serenidade e de tranquilidade”, como Fátima.
“O Santuário de
Fátima tem sido, ao longo destes 97 anos, escola do Evangelho, onde se aprende a hospitalidade,
onde se vive a fraternidade, onde se experimenta a proximidade da fé, onde se afirma
a força de Deus que anima tantas vidas, ajuda tantas famílias, alivia tantas dores
e acalenta tantos sonhos”, precisou.
Dom António Francisco dos Santos concluiu
com novo pedido de oração, “pelos vivem longe da paz e da pátria, pelos que procuram
o bem e a justiça e pelos que anseiam pela liberdade e pela fraternidade”, antes de
recordar a próxima viagem do Papa Francisco, que esta quarta-feira parte de Roma rumo
à Coreia do Sul. (Ecclesia-CM)